Los sujetos políticos y La construción de
alternativas de izquierda
31 de maio de 2013
Este seminário faz parte de um programa de
cooperação entre o Foro de São Paulo e o Partido da Esquerda Européia.
Nosso ponto de partida
deve ser sempre a “análise concreta da situação concreta”.
Conjuntura histórica
marcada pela 1) crise global, pelo 2) declínio da hegemonia dos Estados Unidos,
pela 3) emergência de novos pólos de poder mundial, pela 4) instabilidade e por
conflitos políticos, sociais e militares cada vez mais intensos e perigosos.
Quais os desfechos?
Depende da luta entre forças políticas e sociais, dentro de cada país; e da
luta entre Estados e blocos regionais, em âmbito mundial.
Estes são os “sujeitos
políticos”.
América Latina e Caribe
sofrem os efeitos desta situação mundial, mas ao mesmo tempo constitui uma
região marcada pela presença de movimentos sociais, partidos políticos e
governos que não apenas têm conseguido reduzir os impactos da crise, como
também têm conseguido implementar políticas públicas e colher resultados
práticos que constituem inspiração e esperança para amplos setores da
humanidade.
E temos conseguido
construir caminhos diferenciados de integração, por exemplo com a Unasul e a
Celac.
E isto porque recusamos
as políticas “austeritárias”.
Isto ocorre apesar da
geralmente brutal resistência das elites locais e de seus aliados, notadamente
as classes dominantes de Estados Unidos e Europa.
Esta resistência assume
a forma de uma contra-ofensiva ideológica, política, econômica e militar, de
que são mostra os golpes em Honduras e no Paraguai, as bases militares
instaladas na região e o relançamento da IV Frota dos EUA, o cerco contra a
Venezuela e a continuidade do bloqueio contra Cuba, a criação do chamado Arco
do Pacifico e os tratados transoceânicos, assim como a pressão judicial e
midiática sobre todos os governos progressistas e de esquerda da região, a
começar pelo Brasil e Argentina
A história nos ensina a
não confiar, nem subestimar, o imperialismo e o capitalismo. Embora a crise
seja profunda, o capitalismo já demonstrou ter um fôlego surpreendente,
equivalente a sua capacidade de destruir a natureza e a humanidade.
Percebe-se este fôlego
na América Latina, onde apesar das vitórias parciais obtidas pela esquerda, as
forças conservadoras, neoliberais e capitalistas mantêm sua hegemonia no
terreno econômico-social, o controle das instituições internacionais e do poderio
militar, além de conservar o governo nacional em importantes países da região.
Embora costumem lançar
mão, cedo ou tarde, da violência militar, as classes dominantes de cada um de
nossos países e o imperialismo investem cotidianamente na luta política e
ideológica, para o que contam com um imenso aparato educacional, uma indústria
cultural potente e o oligopólio da comunicação de massas.
A partir destas
plataformas, buscam entre outros objetivos manipular a seu favor as diferenças
estratégicas e programáticas existentes entre os governos, partidos e
movimentos empenhados no “giro à esquerda” que nosso subcontinente vive desde
1998.
Alguns destes governos,
partidos e movimentos declaram abertamente seu objetivo de construir o
socialismo.
Outros trabalham,
assumidamente ou não, pela constituição de sociedades com alta dose de
bem-estar social, democracia política e soberania nacional, mas nos marcos do
capitalismo.
Importantes setores,
embora integrantes de partidos de esquerda, adotam premissas neoliberais e
dedicam-se a combater, como inimigo principal, o que chamam de “populismo”.
Há também profundas
diferenças estratégicas acerca das formas de luta e vias de tomada do poder,
bem como sobre qual deve ser a relação dos governos eleitos com as classes
dominantes de cada país, da Europa e dos Estados Unidos. Igualmente são
distintas a visão e a postura frente aos chamados BRICS.
Tais diferenças
programáticas e estratégicas tornam particularmente complexo o debate sobre a
natureza e o papel dos governos encabeçados por presidentes integrantes dos
partidos de esquerda e progressistas de nossa região.
Neste debate, há desde
aqueles que manifestam o temor de que nossos governos tentem colaborar na
construção de um novo ciclo histórico, sem que existam as condições econômicas,
políticas e ideológicas necessárias para enfrentar com sucesso as classes
dominantes; até aqueles que alertam sobre o risco de nossa presença nos
governos não contribuir para alterar as estruturas mais profundas de nossas
sociedades e do conjunto da América Latina, o que resultaria numa desmoralização
que abriria caminho para a direita recuperar a cabeça dos respectivos governos
nacionais.
Para
construir respostas adequadas para este tipo de debate, a esquerda
latino-americana precisará construir soluções novas, para situações igualmente
novas.
Recusar o 1) pensamento
neoliberal, o 2) conservadorismo em geral, o 3) social-liberalismo e o 4) melhorismo.
Recusar
também a impotência esquerdista (poucos mas bons), o movimentismo
(neoliberalismo de esquerda), o pachamismo (todo desenvolvimento é ruim), o
milenarismo (tudo ou nada) e a vocação ao martírio.
Novamente
insistir na ideia da análise concreta, como orientação para a ação política.
Isto começa enfrentando
nosso triplo “déficit teórico”: a análise do capitalismo do século XXI; o
balanço das experiências socialistas, social-democratas, desenvolvimentistas e
nacionalistas do século XX; e a discussão sobre como articular, numa estratégia
continental unitária, as diferentes estratégias nacionais e variantes da
transição socialista.
Apesar do déficit
teórico, não é certo que tudo seja incerto. A classe trabalhadora continua
sendo o “sujeito” fundamental. Claro que plural, com gênero, com diferenças
geracionais, étnicas... mas classe trabalhadora.
Até
porque as imensas contradições que existem no mundo, hoje, não podem ser
solucionadas pelos interesses privados representados por um pequeno número de
poderosos Estados e governos.
A
solução de fundo exige o controle social das riquezas geradas socialmente.
Soluções
públicas e sociais para problemas que são públicos e sociais, embora causados
por interesses privados.
É
verdade que as forças socialistas ainda estão na defensiva, o que tem múltiplas
explicações, sociológicas, políticas, teóricas.
Mas se
não rompermos com esta situação, podemos ter ou mais do mesmo ou até mesmo uma
grande catástrofe.
Isto
exige política, organização, luta pelo poder, teoria como guia para ação. Se
teremos êxito ou não, não sabemos. Mas o pior que pode acontecer conosco é não
tentar, com todas as nossas forças, aproveitar a atual situação para colocar o
mundo de ponta cabeça.
Por isto
o esforço de organizar os migrantes, especialmente os latinoamericanos e
caribenhos, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos.
Por
isto o Foro de São Paulo, a cujo próximo encontro estão convidados. E
convidadas!
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