Num debate
de que participei recentemente, ouvi a defesa de que após a crise, talvez venha
um “momento socialdemocrata”.
Por óbvio,
quem falou isto não estava referindo-se a socialdemocracia brasileira, nem
tampouco a outras variantes neoliberais da socialdemocracia.
Por “momento
socialdemocrata”, fazia referência a altos níveis de bem-estar social e de
liberdades democráticas.
Pode ser que
seja este o cenário pós-crise?
Pode ser,
sempre pode ser.
Mas também pode
ser um cenário Global Mad Max.
Ou um
cenário de expansão capitalista, com mais desigualdade e menos liberdade, sem
falar de mais opressão das periferias pelas metrópoles.
Mas
suponhamos que o cenário seja o melhor dos mundos: um cenário de mais igualdade
com mais liberdade.
A pergunta é:
o que vai tornar possível este cenário?
Uma
epifania?
Todos os
capitalistas do mundo inteiro vão receber uma mensagem divina e vão mudar seu
jeito de ser, de agir e de pensar?
Se houver
alguma lógica na história, a única coisa que pode fazer os capitalistas
aceitarem fazer grandes reformas, é o medo de uma grande revolução.
Portanto,
quem de verdade quer um “momento socialdemocrata”, devia torcer o bastão para a esquerda.
Foi isso o
que ocorreu depois dos 30 anos de crise, entre 1914 e 1945.
O chamado
Welfare State só foi possível, em uma pequena e relativamente pouco povoada
região do mundo, depois de uma hecatombe, no curso da qual ocorreu uma onda revolucionária.
O “momento
socialdemocrata” que existiu até hoje não foi produto da evolução espontânea do
capitalismo, nem de sua auto reforma, mas sim foi imposto à classe dominante em
circunstancias muito especificas.
Entre estas circunstâncias,
é preciso lembrar a existência do imperialismo em geral e dos Estados Unidos em
particular, o que facilitou aos capitalistas europeus fazer as concessões que
fizeram.
A julgar por
esta experiência histórica, se não houver uma pressão socialista
revolucionária, não haverá nada de positivo, nem mesmo uma socialdemocracia.
Por isso, até quem se contenta com o programa mínimo, deveria estimar melhor a importância de defender o programa máximo.
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