segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Venezuela: a CIA e o machismo-leninismo

Tem os marxistas.

Tem os leninistas.

Tem os marxistas-leninistas.

Tem os marxistas-leninistas dos últimos dias.

E também tem os machistas-leninistas.

Os machistas-leninistas são reconhecidos por apresentarem argumentos embebidos em testosterona.

O troféu desta modalidade acaba de ser concedido ao senhor Tarek Saab, que cometeu as declarações disponíveis no endereço abaixo:  

Vídeo: Procurador-geral da Venezuela diz que Lula é agente da CIA e foi “cooptado" na prisão (ampost.com.br)

Na visão deste cidadão parece que só existem duas alternativas: a-esquerda-que-pensa-como-ele e os cooptados pelo imperialismo e à serviço da CIA.

Seja como for, fica provado que na Venezuela também existe gente adepta da "diplomacia de microfone".

Melhor seria dizer, da total "falta de diplomacia ao microfone", para não falar algo mais desagradável.

Os inimigos da Venezuela e a desintegração regional agradecem.


 

Eleições 2024: Cunha quer Lira

A imprensa tem especial predileção por uma categoria de petistas: aqueles que ela chama de "conselheiros do presidente Lula".

Não faço ideia se estas pessoas transitam no Planalto com a desenvoltura que lhes é atribuída pela mídia.

Mas, por via das dúvidas, leio com atenção o que dizem.

É o caso de João Paulo Cunha, que em entrevista concedida recentemente ao Estadão defendeu entregar um ministério para Arthur Lira.

Segundo Cunha, "deixamos muito a desejar nesse processo eleitoral." O PT precisaria "atualizar a leitura do capitalismo no Brasil (...) ter a compreensão de como os trabalhadores hoje estão se organizando (...) A direita conseguiu captar com mais facilidade uma nova forma de se comunicar com a população, juntando três aspectos: concepção liberal da economia, visão conservadora dos costumes e religiosidade. O PT e o governo ainda não conseguiram enfrentar isso."

Até aí, no que diz respeito a problemática, temos algum acordo.

Os problemas mesmo começam quando Cunha se dirige para a "solucionática".

Segundo Cunha, "a direita está hoje com mais problemas do que a esquerda, está dividida, tem brigas em público. E entrou um fenômeno na pauta sobre o qual o governo precisa se atentar, que é o Centrão. (...) Uma parte grande do Centrão está no governo. O PP, o União Brasil, o Republicanos, o PSD têm ministérios, mas não têm um compromisso para 2026 mais sólido. Precisamos consolidar essa banda do Centrão que dialoga com a gente para 2026. (...) ideal é Lira assumir um ministério em 2025 porque temos de trazer o para mais perto". 

A direita está dividida, tem brigas? Sim. Mas, se a questão for 2026, as direitas têm mais margem de manobra do que nós. Por exemplo: se tirarmos Lula da equação, o PT e a esquerda terão grandes problemas. Já se tirarmos o cavernícola da equação, a direita seguirá tendo alternativas, algumas inclusive mais "palatáveis".

O Centrão é um fenômeno "na pauta"? Sim. Mas o Centrão, com este ou com outros nomes, está na pauta faz muito tempo. O impeachment de 2016, é bom lembrar, foi aprovado com o apoio de parte importante da base do governo (do governo Dilma 2 e, também, do governo Lula 3). A experiência já nos ensinou alguma coisa sobre quão "sólido" é o compromisso com esta gente. 

Trazer Lira para o governo, entregar um ministério para Lira, vai mesmo "consolidar essa banda do Centrão que dialoga com a gente para 2026"? Deixemos de lado, por enquanto, os aspectos morais desta proposta e nos concentremos na dimensão pragmática. 

Primeiro, uma pergunta: que ministério seria do tamanho adequado aos apetites de Lira, que hoje se comporta as vezes como se primeiro-ministro fosse? Aliás, como fica a norma de não se nomear alguém que não possa ser demitido?

Outra pergunta: na vida real, que tipo de efeito Lira ministro teria sobre a ação prática do governo? O que mudaria, para melhor, no atendimento de nossa base social? Que efeito isto teria sobre as políticas públicas de interesse da esquerda em geral e do PT em particular?

Mais uma pergunta: alguém acha mesmo que esta turma marchará conosco, em 2026, aconteça o que acontecer daqui até lá? 

Lendo e relendo a proposta de Cunha, a única certeza a que chego é a seguinte: diante dos efeitos negativos da política adotada até agora, tem gente que está propondo como única alternativa dobrar a aposta.

Ou seja: o pior dos pragmatismos, aquele que não oferece resultados à altura das promessas e expectativas. 

O que me recorda uma frase dita por alguém famoso: entre a desonra e a guerra, escolhestes a desonra. Mas o que tereis ao final será a desonra e a guerra.

Acho bem mais pragmático se preparar para a "guerra".







Segue texto analisado

"O ideal é Arthur Lira assumir um ministério porque temos de trazer o Centrão para mais perto", diz João Paulo Cunha – Estadão

Integrante da “velha guarda” do PT, o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha atua cada vez mais nos bastidores da política. Um dos conselheiros do presidente Lula, João Paulo tem bom trânsito tanto no Palácio do Planalto quanto no Congresso e acha que o governo precisa se preparar para enfrentar o avanço da centro-direita. O caminho apontado por ele é bem pragmático: na sua avaliação, o presidente da Câmara, Arthur Lira, deve ser alçado à equipe de Lula. Principais trechos da entrevista:

"Em número de municípios o PT sempre ficou muito aquém dos partidos de centro. A diferença é que, em alguns períodos, o PT governou muitos eleitores. Governou São Paulo, BH, Porto Alegre, grandes cidades do interior paulista e do ABC. O que me espanta agora é que a crise do PT seja mais de representação. O partido carece, nesse momento, de capilaridade, de representação social. Efetivamente, deixamos muito a desejar nesse processo eleitoral."

"Na minha visão, o PT precisa atualizar a leitura do capitalismo no Brasil, que mudou muito, e também suas bandeiras e propostas. É necessário ter a compreensão de como os trabalhadores hoje estão se organizando [...] A direita conseguiu captar com mais facilidade uma nova forma de se comunicar com a população, juntando três aspectos: concepção liberal da economia, visão conservadora dos costumes e religiosidade. O PT e o governo ainda não conseguiram enfrentar isso."

"A comunicação do governo é um problema. Eu não sei hoje, mas um tempo atrás eu vi que o presidente Lula tinha 13 milhões de seguidores, com um ano e seis meses de governo, e o Bolsonaro, com o mesmo tempo fora do governo, tinha o dobro. Como é que Bolsonaro sai, fica inelegível e tem o dobro de seguidores do Lula? A direita está hoje com mais problemas do que a esquerda, está dividida, tem brigas em público. E entrou um fenômeno na pauta sobre o qual o governo precisa se atentar, que é o Centrão."

"Uma parte grande do Centrão está no governo. O PP, o União Brasil, o Republicanos, o PSD têm ministérios, mas não têm um compromisso para 2026 mais sólido. Precisamos consolidar essa banda do Centrão que dialoga com a gente para 2026."

"O ideal é Lira assumir um ministério em 2025 porque temos de trazer o para mais perto. E, nesse pacto, em particular na Câmara, os deputados Elmar Nascimento (União Brasil), Antônio Brito (PSD), Hugo Motta (Republicanos) e Marcos Pereira (Republicanos) precisam ter uma saída honrosa. Um deles (fora Pereira, que desistiu) vai ser presidente da Câmara a partir de fevereiro. E o que se faz com os outros? É quase um combo ali."


Eleições 2024: Jessé e a cloroquina

Faz tempo que não lia nada do Jessé.

A bem da verdade, parei no A tolice da inteligência brasileira.

Quem quiser ler a respeito, pode buscar aqui: 

https://pagina13.org.br/pensando-a-longo-prazo-reune-artigos-de-wladimir-pomar/

Quando Jessé esteva empregado na mesma Universidade que eu, nunca tive a sorte de cruzar com ele.

Depois, um militante de um núcleo do PT na Europa comentou que ele estaria morando por lá, para fugir de perseguições.

Tudo isso para dizer que vale a pena ler a entrevista que Jessé deu ao Globo, acerca do resultado das eleições.

Como a entrevista é no Globo, o viés não podia ser muito diferente do que foi: uma crítica à esquerda, ao PT, ao governo Lula e a Boulos, embrulhada numa análise acerca da força que a direita e a extrema-direita tem entre os pobres.

Este combo não é exclusividade de Jessé.

Muito mais gente da esquerda tem publicado, nas suas redes, as mais variadas autocríticas.

É verdade que algumas são ao estilo Homer Simpson: “a culpa é minha, logo eu coloco onde eu quero”.

Fazer o quê: debate é assim mesmo. E, gostemos ou não, ele acontece ao mesmo tempo que o segundo turno.

Mas, também por isso, não podemos nunca perder de vista que nosso objetivo é derrotar o lado de lá. 

E para derrotar o lado de lá, é preciso conhecer e criticar as armas que ele utiliza. Pois a eficácia ou ineficácia de nossas armas dever ser medidas no confronto com as armas do inimigo.

Por exemplo: a compra de votos. 

Numa certa capital do Nordeste, está óbvio que a candidatura da direita que foi ao segundo turno usou e abusou deste expediente. O pagamento era feito via pix nas seções eleitorais. 

Outro exemplo: o financiamento empresarial ilegal. 

Em todo o país, os ricos continuaram financiando suas campanhas preferidas, não apenas através de doações pessoais (vide Ometto, o maior doador privado do primeiro turno de 2024), mas também através de contribuições ilegais. 

Detalhe: o recém-retornado-petista Randolfe, aquele que saiu do PT supostamente pela meia esquerda, no meio de um surto udenista, agora quer a volta do financiamento empresarial privado.

Um terceiro exemplo: o uso eleitoral das bilionárias emendas parlamentares impositivas. 

Claro, parlamentares de esquerda também receberam emendas. Mas além do fato destas emendas serem em si mesmas um desvio, o fato objetivo é que as direitas são as maiores beneficiárias.

Um quarto exemplo: o uso da máquina pública nas campanhas eleitorais.

Um quinto exemplo: o uso das fake news.

Um sexto exemplo: a influência dos meios de comunicação privados.

Um sétimo exemplo: a operação ilegal de corporações e instituições, tais como certas igrejas, a “família militar” etc. 

Um oitavo exemplo: a total desproporção nos recursos do fundo eleitoral.

Poderíamos continuar a lista, mas acho que o que foi dito já basta para demonstrar como é ridículo debitar o resultado eleitoral de 2024 apenas ou principalmente na conta de um único fator, de uma única variável.

Erram, também por isso, os que estão obcecados com o “identitarismo”. 

Podemos e devemos discutir e criticar o “identitarismo”, mas se não colocarmos as coisas no grau, vamos acabar adotando o mesmo “modus sin pensantis” que leva certa direita a atribuir todos os problemas da humanidade à “ideologia de gênero”.

Ou fazemos um balanço de conjunto, que pondere de maneira correta as variáveis em jogo, ou vamos seguir errando.

Feitas estas preliminares, vejamos a entrevista concedida por Jessé ao Globo.

A entrevista publicada pode ser lida aqui:

https://oglobo.globo.com/politica/eleicoes-2024/noticia/2024/10/13/entrevista-boulos-paga-o-preco-da-esquerda-legal-que-discute-genero-e-raca-e-deixou-pobres-na-direita-diz-jesse-souza.ghtml

Jessé diz que o voto obtido por Nunes e Marçal em áreas periféricas nas zonas Sul, Norte e Leste de São Paulo capital teria sido, “sem dúvida”, o voto do “pobre de direita”.

Segundo ele, faz tempo que a situação já estaria “dominada” pela Teologia da Prosperidade, neoliberal e reacionária.

E vaticina: “Passamos por um processo de idiotização das pessoas e de inação dos que deveriam fazer um trabalho de base de qualidade”. 

De fato, faz tempo que pobres votam na direita.

Isso acontece desde que passamos a ter eleições, no Brasil e no mundo inteiro.

Pobres votarem na esquerda é, na maior parte dos países e na maior parte da história, uma exceção: a “democracia burguesa” não é chamada de burguesa por birra.

Apesar disso, em São Paulo capital o PT já conquistou por três vezes a prefeitura, com Erundina, Marta e Haddad.

Além disso, nas eleições de 2022, Lula presidente e Haddad governador foram os mais votados por um eleitorado que, no primeiro turno de 2024 escolheu outras candidaturas.

Portanto, embora possa existir idiotice (no sentido grego da palavra) e embora exista um déficit do chamado “trabalho de base”, isto não basta para explicar o que ocorreu no primeiro turno, nem serve para orientar o que deveria ser feito no segundo turno.

E, no terreno da explicação, é preciso examinar melhor a natureza social do voto: a população das áreas periféricas de São Paulo capital não são homogêneas. 

Dito de outra forma, a categoria “pobre de direita” é um tipo ideal bastante enganoso.

Ainda no terreno da explicação, Jessé diz que Marçal seria um “Coringa”: seus eleitores “identificaram nele a raiva e o ressentimento, mesmo sem que lhes fosse dada explicação alguma sobre as razões dessa injustiça social”.

Não acho que essa crítica seja totalmente procedente. Afinal, uma das razões do êxito parcial do boçal e de outros expoentes da direita e da extrema-direita reside, exatamente, no fato deles apresentarem uma “explicação” acerca das “razões” da “injustiça social”. 

Não só isso: as direitas oferecem, também, uma visão acerca do futuro e uma “ética de sobrevivência” para os tempos de guerra em que vivemos. 

Parte de nossas dificuldades no enfrentamento das direitas têm origem na subestimação: quantas vezes ouvimos gente nossa falando que a “direita não tem projeto”? 

Outra parte das dificuldades têm origem no rebaixamento programático: se não apresentarmos uma visão de futuro, perderemos a disputa por WO.

Portanto, é totalmente insuficiente - para derrotar a extrema-direita - tomar medidas “para garantir o cumprimento das regras democráticas”. 

Obviamente, tanto o boçal quanto o cavernícola precisam ser tornados inelegíveis.

Mas, como o próprio Jessé afirma, “isso não evitará que outros candidatos sigam sua cartilha”. E nada garante que eles “precisarão serem mais cuidadosos, menos ameaçadores”, nem que terão “menos domínio do público”.

A repressão legal e institucional não são suficientes para derrotar a direita e a extrema-direita. E se não for feito um trabalho prévio e permanente, será cada vez mais difícil utilizar proveitosamente as eleições em favor da esquerda.

Também por isso, é preciso tomar cum grano salis a afirmação de Jessé, segundo a qual a esquerda teria sido incapaz de conversar com o “pobre de direita”.

Por um lado, ela parece óbvia, afinal a maior parte do eleitorado votou em partidos de direita e extrema-direita. 

Mas descrição não é explicação.

A explicação que Jessé oferece, obviamente nos limites de uma entrevista, é a seguinte: “a esquerda errou, e muito. Não procurou, com louváveis exceções, conquistar os corações e as mentes dos mais pobres. Se você não apresenta nada minimamente organizado e sequer tenta ir às periferias urbanas e rurais, o trabalho das igrejas evangélicas, marcado pelo anti-esquerdismo, ganha sentido político ainda mais explícito. No vazio que foi criado pela falta de mobilização e disputa de narrativas, a esquerda perdeu campo. Não estou otimista, creio que isso se aprofundará mais”.

Como se pode ler, os problemas citados acima não são propriamente “eleitorais”. As debilidades ideológicas e programáticas da esquerda são anteriores ao processo eleitoral. O mesmo vale para as debilidades de nossa presença organizada junto a classe trabalhadora. E, apesar disso, ganhamos em 2022 em muitos locais onde perdemos no primeiro turno de 2024. Sem falar que não fomos derrotados em todas as eleições. 

Portanto, mesmo nos marcos de uma situação estruturalmente negativa, é possível ter resultados melhores. Assim como é possível vencer no segundo turno, a começar por São Paulo capital.

Feita estas ressalvas, vejamos o que Jessé diz acerca dos “corações e as mentes dos mais pobres”.

Transcrevo abaixo trechos da entrevista (alerto que fiz isso com base no copiar-e-colar, portanto pode ter ocorrido algum erro. Recomendo conferir a versão publicada da entrevista):

“(…) a chave, para a direita, é a de fazer com que o pobre se acredite valorizado, respeitado, quando antes era permanentemente humilhado, vinte e quatro horas por dia. Muitas vezes, literalmente, sem nem o nome do pai na certidão de nascimento. Ele aceita assim como possibilidade de salvação ser celebrado e reconhecido por ser honesto, “de bem”, poder vencer por conta própria. No balanço, é uma reação muito mais moral do que econômica, ainda que passe pelo material. As igrejas evangélicas ofereceram a doutrina, montaram a solidariedade interna e a base social para se enfrentar a injustiça social. Porém, e aí está a chave para a esquerda, repito: jamais é objeto de discussão os porquês da injustiça. Em nenhum estrato sócio-econômico a meritocracia é tão entranhada quanto entre os mais pobres. A aposta na direita passa pela aceitação da culpabilidade da vítima. Esquece-se a falta de acesso à Educação e à Saúde, e, tão ou mais importante, a herança da escravização. O pobre de direita de São Paulo ao Rio Grande do Sul vê no ex-presidente Jair Bolsonaro um semelhante. Nestes estados, a maioria das pessoas se identifica como branca. Já no restante do país, com maioria de pobres mestiços e pretos, a identificação não é tão direta. Bolsonaro consegue expressar o sentimento social do branco que trabalha duro e crê estar bancando o outro pobre, o do norte, o menos branco, com assistencialismo, com o Bolsa Família. No caso dos pobres de direita negros e evangélicos do Sudeste e do Sul, há o imenso desejo de embranquecer. Sem exceção, nas entrevistas com os pobres de direita, me deparei com o racismo entranhado. Eu, que sou potiguar, ouvi seguidamente que “nordestino é preguiçoso. O racismo reprimido seguirá guiando este voto para o bolsonarismo, com sua arminha voltada para o jovem preto, a partir da pauta da segurança, tão cara a esses eleitores. Os pobres são os que mais sofrem com os preconceitos que a elite criou para oprimi-los. Ele acredita que é um incapaz. E aí ou ele usa essa "faca envenenada” nele mesmo ou no “outro pobre”. Esse “outro pobre” é o maconheiro, o macumbeiro, o LGBTQUIA+, o nordestino, o que vota no PT, o bandido, cabe tudo naquele que é percebido como transgressor. O lulismo ainda consegue tocar o eleitorado pobre acima de São Paulo, mais mestiço, que foi crucial para derrotar Bolsonaro em 2022. Mas esse voto passa por um processo de criminalização. Esse eleitor sofre, desde a Lava-Jato, com a pecha de ser cúmplice da corrupção. E o pobre prefere morrer a ser corrupto. O voto na esquerda teria sido uma burrice, mais uma prova da incapacidade do andar de baixo. Isso está entranhado em muitos pobres de direita hoje”.

Há muita coisa interessante, assim como há lacunas e insuficiências nas especulações acima. Uma destas insuficiências, na minha opinião, é explicar por quais motivos a direita e a extrema-direita assumiram, desde pelo menos 2013, um caráter tão militante, “para tempos de guerra”. Quais que sejam os motivos, o fato é que operamos – há pelo menos uma década - num ambiente que não será enfrentado adequadamente por uma esquerda padrão Woodstock.

Especificamente sobre as eleições de São Paulo capital, Jessé diz que o “identitarismo” teria sido “um erro completo. E Boulos está pagando o preço desse equívoco agora em São Paulo. Não basta essa esquerda “legal”, que discute gênero e raça. Ainda importa contar ao eleitor por que um cidadão ganha R$ 100 mil enquanto outro R$ 100, por que há pessoas tão diferentemente aparelhadas para a competição social, para além das diferenças de gênero e raça. Se não perceber isso logo, a esquerda deixar este pobre na direita”.

Admitamos, para facilitar a conversa, que o “identitarismo” fosse “um erro completo”. Alguém acha mesmo que nossa situação nas eleições em São Paulo capital decorreria disto? Quem quer que tenha acompanhado a eleição paulistana sabe que, na lista de erros que possam ou tenham sido efetivamente cometidos, o “identitarismo” (seja lá o que for) não seria o maior deles. 

O mais grave, entretanto, é a alternativa defendida por Jessé: “um encontro do PT com o varguismo”.

Copio e colo (repetindo o alerta que já fiz antes): “O identitarismo ecoa na classe média e na elite, não no pobre, jogado na lata de lixo pelo preconceito racial e agora vítima de racismo cultural. Não se ganha eleição no Brasil sem o voto da maioria pobre e a esquerda precisa pelo menos tentar voltar a disputar este voto. Sei que vou levar cacetada, mas está na hora de o PT aprender com Getúlio Vargas. Validar esse pobre é importante. É o que Getúlio fez, inclusive do ponto de vista racial. Para redimir o humilhado, é preciso celebrar suas virtudes, afirmar que eles não são lixo, o que a direita faz hoje, ainda que de modo enviesado. O PT nasceu dando de ombros para a herança getulista, opondo o sindicato livre ao peleguismo trabalhista. Tudo bem. Mas, sendo simplista, PT e PSDB são mais parecidos do que imaginamos, nascidos de braços diversos da mesma elite paulista com pendores social-democratas. Quem ofereceu a face popular ao PT foi o Lula. Depois dele, o PT pode estar destinado à mesma — pouca — relevância do PSDB hoje. A não ser que volte a conversar com os pobres. E não só pela ótica econômica. É ilusão o governo Lula achar que as pessoas irão espontaneamente, em 2024, identificar no aumento real do salário mínimo um projeto do PT. Não é assim que funciona a cabeça humana na sociedade contemporânea, e muito menos a transmissão de ideias e de informação. A esquerda precisa fazer o que fiz ao escrever este livro: ir à periferia e se desesperar. O Bolsa Família foi importantíssimo, mas a esquerda não ofereceu o escape da humilhação que é estar na posição de delinquente no mundo de hoje. O pobre que ganha R$ 4 mil criminaliza o “nordestino miserável que mama no Bolsa Família” e crê de fato que o sustenta. Friso, só há um jeito de se sair da armadilha do pobre de direita e disputar de verdade seu voto: explicar a ele as razões das injustiças sociais e de sua escolha momentânea equivocada por um moralismo repressor”.

Repito, novamente, que há especulações interessantes, insuficiências e lacunas no combo acima. 

Isto posto, destaco como revelador o seguinte trecho: “A esquerda precisa fazer o que fiz ao escrever este livro: ir à periferia e se desesperar”.

Confesso que “desesperador” é ler alguém dedicado profissionalmente ao estudo, afirmar que PT e PSDB "seriam mais parecidos do que imaginamos, nascidos de braços diversos da mesma elite paulista com pendores social-democratas. Quem ofereceu a face popular ao PT foi o Lula. Depois dele, o PT pode estar destinado à mesma — pouca — relevância do PSDB hoje”.

Sobre as falsas afinidades entre PT e PSDB, sugiro ler:

https://elahp.com.br/download/historia-do-petismo-volume-i/

Isto posto, não tenho dúvida que o PT corre risco. Mas o que Jessé sugere como solução é veneno puro. Nada contra “aprender”, mas transformar o petismo em trabalhismo não resolverá nada.

O trabalhismo histórico é uma das criações da era Vargas e expressava a politica populista de colaboração de classes, entre um setor da classe dominante e um setor da classe trabalhadora. O peleguismo é um desdobramento disto. Quando, especialmente em 1954 e 1964, o trabalhismo de esquerda tentou dar passos mais radicais, veio o golpe. 

O populismo, tanto de direita quanto de esquerda, não foi capaz no passado, não é capaz no presente e não será capaz no futuro de oferecer uma alternativa para o Brasil.

Que há aspectos do populismo de esquerda que devem ser compreendidos e customizados por nós, não tenho dúvida. Até porque funcionariam como antídoto para práticas populistas de direita que muita gente boa anda adotando, sem pudor e vergonha.

Mas o principal é que não existe bala de prata para as dificuldades programáticas, estratégicas, táticas e organizativas enfrentadas pelo PT.  

Nem tampouco será a cloroquina - varguista, populista ou quetais - que vai fazer o PT se manter de esquerda, socialista e recuperar maioria na classe trabalhadora.  

Claro que nada disso caberia numa entrevista ao Globo.













domingo, 13 de outubro de 2024

Eleições 2024: a “teoria” Pędłowski

Quem venceu as eleições de 2024? Depende do resultado do segundo turno.

Quem venceu o primeiro turno? Quem teve mais votos, conquistou mais prefeituras e mandatos de vereança, ou seja, o campo político que vai da centro-direita até a extrema-direita.

Entre os que admitem isso, há quem acrescente três complementos:

-que o PT não teria vencido, mas também não teria sido derrotado;

-que a vitória teria sido da “democracia”;

-que o governo Lula teria saído vitorioso.

O primeiro complemento não encontra amparo nos dados divulgados pelo Grupo de Trabalho Eleitoral do PT (GTE).

Segundo o GTE, "em 2020, o PT estava presente em 1.584 municípios, elegendo 183 prefeitos e prefeitas, 206 vices em coligação com aliados, e 2.663 vereadores e vereadoras. Agora, elegendo 248 prefeitos(as), 222 vices e 3.118 vereadores(as), além dos 13 municípios em que vai disputar o segundo turno. O PT estará presente em 1.742 municípios". 

Também segundo o GTE, o PT recebeu 6.909.779 votos em 2020 e 8.884.677 votos em 2024. 

Mesmo considerando que o eleitorado total de 2024 é maior do que o de 2020,  o PT cresceu. Isto é verdade. E se o PT fosse uma pessoa buscando superar seus próprios problemas, o resultado da eleição de 2024 teria sido, sem dúvida, um progresso em relação a 2024.

Mas o PT não é uma pessoa buscando superar suas próprias metas, o PT é um partido em luta contra outros. E o problema é que estes outros partidos cresceram muito mais do que nós. 

Em números absolutos de votos válidos, o PT ficou em sexto lugar, atrás do PL, do PSD, do MDB, do União e do PP. E se considerarmos apenas estes 6 partidos, o PT ficou em quinto lugar em taxa de crescimento. O PT cresceu 25% em relação a 2020. Já o PL cresceu 233%, o PSD cresceu 33%, o MDB cresceu 30% e o PP cresceu 29%.

Além disso, o PT conquistou 183 prefeituras em 2020. Acontece que muitos prefeitos se filiaram ao PT, antes da eleição de 2024. Quando a campanha de 2024 começou, tínhamos 265 prefeituras. E na eleição de 2024, conquistamos 248 prefeituras. Logo, se for para ser rigoroso, não teríamos crescido 82, teríamos diminuído 17 prefeituras...

Além disso, 188 destas prefeituras são em cidades com menos de 20 mil habitantes. E só 2 ficam em cidades com mais de 200 mil habitantes. Claro, isto pode mudar drasticamente a depender do que ocorra no segundo turno. Mas os números realmente existentes não autorizam falar em vitória ou crescimento do PT.

Já a ideia de que a vitória teria sido da “democracia” parte do pressuposto de que golpistas seriam os do 8 de janeiro, a turma do cavernícola e do boçal. Já os demais setores da direita seriam democratas.

Aceito este pressuposto, restaria verificar qual foi o desempenho - no primeiro turno - das candidaturas ligadas explicitamente à extrema-direita. 

O Partido Liberal, por exemplo, foi o que recebeu maior número de votos entre todos os partidos. Ademais, o PL cresceu 233% em relação ao resultado obtido nas eleições de 2020. Se a isso acrescentarmos resultados como os obtidos pelo boçal na eleição de São Paulo capital, a conclusão é que é a extrema-direita cresceu, mesmo estando fora do governo. 

Por outro lado, cabe questionar o pressuposto apontado anteriormente. Em muitas cidades do país, houve alianças de primeiro turno entre direita e extrema-direita. Em São Paulo capital, por exemplo, Nunes foi apoiado por Bolsonaro. O mesmo vale para Melo, em Porto Alegre. A lista é imensa. Ou seja: a direita "democrática" no Brasil não é tão democrática assim.

Claro, há quem pense o contrário, como é o caso do ex-deputado federal João Paulo Cunha, que já está defendendo que Lira entre no governo Lula. 

A entrevista de Cunha está aqui: Estadão 🗞 | ENTREVISTA | Integrante da “velha guarda” do PT, o ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha atua cada vez mais nos bastidores… | Instagram

Sobre o governo Lula, há quem lembre que as eleições são municipais: não estavam diretamente em jogo nem o governo, nem Lula. 

Além disso, há quem diga que como o governo de Lula é de “frente ampla”, ele só poderia ser considerado derrotado se candidaturas explicitamente oposicionistas tivessem sido vitoriosas.

Finalmente e paradoxalmente, há quem argumente que mesmo um resultado final problemático poderia ser revigorante para uma candidatura de Lula à reeleição, em 2026.

Os resultados do segundo turno vão responder se estes argumentos e outros similares procedem ou não. Mas não é preciso esperar o dia 27/10 para discutir a procedência da “teoria Pedlowski”.

A tal “teoria” está exposta aqui: 

https://blogdopedlowski.com/2024/10/12/apesar-das-aparencias-lula-foi-o-grande-vencedor-do-1o-turno-das-eleicoes-municipais/

Reproduzo abaixo dois trechos representativos desta teoria: 

-“avalio que a estratégia eleitoral determinada por Lula e pela cúpula dirigente do PT era algo que ia no sentido de “entrar em campo para jogar, fingindo que se quer ganhar, mas  fazendo uma força danada para perder”;

-“discordo de quem diz que a política da “Frente Ampla” de Lula foi derrotada no primeiro turno das eleições municipais de 2024. Na verdade, essa política ficou fortalecida ao apontar para um cenário em 2026 em que novamente será o PT (e seus aliados) contra o conveniente fantasma da extrema-direita”.

Segundo a “teoria” acima, queríamos perder. Logo, os erros cometidos pelo PT e pelo governo Lula teriam sido propositais; e as derrotas teriam sido autoinflingidas.

O incrível nesta “teoria” não é sua semelhança com as narrativas conspiratórias que se escutam, por exemplo, na Jovem Pan. 

O incrível é que seu autor não perceba que, a depender dos resultados dos dois turnos de 2024, o que poderemos enfrentar em 2026 é uma “frente ampla” sem o PT e contra o PT.





sábado, 12 de outubro de 2024

Eleições 2024: Cappelli e o mordomo

De quem é a culpa?

Do mordomo! Desde Shakespeare ou até antes, a culpa é do mordomo.

E de quem seria a "culpa" dos problemas da esquerda brasileira em 2024?

Do "identitarismo", é claro!

Pelo menos esta é a opinião de várias pessoas, entre as quais Ricardo Cappelli, conforme pode ser lido aqui: Ricardo Cappelli: “o identitarismo nunca foi uma política de esquerda” | Brasil 247

Transcrevo um trecho: (...) Cappelli atribui o fortalecimento [da direita e centro-direita] a uma desconexão da esquerda com as pautas mais relevantes para a população. Ele criticou o que chamou de "foco exacerbado em questões identitárias", que, segundo ele, não são históricas da esquerda no Brasil. “A questão do identitarismo é recente e nunca foi central para a esquerda brasileira. A esquerda sempre se pautou pela luta de classes e pelo desenvolvimento econômico, focando em políticas públicas universais” (...).

A desconexão existe? Certamente. Aliás, quando o chapa-branquismo campeava, várias Cassandras já falavam deste problema.

Parte da desconexão tem relação com as posições defendidas pela esquerda? Seguramente que sim, embora haja outras causas.

No que diz respeito às propostas, seria verdade que haveria um "foco exacerbado em questões identitárias"? Olhando para a realidade, não vejo provas de que isso seja verdade.

Quem é responsável pelas falhas na ação política do governo? O "identitarismo" ou, por exemplo, a mistura entre falso republicanismo e frente amplíssima?

Quem é culpado pelas dificuldades que temos para implementar uma política de desenvolvimento econômico? O "identitarismo" ou, por exemplo, o agronegócio, o capital financeiro e as concessões que fazemos a eles?

Quem prejudica nosso foco nas políticas públicas universais? Seria o "identitarismo" ou, por exemplo, a influência do socialiberalismo, a dificuldade em superar as terceirizações e privatizações e as restrições orçamentárias autoimpostas pelo déficit zero?

Quem impede que sejamos pautados pela luta de classes? O "identitarismo" ou, por exemplo, o rebaixamento programático?

Claro, quem acha que nossa estratégia e nossas táticas estão corretas, precisa achar um "mordomo" em quem por a culpa. 

E alguns apontam o dedo acusador para o "identitarismo". 

As vezes o mordomo é mesmo cheio de culpas. Mas, no caso das eleições 2024, nossos problemas reais vem de outro lugar. 

Eleições 2024: Quaquá e Sahra

Na Alemanha, a esquerda rachou.

Deste racha surgiu, no dia 8 de janeiro de 2024, um novo partido, cujo nome é Aliança Sahra Wagenknecht – Razão e Justiça.

Sahra Wagenknecht é a principal liderança do Partido.

Sim, é isto mesmo: o Partido tem o nome de sua principal liderança.

O motivo do surgimento deste novo partido é o seguinte: seus criadores, especialmente Sahra, consideravam que a esquerda alemã estava perdendo o apoio da classe trabalhadora para a direita. O que é um fato.

E como recuperar este apoio? Segundo Sahra, dando ênfase para as pautas tradicionais, deixando de lado as questões “identitárias” e assumindo palavras de ordem parecidas com a da direita, em temas como a imigração, a guerra e a pandemia.

Deu certo?

Deu: no curto prazo, o partido da Sahra teve mais votos que o antigo partido da esquerda.

Mas isso se deu num contexto em que a direita e a extrema-direita venceram as eleições.

Ou seja: esta tática serviu para o partido da Sahra se beneficiar do crescimento da direita, mas não serviu para deter o avanço da direita.

Isto posto, sugiro assistir e ler o conteúdo disponível nos seguintes endereços:

https://veja.abril.com.br/politica/a-dura-autocritica-do-vice-do-pt-sobre-relacao-do-partido-com-o-povao/

https://www.instagram.com/reel/DA_78IgN5Oo/?igsh=eHRsZnhnODdlNHA3

Nos endereços acima há entrevistas com Washington Quaquá, deputado federal do PT, eleito prefeito de Maricá nas eleições de 2024. Eleito, é bom que se diga, com uma votação superior a 73% dos votos.

As duas entrevistas foram divulgadas pelo próprio Quaquá, no grupo de zap do Diretório Nacional do PT. Portanto, ele avaliza a edição.

Noutro texto, vou comentar em detalhes ambas entrevistas. 

Por enquanto, quero destacar o que considero ser uma afinidade entre a abordagem de Quaquá e de Sarah.

Ambos partem de um problema real (a perda de apoio na classe trabalhadora) e ambos sugerem alternativa similar (uma convergência com posições da direita).

É uma abordagem também similar as de Aldo Rebelo, Ricardo Capelli e Rui Pimenta, entre outros.

Focando no caso brasileiro a essência do problema transcende as aproximações de Quaquá com o bolsonarismo, que incluem declarações escandalosas, a mais recente das quais foi a seguinte: “Não toleraremos domínio armado do território. Quem portar fuzil vai pra vala, e a palavra é essa: quem portar fuzil vai pra vala!”

A essência do problema está, na minha opinião, na estratégia defendida por Quaquá, que ele resume aqui: “O governo tem pouco rumo e pouco comando. Um comando que não atua no dia a dia do país. A economia vai bem, o [Fernando] Haddad vem tocando bem a economia. O Haddad e o governo Lula vêm conseguindo aprovar as pautas econômicas. A economia está andando, mas falta articulação política e comando político no governo. Acho que o presidente Lula precisa construir um projeto de desenvolvimento nacional que possa ser um projeto de longo prazo, pra além do governo dele. Precisamos chamar o empresariado brasileiro, o centro político do Brasil, os partidos de centro, pra construir um projeto de 20 anos de crescimento”.

Alguém pode se perguntar: mas esta estratégia que Quaquá defende não é a mesma que vem sendo defendida pelo grupo atualmente majoritário no Diretório Nacional do PT, grupo ao qual pertence Quaquá?

A resposta a pergunta acima é: em termos. No sentido mais geral, trata-se da mesma estratégia, baseada na aliança com um setor do empresariado e da direita. Esta estratégia vem sendo implementada há décadas e está no fundo dos problemas que temos enfrentado, por exemplo, no governo e nas eleições de 2024.

Mas, como vimos entre 2003 e 2015, o grupo majoritário possui diversas frações. Nenhuma delas defende mudar a economia política do governo. Aplaudem Haddad hoje, como antes toleraram Palloci. Mas há diferenças importantes entre estas frações: uma delas reside no modus operandi dos governos encabeçados pelo PT.

Algumas frações são adeptas do “republicanismo”, outras defendem - corretamente - que o governo seja parte muito ativa da disputa política. Quaquá é adepto desta segunda postura. 

Que Quaquá seja, agora, um dos maiores porta-vozes desta postura e que o faça da forma como faz, com os argumentos que utiliza, com as alianças que pratica, com o estilo que lhe é peculiar, é apenas mais uma evidência dos limites da estratégia como um todo. 

Se o Partido não estiver disposto a construir outra estratégia - que não inclua alianças estratégicas com o grande capital e que reconstrua nossa presença organizado e cotidiana junto à classe trabalhadora, independente de estarmos ou não em governos - vamos continuar prisioneiros de alternativas que, por caminhos diferentes, não vão desembocar na “vitória final”.


quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Candido Vaccarezza: não há motivo para surpresa

O cidadão que aparece nesta foto abaixo já foi de esquerda. Muito de esquerda. Depois foi indo para a direita. Primeiro, dentro do PT. Depois, fora do PT. Hoje, apoia Nunes em São Paulo.



Quem quiser saber mais sobre o cidadão da foto, pode ler aqui, neste texto escrito em 2015: Valter Pomar: Vaccarezza: um problema de olfato?