O texto abaixo faz parte da Agenda 2007, publicada pela Articulação de Esquerda e dedicada aos 90 anos da Revolução Russa de 1917.
O Brasil nunca experimentou uma grande revolução política e social. Mas sentiu seus efeitos, diretos e indiretos. Revoluções como a russa, a chinesa e a cubana infl uenciaram a opinião de várias camadas da população, inclusive das classes dominantes, que nunca titubearam em reprimir feroz e preventivamente tudo que cheirasse a “subversão comunista”. A depender do observador e da época, a revolução russa de 1917 foi “comunista”, “socialista” e “bolchevique”. Mas para os contemporâneos, foi principalmente “soviética”.
Na noite de 25 para 26 de outubro (6 para 7 de novembro, no calendário moderno), tropas sob comando do Soviet de Petrogrado ocuparam diversos pontos da cidade, inclusive a sede do governo provisório. O mesmo ocorreu em outros pontos do país. Horas depois, reúne-se o Congresso dos Soviets de operários, soldados e camponeses de Toda a Rússia. Uma minoria se opõe à derrubada do governo provisório, integrado também por partidos burgueses.
A maioria do Congresso aprova a tomada do poder e nomeia um conselho de comissários do povo, composto por bolcheviques, mencheviques internacionalistas e socialistas revolucionários de esquerda, apoiado por anarquistas e revolucionários sem partido.
Entre os ministros, estão Trotsky (Relações Exteriores) e Stálin (Nacionalidades). Lênin, presidente do conselho de ministros, discursa ao Congresso dos soviets. Começou a revolução socialista.
(...)
A esquerda brasileira é das mais fortes do mundo. Parte importante reivindica as melhores tradições da esquerda revolucionária, anarquista, trabalhista, cristã, socialista e comunista, tradições estas que estiveram presentes na fundação do PT e nos grandes momentos de nossa história de quase 27 anos.
A revolução russa de 1917 é parte importante desta tradição. Feita por homens e mulheres reais, a revolução russa incluiu atos heróicos, mas também crimes abomináveis. Foi capaz de grandes realizações, mas também produziu problemas imensos, que em última análise explicam sua derrota.
A União Soviética, criada em 1923, e o “campo socialista” não existem mais. Foi derrotada a primeira grande tentativa de construir uma sociedade sem exploração nem opressão.
Hoje, o modo de produção capitalista é hegemônico como nunca foi. Para a barbárie resultante, segue existindo uma alternativa: outra forma de organização social, onde a produção e distribuição das riquezas sejam submetidas ao controle coletivo.
Os grandes problemas da humanidade não podem ser solucionados, numa sociedade controlada por centenas de empresas, meia dúzia de Estados e uma mentalidade que confunde bem-estar com lucro.
Enquanto houver capitalismo, o exemplo da revolução de 1917 seguirá vivo. Cabe a nós, militantes do século XXI, encontrar no centro da própria engrenagem, a contra-mola que resiste.
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