quarta-feira, 1 de junho de 2022

Uma opinião sobre Alckmin e o golpe de 2016

Teoricamente, a candidatura a vice-presidente de Alckmin depende de uma votação que será feita no Encontro Nacional do PT, nos dias 9 e 10 de julho.

Entretanto, na prática, Alckmin já é tratado como vice de fato.

E o motivo é simples: já se sabe qual a posição da esmagadora maioria dos delegados e delegados com direito a voto no referido Encontro.

Delegados e delegadas eleitas, é bom lembrar, no segundo semestre de 2019.

Um dos objetivos visados por quem acatou a aliança com Alckmin foi e segue sendo atrair setores da direita não bolsonarista.

Sendo assim, confesso de público o que já informei no privado: algumas aparições de Alckmin me parecem contradizer este objetivo.

É caso da célebre cantoria da Internacional, no congresso do PSB: pode causar riso na esquerda, mas não ganha um voto na direita.

Crítica similar vale para a declaração feita por Lula na entrevista contida no link abaixo:

https://www.instagram.com/reel/CeOjD7llsgK/?igshid=MDJmNzVkMjY=

Não sei o que Alckmin terá dito a Lula nas conversas entre ambos.

Nem sei se Alckmin tinha algum tipo de reserva a respeito do impeachment. 

Em 2005-2006, por exemplo, ele foi contra defender o impeachment: preferiu apostar em deixar Lula "sangrar" até a derrota eleitoral, que como sabemos não aconteceu.

Mas independente disto, o fato - comprovável por uma simples busca nos arquivos jornalísticos da época - é que Alckmin apoiou publicamente, antes, durante e depois, o golpe contra Dilma em 2016.

E não vejo sentido algum em negar isto.

Afinal, se um dos objetivos de colocar Alckmin na vice era atrair um setor da direita, se a esmagadora maioria da direita apoiou o golpe e não se sente nem um pouco constrangida por isto, muito antes pelo contrário, que sentido faz negar a participação de Alckmin no golpe?

Votei no Diretório Nacional do PT contra esta aliança, mas agora que está feita, não vejo utilidade eleitoral alguma em tentar dourar a pílula. 


3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Nosso bravo Valter Pomar somente agora parece estar se desgarrando das correntes do autoengano.
    Não de todo, porém.
    Acorde, Pomar. A decisão pelo nome de Alckmin para a vice foi tomada faz mais de um ano. Quando Haddad saiu de seu encontro com Lula, lá no começo de 2021, o essencial, no referente ao PT, já estava resolvido.
    Eu mesmo, na minha insignificância de espectador, menos de um mês após o bombástico anúncio feito Mônica Bergamo e Kennedy Alencar – vazado, segundo Renato Rovai, pelo próprio Haddad - concluí que a vice-presidência para Alckmin era favas contadas.
    Qualquer um que se arvore seriamente a analista político apostaria que a decisão já fora tomada.
    O que levou você a não admitir a realidade do fato e insistir em formalidades de estatuto foi a sua condição sentimental de torcedor e sócio do PT, por menos que lhe agrade a atual diretoria da agremiação.
    Pomar, cadê sua capacidade de analista político? Casa de ferreiro, espeto de pau?
    Paulo Kliass resumiu com perfeição como a banda toca no Partido dos Trabalhadores:
    “Tendo em vista a imensa assimetria de forças que se verifica entre o candidato e seu partido, ocorre que o ex-presidente acumula para si a capacidade de decisão sobre questões essenciais de sua campanha e mesmo da estratégia eleitoral. Esse foi o caso, por exemplo, da escolha de seu vice-presidente e da definição das orientações para a concretização das alianças políticas e eleitorais nos Estados da federação. O candidato conta com um grande grau de liberdade para tomar as decisões e, caso necessário, depois o Partido dos Trabalhadores (PT) monta um jogo de cena para referendar as opções, já implementadas por Lula, em suas próprias instâncias internas de decisão.”
    Só faltou dizer o vero motivo pela decisão de ter o neoliberal e golpista Geraldo Alckmin como companheiro de Lula.
    Qual seja? - Facilitar ao máximo a realização do eterno sonho do PT-SP: as chaves do Palácio dos Bandeirantes.
    ...
    Valter Pomar, vamos a uma previsão razoável.
    Lula e Haddad se elegem. Haddad, na condição de herdeiro político reconhecido por Lula e governador de São Paulo(bem sabemos que todo governador desse estado é candidato “natural” a morador do Alvorada), será o candidato à presidência de Pindorama em 2026.
    Haddad é eleito. Lula merecidamente se aposenta, vai gozar a vida com Janja, e passa o bastão a seu herdeiro.
    Pomar, se a vida dos comunistas acomodados no PT já é ruim com Lula na chefia, imagine como seria com Haddad?...
    (Jucemir Rodrigues da Silva)

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