terça-feira, 11 de setembro de 2018

A orientação de Lula


As pesquisas divulgadas ontem, 10 de setembro, apontam para um segundo turno contra Bolsonaro.

Há muito estava claro que esta seria uma das consequências da impugnação da candidatura Lula.

O que está levando a extrema direita ao segundo turno é o atentado contra a democracia, contra o direito do povo de escolher, de forma livre e soberana, nosso presidente da República.

Quanto ao atentado contra Bolsonaro, este não rendeu votos novos, mas serve para manter a figura em evidência (compensando o seu pouco tempo no horário eleitoral gratuito) e consolida o núcleo duro do seu eleitorado, o que neste momento parece suficiente para levá-lo ao segundo turno.

A crescente possibilidade de Bolsonaro estar no segundo turno retroalimenta, por sua vez, a movimentação da “cúpula de elite” em direção à candidatura da extrema direita.

A situação recorda um pouco 1989: como hoje, naquela época faltava apoio popular para as candidaturas da “cúpula da elite” e sobravam votos para a candidatura que na época representava a extrema-direita.

Portanto, neste momento a elite já está votando útil.

O acordo da “cúpula da elite” com a extrema direita pode passar, por exemplo, pela adoção do parlamentarismo e da independência do Banco Central.

Quem irá ao segundo turno contra Bolsonaro?

Um segundo turno de Bolsonaro contra outra candidatura golpista é o cenário menos provável.

Especialmente menos provável que o Alckmin chegue lá. Os ataques de Temer, as dificuldades no estado de São Paulo, a prisão dos Richa, tudo complica a vida do picolé de chuchu.  

Marina, por sua vez, para ir ao segundo turno precisaria capturar parte do eleitorado que hoje vota em Lula. Algo bem mais difícil hoje do que no passado, embora nesta confusão ninguém deva ser considerado cachorro morto.

Um segundo turno de Bolsonaro contra uma candidatura que se opôs ao golpe é o cenário mais provável.

Segundo a pesquisa divulgada dia 10 de setembro de 2018, feita já sem considerar o nome de Lula, Ciro e Haddad estariam tecnicamente empatados na disputa para saber quem irá ao segundo turno enfrentar Bolsonaro.

É mais uma semelhança entre 2018 e 1989: candidaturas do PT e do PDT disputando quem irá ao segundo turno contra uma candidatura neoliberal de extrema direita.

Tudo dependerá de quem receber o apoio da maior parte do eleitorado que hoje vota em Lula. Neste sentido, como disse um companheiro, precisaríamos cometer muitos erros para que o PT não esteja no segundo turno. Mas este  mesmo companheiro alerta para o fato de que os golpistas não assistirão impassíveis a esta disputa e trabalharão para que o PT não esteja no segundo turno.

E quem vencerá o segundo turno? Isto não está dado.

Para começo de conversa, é bom lembrar: o golpe não terminou. As declarações do "ministro" do Exército deixaram isto muito claro. Novas maldades já estão em curso e outras virão nos próximos dias.

Portanto, o alerta de que “eleição sem Lula é fraude” segue plenamente válido. 

Precisamos ter um discurso firme e muita disposição de luta para impedir que a fraude se conclua, para impedir que o golpe dê mais um passo à frente, para levar o PT ao segundo turno, para fazer o 13 triunfar nestas eleições.

As pesquisas, mas também a lógica, indicam que a candidatura do PT tem todas as possibilidades de derrotar Bolsonaro, seja pela rejeição contra a figura, seja porque a esquerda pode e deve se mobilizar com maior potência do que em 2014, seja porque há a possibilidade de atrair setores democráticos que apoiaram o golpe, mas não querem um fascista na presidência.

Tudo isto é verdade, mas o bom senso manda que nunca subestimemos as chances de vitória do inimigo.

Em 1989, por exemplo, nos esforçamos para construir uma “ampla frente democrática contra o filhote da ditadura” e ainda assim fomos derrotados.

Claro, muita água passou por debaixo da ponte desde então, mas não devemos baixar nossa guarda.

Reiteramos: o golpismo continuará operando pesadamente contra Lula, contra o PT, contra a esquerda. 

Fatos novos podem ocorrer. Não se podendo descartar nem mesmo cenários aparentemente surpreendentes como um desfecho ainda no primeiro turno.

Claro que para que algo assim ocorra, além da polarização e do voto útil, seria preciso também que o lado de lá comparecesse e votasse de forma maciça e unificada; e seria preciso, igualmente, que parte importante do nosso eleitorado votasse em branco, nulo ou deixasse de comparecer.

Também por isto, mas não unicamente por isto, é decisivo que a campanha petista seja capaz de continuar dialogando com o povão.

Para isto, temos dois grandes argumentos: o primeiro e principal deles é Lula. Não só seu apoio, não só a lembrança de tempos melhores, mas também o compromisso claro e inegociável de liberdade imediata para Lula.

Até porque, se vencermos, no fundo terá sido Lula quem venceu as eleições.

O segundo argumento é lembrar que Bolsonaro, Temer, Alckmin, Meirelles et caterva são farinha do mesmo saco, todos alinhados integralmente com as políticas antipopulares do golpe.

A disputa contra Bolsonaro não é, portanto, apenas uma disputa sobre a democracia formal, as liberdades e o Estado de Direito.

O discurso sobre as liberdades democráticas é importante e deve crescer, mas não pode nem deve substituir o discurso econômico e social.

Como disse um companheiro, é preciso desmascarar e desmontar o programa econômico Bolsonaro/Paulo Guedes, como fizemos em 2014 com as propostas de Marina e Aécio. 

Afinal, Bolsonaro é cumplíce da destruição dos direitos trabalhistas, defende a reforma da previdência, é contra os direitos das mulheres. A mulher trabalhadora jogará um papel chave nessas eleições.

Por todos estes motivos, não devemos enfraquecer nem um tiquinho nossa crítica ao programa golpista, neoliberal, antipopular. Pelo contrário, devemos enfatizar nosso programa de revogação das medidas golpistas, de um programa de emergência em favor do desenvolvimento e das políticas sociais, assim como a defesa de uma Assembleia Nacional Constituinte.

Contra eles, nossa candidatura deve reafirmar o que somos: os mais anti-golpistas, os mais anti-neoliberais, os mais anti-política tradicional.

Por uma dessas coincidências misteriosas, a carta de Lula orientando nossa tática na reta final das eleições de 2018 vem a público numa terça-feira, 11 de setembro de 2018; também numa terça-feira, 11 de setembro de 1973, portanto há 45 anos, um golpe de Estado interrompia a “via chilena para o socialismo”.

Então, os golpistas triunfaram. Aqui a luta continua. Nosso triunfo é possível. Há muitas dificuldades entre os golpistas. Existem, é claro, muitas complicações e dificuldades também do nosso lado, que terão que ser administradas no curso dos combates, como conseguimos administrar as muitas dificuldades que foram superadas para que chegássemos inteiros e fortes neste momento, apesar das profecias, vaticínios e torcidas em contrário. 

Por tudo isso, seguiremos a orientação dada por Lula e transmitida pelo companheiro Fernando Haddad: vamos todos votar no 13, para fazer o Brasil feliz de novo.

Haddad presidente, Manu vice, Lula Livre!!!!







4 comentários:

  1. Até tu?..O PT perdeu uma oportunidade ímpar de ser GRANDE ....Como Lula não é Haddad e jamais será, o substituto perderá no 1o turno e daí irão pregar o voto útil na direita...e fim do caminho, legitimado pela esquerda cirandeira...salvar o STF e deixar o Lula ,único líder do partido..é o fim da picada, mas o que esperar de um partido que não liga para os companheiros que tombam? Melhor mesmo é irem para a Igreja a fazer penitências e caridades.

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    1. D. Sônia, às vezes chego a imaginar que há pessoas que pensam ter a cabeça, apenas para separar as orelhas.
      Dalva de Almeida

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  2. No seu Blog, o Guimarães demonstra com bastante propriedade que essas pesquisas Ibope e Data Folha esta o apresentado dados muito, extremamente duvidosos em termos de números e percentuais, em relação aos levantamentos do Instituto do Marcos Coimbra, que tem sido insuspeito. Ambos Data Folha e Ibope apresentam o Haddad com 13% e Data Folha hoje, com 17% , mas a semana passada, o proprio Datá Folha, apresentava um dado constatado e consolidado de que 30% de eleitores fieis já se declararam votar, com certeza em Haddad, se se levar em conta que cerca de mais 15% perderiam em também votar nele, Haddad já te rua que aparecer com mais de 35% no mínimo. Então, Eduardo Guimarães sugere que algum instituto está mentindo. Parecendo se desenhar uma fraude à favor de Bolsonaro equivalente ao da Proconsult, denunciada pelo Brizola e que fez se restabelecer a verdade dos números. Há um grupo de interessados que estão se dispondo a apresentar pedido o á Corregedoria Eleitoral para se apurar esses fatos.

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  3. O Instituto do Marcos Coimbra é o Vox Populi.

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