Em março de 1917, o que era para ser
uma grande manifestação em homenagem ao Dia Internacional da Mulher
converteu-se numa greve geral que, após alguns dias, provocou a renúncia do
Czar Nicolau e o fim da monarquia na Rússia.
Poucos meses depois, em novembro de
1917, o governo provisório republicano é derrubado. No seu lugar, instala-se o
Conselho de Comissários do Povo, organismo eleito pelo Soviete de Deputados
Operários, Soldados e Camponeses.
O principal dirigente do novo governo
chama-se Vladimir Ilich Ulianov, conhecido como Lênin, principal dirigente da
facção “bolchevique” do Partido Operário Social-Democrata Russo.
De 1917 até 1921, o novo governo luta
por sua sobrevivência, ameaçada pelos exércitos alemães, pelos exércitos
“brancos” (financiados pelos latifundiários e capitalistas) e pela
desorganização da economia, após anos de conflito militar.
Neste período, prevalece o chamado
“comunismo de guerra”, cuja expressão mais simples é a requisição forçada da
produção dos camponeses, para alimentar as cidades e o Exército Vermelho.
Como resultado, o campesinato, que
constituía a imensa maioria da população russa, reduz a produção e coloca-se
paulatinamente contra o governo soviético. Para manter a aliança
operário-camponesa e garantir o funcionamento da economia, o Partido Comunista
Russo (denominação assumida, em 1918, pelos bolcheviques) adota a NEP (Nova
Política Econômica).
Segundo esta Nova Política Econômica,
os camponeses passam a ter o direito de vender o excedente de sua produção,
devendo apenas pagar impostos ao governo. Acabam as requisições forçadas. Os
camponeses voltam a abastecer as cidades.
De 1921 até 1927, os comunistas russos
debatem os caminhos para a construção do socialismo naquele país.
Contra as expectativas alimentadas pela
liderança bolchevique quando da tomada do poder, em nenhum outro país a
revolução havia vencido. O isolamento internacional era agravado pelas
características da sociedade russa, economicamente atrasada e tida como um país
em que poderia ser mais fácil começar a revolução, mas onde seria muito mais
difícil construir o socialismo.
Entre as várias polêmicas daquele
período, uma das mais importantes dizia respeito a como ampliar a
industrialização do país, cuja economia era majoritariamente composta pela
pequena produção familiar camponesa.
Grosso modo, dois caminhos foram
propostos. O primeiro deles prevê um longo período de estímulo à pequena
produção camponesa, cujo crescimento econômico geraria as bases para uma
ampliação da indústria. O segundo deles prevê reduzir o número de pequenas
propriedades camponesas (que seriam reunidas em cooperativas ou fazendas
coletivas), gerando assim o mercado (tanto de mão-de-obra, quanto de consumo)
necessário para uma industrialização rápida.
No final dos anos 20, o Partido
Comunista Russo opta pelo caminho da coletivização e industrialização forçadas.
O campesinato é forçado a adotar formas coletivas de produção. Os operários são
convocados a um brutal esforço produtivo. A expressão política e ideológica
desse processo é um dos aspectos do que se convencionou chamar, posteriormente,
de estalinismo.
Dez anos depois, a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas transforma-se numa potência industrial, que se
demonstrará capaz de derrotar a máquina nazista, na Segunda Guerra Mundial.
A opção pela coletivização e pela
industrialização rápida foi, do ponto de vista econômico-social, uma nova
revolução. A principal transformação foi que milhões de pessoas deixaram de ser
pequenos proprietários e transformaram-se em operários (industriais ou
agrícolas).
A nova classe operária, surgida deste
processo, não tinha a experiência política prévia, adquirida ao longo de muitos
anos, pelo proletariado que protagonizou a revolução de 1917. Os novos
operários, bem como a maioria dos novos integrantes do Partido Comunista, eram
recém-saídos das fileiras do campesinato. Sua principal escola havia sido a
guerra, seu principal traço psicológico era a crença de que a vontade política
era capaz de superar qualquer desafio.
Nesse contexto social, o Partido
Comunista também sofre grandes mudanças. Em 1917, quando a revolução começa, os
bolcheviques eram menos de 15 mil. Em 1921, são mais de trezentos mil. No final
dos anos 1920, o PC russo e as organizações de massa que ele dirige reúnem
milhões de pessoas.
Em decorrência, o trabalho de educação
política ganha uma nova dimensão. As escolas, o cinema, a rádio, as artes
gráficas, a literatura são colocadas a serviço da formação destes milhões de
“homens novos” do socialismo soviético.
Trata-se de incutir, em dezenas de
milhões de pessoas, os valores da nova ordem. A fusão entre as “artes” e as
necessidades educacionais e políticas do regime soviético dá origem, assim, ao
chamado “realismo socialista”.
A decisiva contribuição dada na derrota
dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial transforma a URSS em um dos pólos
do poder mundial, contrapondo-se durante a “guerra fria” aos Estados Unidos.
Embora tenha sido capaz de derrotar o
capitalismo existente até a Segunda Guerra, o socialismo de tipo soviético não
foi capaz de derrotar o capitalismo surgido posteriormente. As tentativas de
reforma política e econômica não tiveram êxito e a última delas, realizada na
segunda metade dos anos 1980 sob a liderança de Mikail Gorbachev, resultou no
desmanche da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Quase três décadas passaram-se desde
então. A URSS não existe mais. A revolução russa vai comemorar 100 anos. Mais
que uma efeméride, a data é uma oportunidade para que a classe trabalhadora
conheça, estude e extraia, tanto da revolução quanto da trajetória do Estado
por ela criado, ensinamentos úteis para a luta pelo socialismo no século XXI.
Com este propósito, a Associação de
Estudos Página 13 – através da Editora, do jornal Página 13 e da revista Esquerda
Petista— promoverá um conjunto de atividades. E proporá, às demais forças
políticas e sociais de esquerda, a realização de grandes atividades conjuntas,
nacionais e internacionais, para marcar o centenário da revolução russa de
1917. Acompanhe pelo site www.pagina13.org.br as iniciativas propostas. E
lembre: cem anos não são nada!!!
OBS: A coletivização não foi forçada, foi acelerada e contou com a adesão, envolvimento e entusiasmo de milhares de operários e milhões de camponeses soviéticos, que, produziram, sob a liderança de Stálin, a maior obra de engenharia social da história!...
ResponderExcluirO papel nefasto de Trotsky foi totalmente ocultado aqui. Ele propôs exportar a revolução ou voltar ao que havia antes de 17. Foi derrotado interiormente, mas passou a pregar a sedição contra o governo. Foi exilado e degenerou em traidor do socialismo. Não foi stalinismo e sim leninismo. Não seja tolo.
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