A política externa do atual governo Lula apresenta diferenças importantes em relação à política externa dos governos Lula 1 e Lula 2.
Algumas destas diferenças têm relação com mudanças ocorridas mundo afora, outras diferenças têm relação com mudanças ocorridas no Brasil.
Mas algumas mudanças estão relacionadas com alterações em certos parâmetros estratégicos adotados por quem decide e implementa nossa política externa.
Só isso explica a reavaliação do Tratado União Europeia-Mercosul ('Não queremos relação neocolonial com os europeus', diz Celso Amorim sobre acordo UE-Mercosul | Brasil 247) ou a postura frente a participação da Venezuela nos BRICS, para ficar só nesses dois exemplos.
Algumas destas "alterações nos parâmetros" são planejadas, outras são são fruto das circunstâncias, mas há também as que derivam do balanço de influências entre o presidente, sua assessoria internacional e o Itamaraty.
No passado, a assessoria internacional foi ocupada por Marco Aurélio Garcia, hoje é ocupada por Celso Amorim.
A assessoria internacional foi e segue sendo um dos canais através dos quais o Partido dos Trabalhadores faz chegar sua opinião acerca da política externa.
Por isso, mas também por razões profissionais (sou professor do bacharelado de relações internacionais da Universidade Federal do ABC), acompanho com atenção a atuação e as declarações dadas por Celso Amorim.
Geralmente concordo, muitas vezes discordo, mas as vezes simplesmente me surpreendo.
Por exemplo, quando Celso disse ("Um dia dramático", diz Celso Amorim à TV 247: "a primeira ação militar em solo europeu após a Segunda Guerra Mundial" | Brasil 247) que o ataque da Rússia contra a Ucrânia havia sido a "primeira ação militar em solo europeu após a Segunda Guerra".
Lembrei imediatamente do ataque da Otan contra Ioguslávia, em 1999: As bombas da Otan que deram início a uma nova era de guerras - BBC News Brasil
Mais recentemente, no início de novembro de 2025, em entrevista ao Globo (Celso Amorim alerta que discurso antiterrorismo pode abrir caminho a ataques na região), Celso disse que “desde 1902, não houve nenhuma ameaça de uso direto da força contra a América do Sul. Isso seria gravíssimo”.
1902?!
Para citar um único caso: e a Guerra das Malvinas?
Comentei sobre isto com um colega de trabalho, que me lembrou da seguinte declaração: Nem União Soviética faria o que Trump tem feito com Brasil, diz assessor especial de Lula a jornal | Exame
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