Este texto foi escrito a pedido de petistas que perguntam o que está acontecendo na eleição do Andes.
Expressa única e exclusivamente meu ponto de vista pessoal.
Na última semana de janeiro de 2025 acontece o Congresso do Andes Sindicato Nacional.
Depois do Congresso, acontece a eleição para a diretoria do Sindicato.
A eleição anterior para a diretoria do Andes foi disputada por três chapas.
A chapa menos votada era composta, majoritariamente, por militantes vinculados ao PSTU.
Outra chapa, a que ganhou, tinha no seu interior uma maioria vinculada ao PSOL e ao PCB.
A chapa que ficou em segundo lugar, intitulada “Renova Andes”, era composta majoritariamente por militantes do PT.
Faltou pouco para a chapa do Renova ganhar: cerca de 300 votos.
Detalhe: a chapa vencedora usou seu controle do aparelho para, entre outras coisas, impedir que pudessem votar os/as docentes da UFMG e da UF de São Carlos, universidades onde a chapa do Renova tinha grande apoio.
Na eleição deste ano, se não houver novas manobras, é possível que estas duas Universidades possam participar da eleição. O que supostamente aumentaria as chances do Renova.
Mas….
…. há uma crise no Renova, explicitada na divulgação recente de dois textos.
O primeiro texto foi divulgado pelos “renovistas” que defendem uma composição entre o Renova e a atual diretoria do Andes. O primeiro texto intitula-se "CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE INTERNO NO RENOVA ANDES. ELEIÇÕES ANDES -SN (2025-2027)", que posso enviar a quem solicitar.
Evidentemente, nem todo mundo que assina o primeiro texto concorda, admite ou assume que se pretende uma composição com a atual diretoria do Andes.
Mas vários dos que assinam o segundo texto têm "convicção e provas" de que se trata disso. E isso não surpreende, pois pelo menos desde a última eleição do Andes ficou evidente a existência, no interior do Renova, de uma divergência profunda de concepção sindical.
Esta divergência se manifestou durante a greve, no balanço da greve e na discussão sobre os critérios para composição da chapa.
Quem quiser compreender melhor as concepções em jogo, deve ler os dois textos.
Por fim: como este é um texto para petistas, uma informação adicional é necessária.
Nos dois textos, há signatários/as petistas e não-petistas. No primeiro texto, pró aliança com a atual diretoria do Andes, há uma hegemonia de petistas vinculados a tendência O Trabalho. No segundo texto, há um protagonismo compartilhado entre petistas independentes e petistas vinculados a DS, AE e CNB, entre outras.
O que vai acontecer nos próximos dias? Haverá o Congresso do Andes e nele se inscreverão os chamados triunviratos (presidente, secretário-geral e tesoureiro). Só pode inscrever chapa quem inscrever triunvirato. Mas não necessariamente quem inscreve triunvirato consegue inscrever chapa.
Mas pelos triunviratos poderemos saber se um setor do Renova vai conseguir se aliar com a diretoria, se a diretoria vai conseguir manter sua unidade, em que lugar estará o PSTU.
A única coisa que sabemos com certeza é que o Renova vai ter uma chapa. Afinal, esta é a decisão inarredável dos que lançaram o segundo texto.
Em 2023, tanto APUBH quanto ADUFSCAR não estavam filiadas ao ANDES-SN. Ou seja, não eram seções sindicais do ANDES-SN. As duas, no curso das manobras contrárias ao ANDES-SN feitas pelo governo Lula-Dilma no ciclo 2004-2013 para criar um entidade sindical paralela e que fosse dócil ao interesses do petismo-lulismo, foram contempladas com cartas sindicais próprias. Portanto, seus filiados não poderiam votar nas eleições do ANDES-SN. Seria como os filiados ao PSDB votarem nas eleições para as direções do PT. Valter, você bem sabe: a CUT-Articulação, desde Marcelo Sereno como secretário-geral ainda em 1998, fez de tudo para tomar e domar o ANDES-SN. Conseguiu apenas no ciclo 1998-2000, em uma aliança com o PSDB. Depois, preu em 2000, perdeu em 2002, perdeu em 2004 e não aceitou a derrota e, no gabinete de Tarso Genro, criaram a entidade fantasma PROIFES, que, nas greves, baixa nos gabinetes do governo para minar a greve do momento. Se os militantes do Renova estiverem preocupados de fato em construírem um movimento docente forte, autônomo em relação ao governo do momento e democrático na sua relação com a base, busquem a unificação com o direção atual do ANDES-SN, em uma chapa única que expresse a repulsa ao acordo imposto em 2024 e a necessidade da construção de uma nova greve.
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