Tempos bicudos
Esta edição de Página 13 concentra-se em dois grandes temas:
os 50 anos do golpe que deu origem à ditadura militar (1964-1985) e a
comemoração do 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
Por este motivo, deixamos de tratar da situação
internacional, especificamente da Ucrânia e da Venezuela. Faremos isto na
próxima edição de Página 13, no mês de abril, incluindo não apenas os casos
citados, mas também um balanço das eleições em El Salvador.
Por enquanto, nos limitamos a: 1) reafirmar nosso apoio ao
presidente Nicolas Maduro, ao governo da República Bolivariana da Venezuela e
aos partidos do Grande Pólo Patriótico, com destaque para o Partido Socialista
Unido da Venezuela (PSUV); 2) denunciar a escandalosa aliança entre os Estados
Unidos e governos da União Européia, com os neonazistas atuantes na Ucrânia; 3)
constatar que mais uma vez se confirma que a situação internacional é de
profunda instabilidade, marcada por cada vez mais conflitos, inclusive
militares, tendência que deve ser levada em devida conta nas análises da
conjuntura latinoamericana e brasileira.
Passado o Carnaval, a luta política no país vai se acentuar,
tendo como centro tático as eleições presidenciais de 2014. O Partido dos
Trabalhadores tem como objetivo eleger a presidenta Dilma Rousseff para um
segundo mandato presidencial. E queremos vencer criando as condições para um
segundo mandato superior ao atual.
Lula fez um segundo mandato superior ao primeiro. Graças a
isso, não apenas o povo melhorou de vida, mas também elegemos Dilma em 2010.
Analogamente, se queremos continuar governando o país a partir de 1 de janeiro
de 2019, é indispensável que o segundo governo Dilma seja superior ao primeiro.
As pesquisas indicam que Dilma é a preferida da maioria do
eleitorado. Entretanto, várias pesquisas também indicam que o povo quer
mudança. Ou seja: a maioria do eleitorado e do povo brasileiro deseja que o
segundo mandato Dilma “continue mudando” o Brasil.
A oposição, o grande capital e o imperialismo tentam pegar
carona no desejo de mudanças manifesto por amplos setores da população.
Evidentemente, a mudança que eles desejam é em seu próprio benefício. Já as mudanças desejadas
pelo povo se traduzem em mais Estado, mais desenvolvimento, mais políticas
públicas, mais emprego, mais salário, mais democracia.
A contradição entre a mudança desejada pelo povo e a mudança
desejada pelas elites é uma contradição antagônica. Por isto, a oposição não
pode assumir abertamente seu programa: seria a derrota antecipada. Por isto, a
oposição aposta na deterioração e na crise. Por isto, a oposição precisa
manipular a população.
O ideal para eles seria recuperar plenamente o governo
federal, através da vitória de um de seus candidatos. Caso isto não seja
possível, continuarão trabalhando para impor, tanto ao atual quanto ao segundo
mandato Dilma, as políticas preferidas pela oposição de direita.
A influência maior ou menor da oposição sobre nosso segundo
mandato, depende de vários fatores: do tamanho e da natureza da vitória: será
uma vitória como a de 2006, na ofensiva, ou como a de 2010, na defensiva? A
influência da oposição de direita, dependerá, ainda, da composição do futuro
Congresso Nacional e de quem será eleito para governar os estados brasileiros.
Por isto defendemos a) uma campanha politizada, que
polarize programaticamente com as duas fórmulas opositoras: Aécio &
Eduardo/Marina; b) uma campanha que combine a ação estritamente eleitoral, com
a mobilização em favor do plebiscito, da lei da mídia democrática, da
plataforma da classe trabalhadora.
Nosso programa de governo 2015-2018 deve ser muito incisivo,
propondo medidas radicais nas áreas de reforma urbana, reforma agrária,
segurança pública, educação e saúde, redução dos juros, jornada de 40 horas e
outras demandas da classe trabalhadora, inclusive o fim do fator
previdenciário.
A política de alianças, tanto nacional quanto nos estados,
deve ser compatível com o programa que defendemos para o segundo mandato. Finalmente,
defendemos uma tática de ampliação de nossas bancadas. Isso exigirá uma postura
distinta da direção partidária frente a campanha proporcional. O Partido
precisa agir como se o voto fosse em lista, fazer campanhas de voto na legenda,
centralizar o uso dos recursos financeiros de campanha nesse sentido..
Finalizamos este editorial prestando homenagem a todos e a
todas que tombaram na luta contra a ditadura militar. Não esquecemos, não
perdoamos e seguimos na luta por um Brasil democrático e socialista.
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