Terceira versão do projeto de resolução sobre Diretrizes de Programa de Governo, que apresentaremos ao Encontro Nacional do PT, 2-4 de maio de 2014)
Este texto será inscrito no dia 5 de abril. Quem tiver emendas ao texto, envie imediatamente para pomar.valter@gmail.com
1. As eleições presidenciais de 2014 constituem o centro da tática do PT na atual conjuntura. Isto significa que a batalha em torno de quem ocupará a presidência da República no período 2015-2018 está no centro das preocupações e movimentações de todas as classes sociais e frações de classe, de todos os movimentos sociais e populares, de todos os meios de comunicação, governantes, parlamentares e partidos políticos. Como vem ocorrendo desde 1989, as eleições presidenciais cristalizam o estado da arte da luta de classes no Brasil.
2. O Partido dos Trabalhadores tem como objetivo vencer as eleições presidenciais de 2014. Ou seja: eleger a presidenta Dilma Rousseff para um segundo mandato presidencial. E queremos vencer criando as condições para um segundo mandato superior ao atual, ampliando a base de apoio do governo no Congresso, nos governos de estado e nos movimentos sociais.
3. Um segundo mandato Dilma superior ao atual é o desejo não apenas do PT, mas da maioria do povo brasileiro. Pesquisas recentes confirmam que a Presidenta Dilma é a preferida da maioria do eleitorado, parte importante do qual deseja mudanças no segundo mandato. Ou seja: parte importante do eleitorado e do povo brasileiro deseja que o segundo mandato Dilma “continue mudando” o Brasil.
4. O que significa, programaticamente, um segundo mandato superior ao primeiro? O que significa “continuar mudando” o Brasil? Responder a esta pergunta exige perceber que no Brasil e na América Latina, continua posta a tarefa de superar a herança perversa do neoliberalismo, nas suas três dimensões: o domínio imperial norte-americano, aditadura do capital financeiro e a lógica do Estado mínimo.
5. Superar estas três dimensões da herança maldita do neoliberalismo é uma tarefa simultaneamente nacional e regional, motivo pelo qual a primeira diretriz de nosso programa écombinar a defesa e o aprofundamento da soberania nacional, com uma política internacional ativa, cujo eixo é acelerar e radicalizar a integração latino-americana e caribenha.
6. Duas décadas perdidas (anos 1980 e 1990) produziram uma tragédia que começou a ser debelada, nas duas gestões do presidente Lula e na primeira gestão da presidenta Dilma. Mas para continuar democratizando o país, ampliando o bem-estar social e para trilhar um caminho democrático-popular de desenvolvimento, será necessário combinar políticas públicas universalizantes com reformas estruturais. Esta constitui a segunda diretriz de nosso programa.
7. Aos 50 anos do golpe militar de 1964, o Partido dos Trabalhadores deixa claro: trata-se de retomar o espírito das reformas de base.
6. No terreno da democracia, destacamos:
*convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva e específica, que faça uma reforma política, com as seguintes prioridades: fim do financiamento privado empresarial, para acabar com a influência do poder econômico nos processos eleitorais; afirmar o princípio da proporcionalidade direta (um cidadão, um voto) na composição da Câmara dos Deputados, para acabar com as distorções herdadas do Pacote de Abril de 1977; unicameralismo, com o fim do Senado; voto em lista, para fortalecer os partidos programáticos; paridade de gênero, para garantir que metade das casas legislativas seja composta por mulheres; simplificação dos mecanismos de convocação de consultas, referendos e plebiscitos populares; ampliação dos mecanismos de controle social, desde o orçamento participativo, passando pelas conferências setoriais, até institutos como a revogação de mandatos e eleição de juízes.
*aprovação da Lei da Mídia Democrática, para que se elimine o monopólio dos meios de comunicação e se cumpra o previsto na Constituição brasileira. Mudança nas regras comerciais do setor de Comunicação, desconcentrando as verbas publicitárias, estimulando a mídia democrática e independente e construindo uma forte rede pública de rádio e televisão;
*ampliação do orçamento das áreas de cultura e educação, compreendendo que é tarefa do governo contribuir para a formação de uma cultura democrático-popular de massas em nosso país e que isso exige a ampliação do investimento e da ação do setor público, em todos os níveis.
*efetivação e apoio às demarcações de terras, proteção à vida, e atendimento a outras reivindicações dos povos indígenas e dos quilombolas. Compromisso com a efetivação da Convenção 169 da OIT;
*reforma profunda do sistema de segurança pública, que promova a desmilitarização das polícias e supere os paradigmas da guerra às drogas e da doutrina de segurança nacional;
*ampliação do controle civil sobre as Forças Armadas, por meio do fortalecimento do Ministério da Defesa e extinção da Justiça Militar. Reforma curricular dos centros de formação militares;
*vinculação das conclusões da Comissão Nacional da Verdade à imediata revisão da Lei da Anistia, para que cesse a impunidade dos agentes da Ditadura Militar.
*fortalecimento das políticas de direitos humanos em defesa das mulheres, da juventude, das crianças, do idoso, das pessoas com deficiência e no combate ao racismo e a homofobia;
7. No terreno do bem-estar social, destacamos:
*redução da jornada de trabalho, para 40 horas semanais, sem redução de salários;
*eliminação do fator previdenciário;
*ampliação dos investimentos em saúde, adotando os 10% defendidos pelos movimentos sociais e especialistas, e enfrentamento dos problemas de gestão, na linha da proposta de “autarquia pública”;
*ampliação dos investimentos em educação, atingindo os 10% reivindicados pelos movimentos sociais e pelos especialistas na área, combinando isto com uma ampla mudança pedagógica e curricular, objetivando o ensino integral;
*ampliação dos investimentos na reforma urbana, com base no Estatuto das Cidades, enfatizando o tema do transporte público, saneamento básico e habitação;
8.Precisamos de um desenvolvimento centrado na ampliação do público e do social, da produção e do mercado interno de massas, de vultosos investimentos estatais em infraestrutura, políticas sociais e reformas estruturais (com destaque para as reformas agrária e urbana). É preciso ampliar o orçamento destas áreas, em detrimento dos encargos da dívida financeira.
* o Banco Central deve perseguir metas combinadas de inflação, crescimento e emprego, tendo como meta a redução das taxas de juros determinadas pelo Copom a patamares compatíveis com as metas de crescimento e emprego. A redução da relação dívida/PIB será buscada, não através de altas taxas de superávit primário, mas sim por intermédio do crescimento do Produto Interno Bruto.
* subsídios e isenções exclusivamente vinculados a contrapartidas sociais e ambientais.
* implementação da reforma agrária ampla, nenhum sem terra e nenhum latifúndio improdutivo, associando distribuição de terras, formação das vilas agro-industriais e o fomento do cooperativismo;
9. De acordo com estas diretrizes gerais, o Diretório Nacional do PT debaterá e aprovará um documento sobre Diretrizes de Programa de Governo (2015-2018), que será apresentado ao país e à coligação que apoia a reeleição da presidenta Dilma Roussef.
10. O Partido dos Trabalhadores tem consciência de que a Plataforma da Reeleição será fruto de uma negociação entre os diversos partidos e setores sociais que apoiam a candidatura Dilma Rousseff. Por isso mesmo, não podemos nos furtar a explicitar quais as posições programáticas do PT. Agindo desta forma, contribuímos para a elevação da Plataforma comum.
11.A objeção de que nossas diretrizes incluem medidas de natureza congressual, portanto inadequadas para uma campanha presidencial, respondemos antecipadamente: não tergiversem. Todo mundo sabe que a aprovação ou não de determinados temas no Congresso depende do empenho maior ou menor do governo. E o governo deve legitimar sua posição no processo eleitoral.
12.A objeção de que nossas diretrizes incluem medidas que supõem uma grande capacidade de mobilização e organização social, respondemos antecipadamente: isto se constrói desde já, a começar pela campanha eleitoral. Aliás, a Plataforma da Reeleição deve aprender com o caso do Mais Médicos, pois quando uma ação tem apoio popular, quando o governo e o partido estão articulados em sua defesa, quando existe uma real decisão de vencer, é possível dividir o inimigo e obter uma vitória.
13.Para que o segundo mandato Dilma seja superior ao primeiro, necessitamos de uma grande vitória em 2014, que se reflita na composição do futuro Congresso Nacional e em quem será eleito para governar os estados brasileiros. Para tal, necessitamos não apenas de uma campanha eleitoral, mas de um grande movimento político, que articule e mobilize intensamente partidos, movimentos, bancadas e governos. Estamos seguros de que o povo brasileiro tem consciência política, sabe que há problemas reais no país, sabe que nosso governo não é perfeito e ainda assim repetirá seu voto em nós, se estiver convencido não apenas de que a oposição é o retrocesso, mas principalmente se estiver confiante no que faremos, em direção a um país realmente democrático e popular.
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