sábado, 29 de março de 2025

Edinho e a selfie com Bolsonaro

Uma parte da tendência Construindo um Novo Brasil realizou, na sexta-feira 28 de março, uma reunião para dar apoio a pré-candidatura de Edinho Silva à presidência nacional do PT.

Há controvérsias sobre as consequências práticas do conclave. Uns falam que teria sacramentado o lançamento de duas chapas da CNB, outros dizem que teria acelerado a costura de um acordo entre as partes. Em qualquer dos casos, parece existir muito ressentimento acumulado.

Quanto à política que embasa a existência de duas ou mais “bandas” na CNB, recomendável ouvir no Instagram os “melhores momentos” do discurso feito no conclave por Edinho, para quem “derrotar o fascismo” ocupa lugar importante. 

É interessante contrastar esse “bordão” com a posição que o hoje pré-pré-candidato assumiu em 2022, quando propôs que Lula e Bolsonaro tirassem uma foto juntos, com o fito de “baixar a temperatura”.

Embora na época tenha lido a insólita proposta, apaguei a lembrança até que a provocação de alguém mais atento me fez ir atrás e confirmar.

Os bastidores não sei, só sei que foi publicado assim no UOL dia 4/11/2022:  Edinho disse que “o presidente Lula tem que tomar posse no ambiente de estabilidade institucional. Temos que criar as condições para tanto. Eu defendo que se abra um amplo diálogo com as próprias forças que foram derrotadas (…) Isso não é sequer consenso no meu partido, mas é a minha posição. Se existiu uma foto de Fernando Henrique e Lula na transição de 2002, por que nós não podemos construir essa foto agora com Bolsonaro e Lula, mostrando ao país que existe uma transição madura, adulta, dentro de um ambiente democrático? Isso seria um gesto que efetivamente baixaria a temperatura do Brasil".

Edinho comparou esta sua proposta com o que supostamente teria sido feito pelo “ex-chanceler alemão Konrad Adenauer, [que] quando foi empossado, se encontrou com lideranças do nazismo para depois destruir o nazismo. Do ponto de vista histórico, o encontro Lula e Bolsonaro pode ser importante e não significa nenhuma concessão".

Na história que estudei, Adenauer não “destruiu o nazismo”, muito antes pelo contrário. Mas o mais importante é que - como ficou demonstrado pelas investigações do STF - no momento em que Edinho queria fazer uma foto, Bolsonaro e os seus estavam (como seguem estando) numa vibe pouco amigável, digamos assim. 

Edinho aprendeu a lição? Pela ênfase beirando a temerosa que ele dá ao fascismo, pareceria que sim. Mas suas declarações acerca da “polarização” & outros assuntos mostram que ele segue não entendendo que para “destruir o nazismo” é preciso um partido para tempos de guerra, onde ninguém ache boa ideia fazer selfie com fascista.

O artigo citado pode ser lido aqui:

https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/11/04/coordenador-petista-defende-foto-de-lula-com-bolsonaro-transicao-madura.htm





quarta-feira, 26 de março de 2025

Juliano Medeiros e as armas

Viva Vera Colson Valente!

Vida eterna a todas e todos que lutaram contra a ditadura!

E pena, muita pena daqueles que acham necessário ressalvar a forma da resistência, como se isso a tornasse menos ou mais legítima.

Contra uma ditadura militar, toda forma de resistência é legítima, inclusive a armada!





segunda-feira, 24 de março de 2025

A grana e a luta "interna" da CNB

Saudades dos tempos em que nos engalfinhávamos publicamente em torno da estratégia, do programa, da tática, da política de alianças.

Agora para alguns a pauta principal é outra: o fundo eleitoral, o fundo partidário, a grana.

Não deixa de ser uma homenagem torta ao Lênin, que dizia algo mais ou menos assim: organização é política concentrada e política é economia concentrada. Mas tenho a impressão de que, ao falar de economia, Lênin tinha em vista algo um pouco mais amplo do que a tesouraria do Partido.

Saudades dos tempos, também, em que a luta interna se dava entre as chamadas esquerda e direita do Partido. Hoje, grande parte da disputa pública está se dando entre dois setores da CNB, que ao menos aparentemente estão de acordo quanto à linha política, mas também aparentemente divergem quanto ao controle da tesouraria.

Destaco o aparentemente, porque é óbvio que também existem divergências políticas. Mas infelizmente para eles e para o Partido, não é isso que sobressai, como se pode ler nas imagens que ilustram este texto.

Estou entre aqueles que acham legítimo debater as finanças do Partido. Mas é preciso fazer o debate de conjunto. Por exemplo: além de debater o que fazer com os fundos públicos, é preciso debater como reconstruir as finanças militantes.

Nosso partido tem 3 milhões de filiados. Com uma pequena doação de cada um, seria possível arrecadar uma soma muitas vezes maior do que o fundo partidário. Isso nos permitiria fazer mais política nos anos ímpares e, óbvio, chegar em melhores condições nos anos pares. Mais importante ainda, ter finanças militantes nos libertaria da dependência em relação ao Estado. Sem falar do constrangimento implícito na defesa de um fundo eleitoral bilionário e, também, do erro político que consiste em defender que partidos recebam recursos públicos para seus gastos cotidianos.

Infelizmente a CNB apoiou, no congresso partidário realizado em 2015, uma resolução que eliminava a obrigatoriedade da contribuição militante, que passou a ser restrita a apenas alguns segmentos do Partido. A CNB quer debater as finanças partidárias? Então sugiro começar pelo começo, reconstruindo nossas finanças militantes.

A CNB, ou uma parte dela, considera que há problemas na distribuição do fundo partidário e do fundo eleitoral? Perfeito, debate legítimo e necessário. Mas que tal começar admitindo ser inaceitável que desde 1995 uma mesma e única tendência controle a tesouraria? Explico: desde 1995, o setor do Partido que hoje usa o nome de CNB já abriu mão de todos os cargos partidários, já abriu mão até mesmo da presidência do Partido. Mas nunca, nunca, absolutamente nunca abriu mão da tesouraria.

No congresso do PT realizado em 2017, diante da enorme gritaria contra este monopólio, a CNB aceitou a instituição de algum tipo de controle. Mas o tesoureiro da época esvaziou este controle e absolutamente nada mudou. Portanto, no que me diz respeito, o principal problema existente na condução da secretaria não está nesta ou naquela pessoa, nesta ou naquela decisão: o problema está no monopólio da CNB. 

A tudo isso adiciono outra questão: a tentativa que faz uma parte da bancada de deputados federais, de assumir o controle do fundo eleitoral. Há outras questões que precisam ser debatidas quando se fala de finanças, mas paro por aqui.

Entretanto, para não dizer que não falei de flores: o presidente Humberto Costa afirmou - em entrevista ao jornal Valor, conforme matéria publicada no dia 24 de março - que "todos os atos da Secretaria de Finanças nas eleições foram votados e referendados pelo diretório nacional e pelo GTE". Há pelo menos um caso em que isto não ocorreu: a doação feita à Marta Suplicy, para ajudar na campanha de Boulos.

Havia divergências no GTE, ficou combinado que seria convocada uma reunião da executiva do Partido para deliberar. Mas antes que a reunião da executiva ocorresse, a transferência financeira foi feita. Dado o montante envolvido (dezenas de milhões de reais) e dada a divergência, é um escândalo que isso tenha sido feito desta forma. Mais escandaloso ainda fica, quando lembramos que bastaria convocar uma reunião virtual da executiva. 

Entretanto, vejam que curioso: neste caso o atropelo não foi cometido apenas pela atual tesoureira ou apenas por um setor da CNB. O atropelo foi cometido pelo conjunto da CNB, que agiu com base na teoria da maioria presumida. O que só confirma o que foi dito antes: o problema está no monopólio, monopólio que vem desde 1995. E o uso do cachimbo, como se sabe, deixa a boca torta.










 



domingo, 23 de março de 2025

Edinho e o fascismo

Nos dias 21 e 22 de março, o companheiro Edinho Silva esteve em Aracaju (SE). 

O tema central do discurso de Edinho foi o “fascismo”.

O problema central do discurso é que Edinho não respeita a premissa que ele próprio estabeleceu, a saber: “a gente não pode errar no diagnóstico”.

Edinho comete diversos erros no diagnóstico do fascismo e, portanto, erra no procedimento que propõe ao Partido.

Alguns dos erros de diagnóstico escapam da minha compreensão; é o caso, por exemplo, de suas afirmações sobre o sindicalismo e sobre o símbolo adotado pelos fascistas italianos nos anos 1920. 

Disse Edinho: “como nasce o fascismo? nasce no movimento popular nasce numa articulação do movimento sindical italiano aquele feixe que é o símbolo do fascismo é o símbolo do movimento sindical italiano”.

[estas e outras transcrições são de minha responsabilidade e podem conter alguns erros, mas nada que altere o sentido do que foi dito]

Mas o que realmente importa é o que Edinho não disse.

Edinho não disse uma palavra sobre a guerra mundial, que foi decisiva no surgimento da “primeira geração” do fascismo e do nazismo. 

Edinho também não falou nada sobre o ascenso revolucionário ocorrido - tanto na Alemanha quanto na Itália - depois da Grande Guerra. Foi em parte como reação a este ascenso que a classe dominante passou a financiar e a apoiar o fascismo e o nazismo.

E aí está outro silêncio de Edinho: zero referência sobre o papel das classes dominantes na ascensão da extrema-direita. 

O curioso é que Edinho fala da crise de 1929, mas não fala do que fizeram as classes dominantes frente àquela crise. Sua “análise” resume-se ao seguinte: “o mundo empobrece e nasce um nacionalismo de direita e o fascismo vai crescendo, crescendo”.

E quando fala do “que caracteriza o fascismo”, Edinho (supostamente apoiado em Gramsci) diz o seguinte: “culto à personalidade”, “expansionismo, portanto imperialismo, ocupar outros territórios a não aceitação do diferente e uma concepção extremamente autoritária”. E quem “eram os diferentes" na primeira metade do século XX? Eram "os imigrantes, os ciganos e os judeus”.

Nessa caracterização, desaparecem totalmente o capital e o trabalho. E desaparecem a esquerda, o socialismo, o comunismo, o marxismo, que também foram alvos prioritários do ataque da extrema-direita.

Finalmente, mas não menos importante, Edinho não fala nada sobre como o nazifascismo assumiu o controle institucional e depois total do Estado italiano e alemão. Nem fala sobre como o nazifascismo surgido nos anos 1920 foi derrotado. 

Dos anos 1920 Edinho pula para o início do século 21, dizendo o seguinte: a “crise econômica de 2008 (…) é uma crise longa do capitalismo e o que que acontece no pós 2008? O capitalismo, os capitalistas do começo do século XXI diziam não existe mais estado nacional, a dinâmica do capitalismo vai se dar pelas grandes corporações, são as grandes empresas do planeta que vão dar a dinâmica do capitalismo (...) o conceito de globalização é derrotado, a crise do capitalismo derrota o conceito de globalização. E o que que emerge com a derrota do conceito de globalização? …um nacionalismo xenofóbico”.

Não estou seguro de que eu tenha conseguido entender o que Edinho disse ou quis dizer. Mas tenho certeza acerca do que ele não disse: não há uma única palavra acerca do papel jogado pela China, pela Rússia, pelo Brasil, pela América Latina, pelos BRICS.

Certo ou errado, o “diagnóstico” de Edinho se limita a Europa e aos Estados Unidos. 

Talvez por isso ele não se dê conta de que sua crítica ao “nacionalismo xenofóbico e racista” presente nos slogans “Itália pros italianos a Espanha pros espanhóis a França pros franceses a Inglaterra pros ingleses  a Alemanha pros alemães e os Estados Unidos pros americanos e assim por diante” poderia ser estendida ao slogan “Brasil é dos brasileiros”.

Mas há outras limitações no diagnóstico de Edinho. Por exemplo: ele simplesmente não trata da dimensão econômica do que ele chama de nacionalismo xenofóbico e fascista. 

Sua caracterização do fascismo - culto a personalidade, expansionismo, não aceitação do outro e autoritarismo - omite completamente os interesses econômicos envolvidos.

Essa omissão, como é óbvio, é bastante confortável para quem mantém ou pretende manter boas relações com o capital financeiro e com o agronegócio. Assim como é conveniente para quem deseja manter boas relações com a direita neoliberal tradicional.

Nesse particular, chega a ser tocante ver a passada de pano que Edinho dá em Macron (“o Macron faz piruetas na França para que os fascistas não se tornem maioria no parlamento francês”)  e nos Democratas gringos (“a ofensiva do Trump contra o partido democrata americano é algo inédito na história dos Estados Unidos, ele foi pra cima pra aniquilar o partido democrata, que é uma instituição secular”). 

Na vida real, precisamos lembrar, Macron e Biden pavimentaram o caminho para a extrema-direita. 

Edinho diz que o “erro" do "mundo democrático” foi achar que “o Trump estava enterrado”. Da minha parte, acho que o erro de parte da esquerda (inclusive Edinho) foi e pelo visto segue sendo não perceber que Trump e outros iguais a ele expressam uma tendência do capitalismo contemporâneo. 

Perceber isto leva a seguinte conclusão: a presença de uma grande mobilização anticapitalista aumenta as chances de vitória da luta contra o neofascismo.

Dito de outra forma: se queremos triunfar, não basta contrapor democracia versus neofascismo. Aliás, se adotarmos o “procedimento” proposto por Edinho, o que aconteceu nos Estados Unidos - o regresso da extrema direita - tem grandes chances de também acontecer aqui no Brasil.

De maneira geral, o raciocino de Edinho me recorda aquela frase: “ouviu o galo cantar e não sabe aonde”. 

Por exemplo: Edinho comenta a relação entre “as mobilizações de junho de 2013” e a “criação do bolsonarismo”. E diz que - “via redes sociais” - aquele movimento girou para a direita. Edinho omite completamente o papel da Rede Globo naquele episódio. 

Outro exemplo: Edinho diz que “a gente vê o momento de junho de 2013 sendo a base da direita que se mobiliza contra a reeleição da Dilma e dá sustentação pro golpe”. Edinho esquece que entre 2013 e 2016 nós vencemos a eleição de 2014. E omite que em 2015 implementamos uma politica econômica ortodoxa que confundiu, desmobilizou e dividiu nossa base, facilitando a ação dos golpistas.

As omissões de Edinho, como se vê, são frequentes. Ele geralmente esquece de tudo que contradiz a linha politica que sua tendência defende.

Por exemplo: a “teoria” de Edinho sobre a “direita anti-sistema”. 

Qualquer análise séria sobre o tema deveria reconhecer que a extrema-direita está profundamente enraizada e apoiada em instituições totalmente sistêmicas: as polícias, as forças armadas, as igrejas, os meios de comunicação, as empresas, o congresso nacional, a burocracia de Estado. 

Mas como Edinho quer ser o campeão do “sistema”, ele não pode reconhecer que o neofascismo é um dos filhos do grande capital com as instituições do Estado.

Um segundo exemplo: a “crise na democracia representativa”. 

Edinho fala da superfície do problema - as abstenções, a descrença popular etc.- mas não se pergunta sobre as causas de fundo. Entre as quais a incompatibilidade entre capitalismo e democracia popular, especialmente nos momentos de crise.

Com um diagnóstico tão cheio de lacunas, não admira que Edinho diga tolices como a seguinte: “em 2018 elege um presidente da república com 25 segundos de televisão e sem nenhuma aliança num voto anti-sistema, num voto contra o sistema”. 

A verdade é outra: o cavernícola foi eleito pelo sistema, parte dele pelo menos, contra nós. O discurso anti-sistema foi, digamos assim, uma ferramenta política utilizada para cooptar setores da classe trabalhadora e para confundir dirigentes que tem mais empáfia que estofo.

O único remédio contra a demagogia antisistêmica da extrema-direita é a sinceridade antisistêmica da esquerda. Nós somos anti-sistema e devemos agir de acordo com isso. 

Seja como for, como Edinho não conseguiu diagnosticar o problema, tampouco consegue explicar corretamente nossa vitória de 2022. 

Segundo ele: “impusemos uma derrota ao fascismo porque era o Lula e porque era o Brasil pós pandemia, porque o bolsonaro errou terrivelmente na pandemia”.

Ser o Lula ajudou, óbvio. Mas por que os mesmos que prenderam tiverem que soltar Lula? Por que parte dos golpistas de 2016 se aliou aos então golpeados? A resposta não é apenas nem principalmente a política do cavernícola na pandemia. A resposta está, ao menos em parte, nas contradições no interior da classe dominante. 

Ademais, Lula ajudou na vitória por qual motivo? É óbvio que pesou a reação popular contra a economia política ultraliberal. O que deveria nos levar a ganhar total distância de qualquer tipo de austericidio neoliberal. Assunto que não aparece no discurso de Edinho.

Edinho fala de racismo, de homofobia, de machismo, de misoginia. Mas não fala nada acerca do neoliberalismo, do capital financeiro, do agronegócio. E quando fala de algo correlato, Edinho erra na mão. 

Exemplo: segundo Edinho, o “pior” do bolsonarismo seria não permitir e não aceitar a “ascensão social”. A rigor, a extrema direita defende um tipo de ascensão social: meritocrática e baseada na prosperidade exclusivamente individual. 

Isto tudo posto, Edinho conclui que “o PT tem que estar mais organizado do que ele está hoje para enfrentar e derrotar o fascismo”. Isto é verdade, mas está muito longe de ser toda a verdade. A rigor o PT precisa estar mais organizado para derrotar o neoliberalismo, seja na vertente  neofascista, seja na vertente direitista tradicional.

No discurso de Edinho em Aracaju, é como se o neoliberalismo não existisse. Ou, se quisermos falar do mesmo assunto, mas a partir de outro ângulo, é como se não existissem a hegemonia do capital financeiro e do agronegócio, em consórcio com o imperialismo. 

Para além deste torcicolo estratégico, Edinho adota um procedimento irresponsável: ele fala dos problemas do PT como se ele e sua tendência não fossem os principais responsáveis pelos problemas que cita.

Por exemplo: “não existe partido forte se as instâncias não funcionarem, para o partido ser forte tem que ter democracia interna, para ter democracia interna as instâncias tem que funcionar, diretório tem que se reunir, executiva tem que se reunir e o partido tem que ter organização popular”; “temos que perguntar por que nós estamos perdendo base social e base eleitoral”.

Ao invés de falar da linha política e organizativa hegemônica no Partido, Edinho faz uma catilinária diversionista sobre “o processo de modernização do sistema produtivo", "a robótica avançou as novas tecnologias”. 

Claro que o tema é muito relevante, mas não é a IA nem a uberização que explicam o déficit organizativo do Partido. 

Tanto isto é verdade que Edinho corretamente defende medidas “nostálgicas”, que poderiam estar sendo implementadas se o grupo atualmente hegemônico no Partido e ele próprio não tivessem adotado o método de falar uma coisa e fazer outra. 

Outro exemplo deste discurso de PED é a crítica que Edinho faz acerca da relação entre mandatos e instâncias.

Registre-se que, sobre o chamado mundo do trabalho e sobre o sistema prisional, Edinho emite várias opiniões  corretas. Assim como ele está certo ao falar da importância da economia solidária. Mas de nada adianta falar de economia solidária e não falar nada contra o capital financeiro, contra o agronegócio. Ou nada falar a favor da industrialização.

No fundo, Edinho capitula frente a atual correlação de forças. E como capitular é politicamente incorreto, ele tenta naturalizar o status quo

Um exemplo dessa naturalização é o seguinte: "muitas vezes a gente fica reclamando do governo do presidente Lula (…) o governo do presidente Lula é um governo de coalizão (…) o Brasil não é mais presidencialista, nós não somos mais presidencialistas, quando o congresso executa mais de 50 bilhões em emendas esse regime é qualquer coisa menos presidencialista (…) como é que você volta para trás e traz de novo a capacidade de execução orçamentária para a mão do executivo? só se fizer uma reforma constitucional, mas se for fazer uma reforma constitucional hoje o Brasil será pior do que hoje, porque o Chile a gente viu isso, o Chile foi fazer uma reforma constitucional, o Chile saiu mais de direita do que era, então nós não temos correlação de força para fazer reforma constitucional, portanto a gente vai viver o próximo período em um governo de coalizão”.

A lógica é paralisante: a direita está cometendo uma ilegalidade, esta ilegalidade causa imensos danos, mas se tentarmos acabar com isso a coisa pode piorar, logo vamos atuar nos marcos das coisas como elas são. E como faríamos isso?

Edinho diz assim: "governo de coalizão é um governo onde vários partidos estão nos ministérios, a pergunta que a gente tem que fazer é qual é o papel do PT no governo de coalizão, o papel do PT é disputar os rumos do governo via os nossos parlamentares que são parlamentares combativos".

Confesso que é impressionante ouvir isso: vamos disputar o governo através de nossos parlamentares. Zero menção a pressão e mobilização social, zero menção a ação do próprio governo, que tem muita margem de manobra.

Edinho, corretamente, cita bandeiras do Partido que devem ser defendidas. Mas ele diz assim: "temos que pautar no governo a universalização da educação integral, que a gente coloque até 2035, não sei quando, mas coloque lá que o Brasil vai ter educação integral (...) mesmo que a gente tome pau na comissão de justiça, tome pau na comissão de finanças, mas até o projeto morrer a gente já fez 20 audiências públicas, nessas 20 audiências públicas que nós vamos levar o debate pra dentro do congresso".

Sobre o tema das creches, Edinho diz assim: "eu acho que a gente tem que ir pra dentro do congresso e debatermos com os nossos parlamentares".

Ou seja: vamos disputar o governo de coalizão no congresso e através do Congresso. Zero menção à pressão social, à mobilização popular. Não sei como, agindo desta forma, vamos conseguir "polarizar com o fascismo".

Para não dizer que não falei de flores, Edinho diz que o tema da segurança pública deve ser discutido "com a sociedade brasileira, porque se nós tivermos uma agenda, a gente fura a bolha da polarização que hoje é como se a gente vivesse num grande estádio de futebol de um lado a torcida A grita do outro lado a torcida B grita e a gente fica vendo quem é que grita mais alto e num estádio onde todo mundo grita ninguém conversa, e onde não conversa ninguém convence a gente precisa convencer quem votou no Bolsonaro na última eleição a gente tem que convencer da nossa proposta e aí nós temos que conversar".

Claro que devemos conversar. Mas a polarização que existe na sociedade não vai desaparecer, se nós da esquerda conversarmos. A polarização é um efeito colateral da crise do capitalismo, mais precisamente da estratégia que o grande capital adotou frente a esta crise, a saber: aumentar a exploração do trabalho. É isso que causa polarização. Não há "conversa" que resolva isto. O grande capital e quem os representa na disputa política precisam ser derrotados.

Portanto, uma coisa é a necessidade de "conversar" com o conjunto da classe trabalhadora, inclusive com aqueles que votam e apoiam nossos inimigos. Outra coisa é a postura que devemos adotar frente ao grande capital e a seus representantes. Aqui fica evidente o problema criado quando, na análise do fascismo, Edinho omite totalmente a relação entre a extrema-direita e a classe dominante.

Edinho terminou seu discurso dizendo que "o centro da nossa tática é a gente derrotar o fascismo em 2026" e que "só tem uma figura capaz de derrotar o fascismo é o presidente Lula".

Curiosamente, Edinho incorre aqui no erro que ele diz ter criticado num texto elaborado em 2018. A saber: derrotar o fascismo é uma coisa, derrotar eleitoralmente o fascismo é outra coisa. Óbvio que precisamos vencer em 2026, óbvio que Lula é nossa melhor candidatura. Mas deveria ser óbvio, também, que para derrotar o fascismo, é preciso fazer muito mais do que vencer eleições, é preciso fazer muito mais do que administrar.

Infelizmente, desse muito mais que é preciso fazer, Edinho só fala de uma: "pra derrotar o fascismo o PT sozinho não consegue", "o PT sozinho não derrota o fascismo". Isto é verdade. Mas a questão é: a depender das alianças que façamos, a depender do programa adotado, não criaremos as condições econômicas, sociais e políticas necessárias para derrotar o fascismo.

Dizendo de outra maneira: aqui no Brasil, o fascismo se alimenta do neoliberalismo, o fascismo defende bandeiras neoliberais. Por isso, se queremos derrotar o fascismo, é preciso derrotar o neoliberalismo. E isso impõe limites às alianças que podemos fazer.

Assim, o problema para "nossas gerações" vai além de "derrotar o fascismo no Brasil". Se queremos derrotar a extrema-direita, teremos que enfrentar o capitalismo realmente existente no Brasil,  a começar pelo capital financeiro e o agronegócio.

Se queremos "ter unidade", se queremos caminhar "com um único projeto e um único objetivo", se queremos ser não um partido "democrata" e "progressista", mas sim um partido das trabalhadoras e dos trabalhadores, então é preciso atacar o fascismo, mas também o capitalismo realmente existente em nosso país.


sexta-feira, 21 de março de 2025

Tribuna Independente


Segue a íntegra das perguntas e respostas citadas na matéria acima e disponível no endereço https://www.google.com/url?rct=j&sa=t&url=https://tribunahoje.com/noticias/politica/2025/03/21/153906-candidatura-de-medeiros-recebe-apoio&ct=ga&cd=CAEYACoTNjI1NjkxODYxNzY4OTA5ODI3MTIaZjNkOTMwNmNmNDJiNjczNzpjb206cHQ6QlI&usg=AOvVaw3UZOXms4Kp-zaKFhpJL3RS


 1. Candidatura à Presidência do PT: Quais são as principais mudanças que você pretende implementar no PT caso seja eleito presidente, especialmente em relação à atual condução do partido? 

A primeira mudança é acabar com essa distorção presidencialista. O PT é um projeto coletivo, abraçado por dezenas de milhões de pessoas, eleitores, filiados, militantes e dirigentes. Precisamos ter direções que funcionem com espírito de equipe. Obviamente isso exige muita democracia interna, muita formação política, muita comunicação, diretórios que se reúnam com regularidade. E reforçar nosso vínculo com a classe trabalhadora, a juventude, as mulheres, os negros e negras. O papel do PT é ser um instrumento da classe trabalhadora, na luta imediata por melhorar de vida e na luta histórica por uma sociedade socialista.

2. Articulação de Esquerda: Como a tendência Articulação de Esquerda pode contribuir para a revitalização do PT e a construção de uma agenda que atenda às demandas da população? 

O PT possui o direito de tendência. Em 2019, quando elegemos o atual Diretório Nacional do PT, havia 14 tendências! Mas a maioria dos filiados ao PT não pertence a tendência alguma. E uma das preocupações da tendência de que eu faço parte - a Articulação de Esquerda - reside exatamente em garantir que tendência seja um direito, não uma obrigação. O petista sem tendência precisa ter seus direitos garantidos. Isso certamente vai ajudar a revitalizar o PT. Ao mesmo tempo, é preciso organizar nossa atuação. Os petistas estão na base, onde moram, onde trabalham, onde estudam, onde se divertem. Mas as direções muitas vezes não estão onde os petistas estão. É preciso que nossos diretórios cuidam de participar e organizar as lutas cotidianas do povo. É preciso dar mais atenção para as lutas do que para as eleições. Até porque, estando presente na luta pelas demandas da população, vamos também manter e ampliar nossa votação.

3. Lançamento de Candidaturas Locais: Qual a importância do lançamento da candidatura de Ronaldo Medeiros para a presidência do PT em Alagoas e de Ale para a presidência do PT em Maceió no contexto nacional do partido? 

Nos dois casos, são candidaturas que tem afinidade com o que nós da AE pensamos. O PT não tem dono. 

4. Educação e Política: Como sua experiência como professor de História e membro da Fundação Perseu Abramo influencia sua visão sobre a política atual e as estratégias que o PT deve adotar?

Eu valorizo muito nossas tradições. A esquerda brasileira não começou com o PT. Nossa história de luta começa lá atrás, com o indígena que combateu o invasor europeu; com o escravizado que se rebelou e aquilombou; com o camponês que enfrentou o latifundiário; com as greves operárias que antecederam a criação do Partido Comunista; com os que lutaram contra a ditadura militar; e assim por diante. E a história do PT também não começou ontem. Essas lutas todas foram possíveis porque existia gente animada por uma causa. Hoje a gente chama isso de “militância”. E nossa causa é uma sociedade sem exploração nem opressão. Há no PT diferentes visões acerca de como deve ser o socialismo e sobre qual estratégia devemos adotar para conquistar o socialismo. Eu defendo o que está na resolução do sexto congresso do PT, realizado em 2017. Daquele congresso eu destaco duas questões: ser governo não basta, precisamos de poder; e poder só teremos quando a maior parte das nossas classes trabalhadoras estiver consciente, organizada e mobilizada.

 5. Construindo um Fato Político: Qual a sua expectativa em relação à repercussão desta visita a Maceió e como você acredita que isso pode impactar o cenário político local e nacional?

Minha expectativa é primeiro escutar a opinião do Partido em Alagoas e Maceió, pelo menos a opinião de quem se dispuser a conversar conosco. E espero contribuir para que nossas candidaturas e chapas sejam bem votadas no Ped de 6 de julho. Eleger uma nova direção para o Partido vai nos ajudar muito na eleição de 2026, mas principalmente vai nos ajudar a transformar o Brasil.

quinta-feira, 20 de março de 2025

Declaração de voto sobre a eleição de Humberto Costa

 Declaração de voto

Hoje, dia 20 de março de 2025, ocorreu uma reunião do Diretório Nacional do PT.

A reunião começou as 9h da manhã e terminou as 10h39.

A reunião foi convocada para tratar de um único tema: eleição do presidente.

Posteriormente, durante a reunião, agregaram a pauta outros temas: recomposição do DN, recomposição da CEN e composição do conselho curador da FPA.

No inicio da reunião, pedi a palavra para fazer cinco observações: primeiro, solicitar a inclusão na pauta de pelo menos um tema político, a saber, o que o Partido fará nos dias 31 de março e 1 de abril, datas do golpe militar de 1964; segundo, lembrar que embora o DN de 7/12/2024 tenha decidido que o tema “comissão de ética Quaquá” seria tratado na primeira reunião da CEN, já estamos indo para a segunda reunião da CEN em 2025 e o tema ainda não foi tratado; terceiro, perguntar como será o procedimento relativo ao pedido que fiz, acerca das filiações excessivas registradas no dia 28 de fevereiro, a saber: recadastramento, conforme prevê nosso estatuto; quarto, solicitar que se dê publicidade aos dados relativos a quem deve ao Partido; quinto, antecipar minha abstenção com declaração de voto no tema da presidência.

A seguir, conforme prometido, apresento por escrito as razões de minha abstenção: 1/considero que o processo de substituição da companheira Gleisi Hoffmann foi encaminhado, na reunião da Comissão Executiva Nacional, de forma ilegal e ilegítima (provavelmente nada disto teria ocorrido se a tendência CNB tivesse se dado ao trabalho de fazer consultas prévias aos demais setores do Partido); 2/nesse contexto, votar a favor seria em alguma medida validar um processo que começou errado; 3/ademais, levei em conta para me abster as opiniões do companheiro Humberto, especialmente as suas posições preliminares acerca do PED e das novas filiações. Mesmo sendo um presidente interino, prefiro levar em conta certo ensinamento de Nelson Rodrigues.

Finalizo registrando que – apesar da extrema tolerância com que se acrescentaram novos votos, mesmo depois de proclamado o resultado ´- o cômputo final foi de 63 votos a favor de Humberto, zero voto contra e 5 abstenções (o número inicial de votos anunciado foi de 57). Nas outras duas votações ocorridas no DN, o resultado foi 48x4 (inclusão do companheiro Everaldo na CEN como vice) e 59x0x0 na composição do conselho curador da FPA. Isto aconteceu, lembro, em um Diretório que tem 94 integrantes.

Atenciosamente

Valter Pomar


Finanças do PT em debate

A imprensa continua explorando a luta interna na tendência "Construindo um Novo Brasil".

O lance mais recente foi matéria publicada no jornal O GloboCom histórico de escândalos, cargo de tesoureiro do PT é ponto central do racha na eleição interna | Política | O Globo

Para quem não é assinante, disponibilizo ao final o print da referida matéria.

O jornalista que assina a matéria me escreveu, antes da matéria ser publicada.

Reproduzo abaixo algumas perguntas feitas por ele e o que respondi:

Estou com uma dúvida que ainda não vi ninguém responder. O Edinho já se mostrou contrário a uma eventual continuidade da Gleide na secretaria de Finanças do partido. Mas ele já apontou quem ele gostaria que ocupasse o cargo, caso vença?

Só ele saberá responder a esta pergunta. Da minha parte, espero que ambos - Edinho e Gleide - sejam derrotados. Assim o problema será resolvido na raiz.

E a chapa da AE, por exemplo, já tem um nome proposto para essa posição? Pergunto porque é uma posição importante. E parece que a candidatura do Edinho a transformou em um cavalo de batalha para a própria candidatura

Nossa proposta sobre a tesouraria é: que o próximo tesoureiro não seja da tendência CNB; que exista um comitê de finanças, composto por integrantes do Diretório Nacional, que supervisione o trabalho da tesouraria. Isto posto, a postura do Edinho nesta questão é expressão daquela frase “o uso do cachimbo deixa a boca torta”. A relação entre o presidente e o tesoureiro NÃO é a mesma que existe entre, digamos, um prefeito e seu secretário de finanças. No PT não é o presidente que escolhe o tesoureiro. O tesoureiro é eleito pelo DN. E não está escrito em nenhum lugar que o próximo tesoureiro será da CNB. É verdade que desde 1995 (!) este cargo tem sido ocupado por gente deles, mesmo quando o presidente não era deles. Mas isso tem que mudar. O problema é que Edinho não quer democratizar a tesouraria. Quer apenas mudar a pessoa que controla, mas mantendo dentro do mesmo grupo e com os mesmos métodos. Não temos nome, portanto, temos um critério. Quem tem nome já está sentando na cadeira. E agindo como se tivesse um poder que não tem.

Sobre este assunto, sugiro ler também o que está no seguinte texto: Valter Pomar: Edinho e Deus

Reproduzo abaixo:

O PT tem umas coisas engraçadas. Uma delas é o esquecimento seletivo. Por exemplo: quase todo mundo lembra quem nomeou Joaquim Levy. Mas muita gente esquece ter feito parte dos 55% que votou a favor da continuidade de Levy, no Congresso petista realizado em Salvador, no ano de 2015.

Um caso semelhante está ocorrendo agora, na discussão sobre quem seria "culpado" pela ilegal e ilegítima decisão que introduziu a possibilidade de dirigentes exercerem mandatos vitalícios na executiva nacional do Partido.

Quase todo mundo lembra que Gleide Andrade votou a favor. Mas muita gente esquece quem defendeu a proposta: a presidenta Gleisi Hoffmann, José Guimarães e Romênio Pereira, por exemplo. E muita gente também esquece quem votou a favor da proposta: quase toda a bancada da tendência Construindo um Novo Brasil presente na tal reunião do Diretório Nacional do PT; sem falar do voto favorável de vários de seus aliados, sem o quê a proposta não teria sido aprovada com 60 votos. 

(As exceções na bancada da CNB, segundo duas fontes, teriam sido pelo menos as seguintes: Paola Miguel, Zeca Dirceu, Patrícia Melo e Reginaldo Lopes.)

Aliás, uma imprensa séria pesquisaria algo óbvio: quem são os dirigentes que completaram três mandatos e que teriam que sair da executiva, se a regra não fosse aprovada? Cui bono?

Mas vamos dar um desconto. Afinal, a preocupação seletiva com Gleide Andrade é compreensível, quando se leva em conta que, desde 1995 até 2025, a tesouraria do Partido foi ocupada por integrantes de uma mesma corrente política. 

Com o perdão de algum esquecimento, os tesoureiros foram: Clara Ant, Delúbio Soares, José Pimentel, Paulo Ferreira, João Vaccari, Márcio Macedo, Emídio de Souza e, agora, Gleide Andrade. Não cito aqui a nominata de tesoureiros das campanhas presidenciais, mas recordo que um deles foi Edinho Silva, em 2014.

Entre 1995 e 2025, a referida corrente política aceitou até mesmo ficar sem a presidência do Partido. Mas ficar sem a tesouraria, nunca, jamais, em tempo algum.

É neste histórico que chafurdam matérias escrotas como a publicada na coluna do Lauro Jardim. A tal matéria está copiada ao final, mas também pode ser lida aqui: A única chance de Edinho não presidir o PT 

Evidentemente, as divergências no interior da CNB não se limitam a saber quem será tesoureiro. E as chances de Edinho dependem de outros fatores, entre os quais um bem simples: ele precisa ter maioria de votos entre os filiados que vão votar no dia 6 de julho de 2025. E o fato é que - apesar da notícia divulgada por Romênio Pereira (ver ao final), segundo quem haveria 250 mil novas filiações chegando aí - a situação na CNB está bem complicada.

Tanto é assim que um dos tesoureiros (artigo masculino) listados acima contou, obviamente em tom de brincadeira, que a sigla CNB quereria na verdade dizer "Construindo uma nova briga".

Talvez por isso Edinho esteja enfatizando tanto ser - por enquanto - o "preferido". 

E quem sabe para manter a tal preferência em alta, ele às vezes deixe a emoção dominar. Um exemplo disto pode ser visto aqui: Edinho Silva | O Brasil tem diante de si uma nova oportunidade histórica: a Costa Equatorial. Precisamos transformar essa riqueza em emprego para a... | Instagram

Para quem não tem Instragram, transcrevo: "Deus gosta muito do presidente Lula, ninguém tem dúvida disso. Ele jogou no colo dele o pré-sal. Veio o golpe só pra privatizar o pré-sal. Aí deus disse assim: “Calma, Lula! Vou te dar a costa equatorial. Se preocupa não.” Nós temos que traduzir a costa equatorial em emprego pra juventude, em ciência e tecnologia, na universalização da educação integral, na universalização do direito à creche. Nós temos que traduzir essa riqueza como um projeto de futuro para o Brasil, em transição energética. Nós somos o país que o mundo vai ter que discutir com a gente a transição energética. Então nós temos que abrir esse debate de futuro, principalmente a juventude do nosso país. Nós temos que simbolizar a esperança do nosso povo, nós temos que voltar a simbolizar a esperança".

Deixo para outra hora um comentário sobre as sutilezas teológicas, geológicas e psicológicas do raciocínio acima. Limito-me a manifestar minha esperança de que ninguém se apresente, no PED, como sendo mais um presente que Deus teria dado a Lula.

Afinal, como se sabe, o excesso de velas costuma por fogo na igreja.

SEGUE ABAIXO A MATÉRIA CITADA ACIMA

A única chance de Edinho não presidir o PT

A única chance de Edinho não presidir o PT 

Existe uma possibilidade de Edinho Silva não presidir o PT, mesmo sendo o candidato de Lula. E ela está atrelada a chance de Gleide Andrade continuar como tesoureira do PT. Isso porque causou incômodo a mudança no estatuto, batizada de "Emenda-Gleide", que permite a recondução dela ao posto após três mandatos consecutivos.  Gleide teria que ser eleita. Mas em um jantar na semana passada com aliados, Edinho disse não aceitar a manutenção dela sequer como candidata. Quer no posto-chave alguém de sua confiança. Só de fundo partidário entrarão no caixa do partido R$ 140 milhões em 2025. E é o tesoureiro quem cuida desse montante. No ano que vem, ainda terá o fundo eleitoral de estimados mais de meio bilhão de reais. Nenhum presidente, portanto, abre mão de indicar alguém mais afinado com ele para o posto. Mas Lula, que quer Edinho presidente do PT, vai botar o dedo nesta cumbuca. Nesta semana Gleide deve ser anunciada para algum cargo dentro do Palácio do Planalto

SEGUE TRECHO DA ENTREVISTA DE ROMÊNIO PEREIRA AO MANIFESTO PETISTA

Entrevista com Romênio Pereira - Candidato a Presidente Nacional do PT #pt #esquerda #socialismo

"Primeiro, eu acho que a... nós vamos estar terminando agora pelas informações que eu estou tendo, parece que é em torno de 200 a 250 mil novos filiados. É bom, é ótimo, mas eu espero que esses filiados venham para debater a política, para que venham para debater qual o caminho do PT, não qual o papel aí, Douglas. Você fez uma pergunta que é pertinente. Eu espero que muitos desses filiados que nós estamos filiando, não sejam filiados que venham fazer o debate do fundo eleitoral, porque em muitas situações nós estamos trocando o debate da política por como destinar o fundo eleitoral. Essa é uma preocupação que todos nós devemos ter. Então, eu espero que companheiros e companheiras pelo país não estejam filiando pessoas da direita".