Em artigo publicado
recentemente pelo Instituto Humanitas UNISINOS (ver ao final), François Houtart
argumenta que “uma série de fatores permite sugerir um esgotamento das
experiências pós-neoliberais, partindo da hipótese que os novos governos foram
pós-neoliberais e não pós-capitalistas”.
A discussão
sobre o que os governos “foram” compreende pelo menos três dimensões
diferentes: o que os partidos de governo desejavam
como objetivo final, a orientação hegemônica das políticas implementadas por estes governos, e o resultado prático destas políticas.
Considerados
estes três critérios, me parece que Houtart está parcialmente certo.
Afinal, os
partidos progressistas e de esquerda eleitos a partir de 1998 na América Latina
podem ter desejado o socialismo, mas a orientação prática e o resultado prático
das politicas implementadas não foi o “pós-capitalismo”.
Por outro
lado, igualmente considerados estes três critérios, Houtart também está
parcialmente errado.
Afinal, todos
os partidos progressistas e de esquerda eleitos a partir de 1998 na América
Latina certamente desejaram superar o neoliberalismo. Mas não é possível
afirmar que esta tenha sido a orientação prática das políticas adotadas; nem é
possível dizer que superar o neoliberalismo tenha sido o resultado obtido no
conjunto dos casos em tela.
Aliás, a
facilidade da “restauração” em curso está ligada ao fato de que, em grande
parte da região, os governos progressistas e de esquerda atuaram do princípio até agora nos marcos de uma
economia dominada pelo neoliberalismo, ou seja, dominada pelo capital
financeiro, pelo capital transnacional, pelos oligopólios.
Este é, por
exemplo, o caso do Brasil entre 2003 e 2016.
Houtart
argumenta que seria ilusório transitar de forma “instantânea” do capitalismo para
o socialismo. Estou de acordo com ele.
Mas uma coisa
é admitir em tese a necessidade de transição, seja do capitalismo para o
comunismo, seja de uma forma de capitalismo para outra.
Outra coisa é
chamar de “transição” (ou de pós-neoliberal) aquilo que os governos da região
fizeram de concreto frente ao controle das economias nacionais pelo capital
financeiro, pelo capital transnacional e pelos oligopólios.
O que foi efetivamente
feito deu pelo menos início à transição do neoliberalismo em direção a outro
padrão de acumulação capitalista?
Ao menos no caso
do Brasil, o que foi feito em favor de melhorar o nível de vida das camadas
populares não afetou a hegemonia do capital financeiro, das transnacionais e
dos oligopólios sobre a economia nacional.
Neste sentido, é um exagero chamar os governos Lula e Dilma de pós-neoliberais.
Dizendo de
outra forma, é equivocado confundir nossas intenções, o sentido de algumas de
nossas políticas e o resultado prático em alguns casos, com o conjunto da obra.
O conjunto da
obra, ao menos no caso do Brasil foi: desde 2003 até 2016, o grande capital
financeiro, transnacional, oligopolista, continuou comandando a economia
nacional. E, verdade seja dita, nenhuma política foi adotada no sentido de
alterar isto.
Ainda falando
do caso do Brasil, alguns dos que defendiam a moderação das políticas
implementadas desde 2003 (por moderação leia-se: ausência de reformas
estruturais) argumentavam que devagar se vai ao longe.
Hoje está
claro que quando se vai muito devagar, corre-se o risco de voltar muito atrás e
não apenas ao ponto de partida.
Não fizemos
nem tentamos fazer reformas estruturais e hoje estamos diante de uma ameaça não
apenas ao que fizemos desde 2003, mas também aos direitos sociais inscritos na
Constituição de 1988 e aos direitos trabalhistas dos anos 1930.
Aliás, por
motivos que Houtart comenta, ao invés de construirmos o pós-neoliberalismo, o socialismo ou um "estado de bem-estar", estamos de volta aos tempos da hegemonia
agroexportadora.
Como o
objetivo central e imediato era elevar o nível de vida da população, adotou-se
para isto o caminho mais curto, que consistia em aproveitar o ambiente internacional
favorável às commodities produzidas pela região. O que era duplamente
conveniente, pois permitia elevar a renda dos setores populares, sem reduzir a
renda dos ricos.
O “milagre”
durou enquanto durou a demanda por nossas commodities. Quando veio a crise, estávamos
menos equipados do que antes, devido à desindustrialização relativa que
prosseguiu neste período. Um dos motivos pelos quais, aliás, é inadequado
chamar este período ou esta política de neo-desenvolvimentista.
Seja como
for, a descrição feita por Houtart acerca do ocorrido em alguns países da
região não conduz à conclusão dele mesmo, acerca do “pós-neoliberalismo”.
Isto, é claro,
se estamos discutindo resultados e não intenções, o conjunto da formação social
e não determinadas políticas sociais ou setoriais.
A segunda
parte do artigo de Houtart discute se “teria sido possível ter feito de outra
maneira”.
Sua resposta,
depois de vários considerandos, é que “era difícil, objetiva e subjetivamente,
esperar um tipo diferente de orientação”. E conclui explicando os motivos que
permitiram à direita “iniciar um processo de recuperação de seu poder e sua
hegemonia”.
Sísifo não
explicaria melhor por quais motivos ele sobe continuamente empurrando a pedra:
porque ela rolou morro abaixo...
Óbvio que era
difícil “esperar” e muito mais difícil implementar um tipo diferente de
orientação. Mas a questão deveria ser outra: era possível tentar? Se era
possível, por qual motivo não foi tentado? Se foi tentado, por qual motivo não
teve êxito?
Sem responder
a estas questões, é puro masoquismo afirmar que “tudo isto não significa o
final das lutas sociais”. Afinal, nosso objetivo não é lutar por lutar. Nosso
objetivo é vencer, é derrotar o neoliberalismo e o capitalismo.
No caso do
Brasil, por exemplo, embora não concorde, posso compreender os que preferiram
não ousar em 2003. Mas em 2010 havia condições objetivas e subjetivas para
ousar. E o que prevaleceu foi mais do mesmo. Há várias explicações para isto,
algumas delas ligadas às conclusões que parte da esquerda brasileira fez quando
do debate acerca da crise do socialismo de tipo soviético.
Houtart conclui
seu artigo propondo o “agrupamento das forças para a mudança, dentro e fora dos
governos, para redefinir um projeto e as formas de transição e, por outra, na
reconstrução de movimentos sociais autônomos com objetivos focados em médio e
longo prazo”.
Posto nestes
termos tão genéricos, isto pode querer dizer muita coisa. Novamente no caso do
Brasil, a principal tarefa é reconquistar o apoio da classe trabalhadora. Para
o que será necessário realizar a crítica da teoria, do programa e da estratégia
que prevaleceu na esquerda brasileira desde pelo menos 1995. Fora disto, será Sísifo.
O fim de um ciclo ou o esgotamento do
pós-neoliberalismo na América Latina.
Por Francois
Houtard
Francois Houtart: “marxista por
convicção e contestador por necessidade”.
Houtart é belga, padre,
sociólogo. Professor emérito de la Universidade Católica de Lovaina. Foi
consultor os bispos na organização de planos pastorais e documentos de trabalho para
la conferencias episcopales (CELAM III, CELAM IV), II Concílio do
Vaticano. É diretor do Centro Tricontinental, secretario executivo
do Fórum Mundial de Alternativas, membro do Conselho Internacional
do Fórum Social Mundial de Porto Alegre e presidente da Liga Internacional
pelo Direito e a Liberdade dos Povos. Um militante de larga data das
causas sociais e apoiador e participante dos movimentos de libertação dos povos
da América Latina, da África e da Ásia.
Escreveu mais de 50 livros e centenas
de artigos acadêmicos e imprensa, como, por exemplo, “A mudança social na
América Latina” (1964); Sociologia da Religião (1992 e 2006), ••”A tirania do
mercado” (2001),”Mercado y religión” (2002)”Mercado e Religião” (2002) e, O Bem
Comum da Humanidade (2013). Atualmente, reside no Equador aonde
é professor do Instituto de Altos Estudos Nacionais.
Houtart de si diz se um “marxista
por convicção e contestador por necessidade”.
No artigo publicado pelo Instituto Humanitas da
UNISINOS, Hourtat discute a situação dos governos progressistas na América
Latina.
Segundo ele, “em resposta à
crise, os governos progressistas adotaram medidas cada vez mais
favoráveis aos mercados, até o ponto em que a ‘restauração conservadora’ que
denunciam com regularidade, se introduz sub-repticiamente dentro deles mesmos.
Então, as transições se converteram em adaptações do capitalismo às novas
exigências ecológicas e sociais (um capitalismo moderno), ao invés de passos
para um novo paradigma pós-capitalista (reforma agrária, apoio à agricultura
camponesa, tributação melhor adaptada, outra visão de desenvolvimento, etc.)”.
Vale conferir. Boa leitura.
O fim de um ciclo
ou o esgotamento do pós-neoliberalismo na América Latina.
A América Latina foi o único
continente onde as opções neoliberais foram adotadas por vários países. Após
uma série de ditaduras militares, apoiadas pelos Estados Unidos e portadoras do
projeto neoliberal, as reações não se fizeram esperar. O ápice foi a rejeição,
em 2005, do Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos e
Canadá, resultado da ação conjunta entre movimentos sociais, partidos políticos
de esquerda, organizações não governamentais e igrejas cristãs.
Os governos
progressistas
Os novos governos de Brasil,
Argentina, Uruguai, Nicarágua, Venezuela, Equador, Paraguai e Bolívia colocaram
em marcha políticas reestabelecendo o Estado em suas funções de redistribuição
da riqueza, reorganização dos serviços públicos, em particular o acesso à saúde
e à educação e de investimentos em obras públicas. Negociou-se uma distribuição
mais favorável da renda das matérias-primas entre multinacionais e Estado
Nacional (petróleo, gás, minerais, produtos agrícolas de exportação) e a
conjuntura favorável, por mais de uma década, permitiu importantes ingressos
para as nações em questão.
Falar sobre o final de um ciclo
introduz a ideia de um certo determinismo histórico, o que sugere a
inevitabilidade de alternâncias de poder entre a esquerda e a direita, conceito
inadequado se o objetivo é substituir a hegemonia de uma oligarquia por regimes
populares democráticos. No entanto, uma série de fatores permite sugerir um
esgotamento das experiências pós-neoliberais, partindo da hipótese que os novos
governos foram pós-neoliberais e não pós-capitalistas.
Obviamente, seria ilusório pensar que
em um mundo capitalista, em plena crise sistêmica e, portanto, particularmente
agressivo, o estabelecimento de um socialismo “instantâneo” seja possível. Por
certo, também existem referências históricas sobre o tema. A NEP (Nova
Política Econômica) nos anos 1920, na URSS, é um exemplo para
estudar de maneira crítica. Na China e no Vietnã, as reformas de Deng
Xio Ping ou de Doi Moi (renovação) expressam a
convicção da impossibilidade de desenvolver as forças produtivas, sem passar
pela lei do valor, ou seja, pelo mercado (que se supõe que o Estado deve
regular). Cuba adota, de forma lenta, mas prudente ao mesmo tempo, medidas para
agilizar o funcionamento da economia, sem perder as referências fundamentais à
justiça social e o respeito ao meio ambiente. Então, se apresenta a questão das
transições necessárias.
Um projeto
pós-neoliberal
O projeto dos governos
“progressistas” da América Latina para reconstruir um sistema econômico e
político capaz de reparar os desastrosos efeitos sociais do neoliberalismo não
foi uma tarefa fácil. A restauração das funções sociais do Estado supôs uma reconfiguração
deste último, sempre dominado por uma administração conservadora, pouco capaz
de constituir um instrumento de mudança. No caso da Venezuela, é um Estado
paralelo que se instituiu (as missões) graças aos ingressos do petróleo. Nos
demais casos, novos ministérios foram criados e gradualmente foram renovados os
servidores. A concepção de Estado que dirigiu o processo foi geralmente
centralizadora (importância de um líder carismático), com tendências a
instrumentalizar os movimentos sociais, com o desenvolvimento de uma burocracia
muitas vezes paralisante, e também a existência da corrupção (em alguns casos,
em grande escala).
A vontade política de sair do
neoliberalismo teve resultados positivos: uma luta efetiva contra a pobreza de
dezenas de milhões de pessoas, um melhor acesso à saúde e a educação,
investimentos públicos em infraestrutura, em poucas palavras, uma
redistribuição pelo menos parcial do produto nacional, consideravelmente
aumentado pela alta dos preços das matérias-primas. Isto deu lugar a benefícios
para os pobres sem afetar seriamente os ingressos dos ricos. Foram
acrescentados a este panorama importantes esforços em favor da integração
latino-americana, criando-se ou fortalecendo organizações como o Mercosul,
que reúne uns dez países da América do Sul, UNASUL, para a
integração do Sul do continente, a CELAC para o conjunto do
mundo latino, mais o Caribe e, finalmente, a ALBA, uma iniciativa
venezuelana com uns dez países.
Neste último caso, tratava-se de uma
perspectiva de cooperação bastante inovadora, não de concorrência, mas de
complementariedade e de solidariedade, porque, de fato, a economia interna dos
países “progressistas” permaneceu dominada pelo capital privado, com sua lógica
de acumulação, especialmente nos setores da mineração e o petróleo, das
finanças, das telecomunicações e do grande comércio e com sua ignorância das
“externalidades”, ou seja, dos danos ambientais e sociais. Isto deu lugar a
reações cada vez maiores por parte de vários movimentos sociais. Os meios de comunicação
social (imprensa, rádio, televisão) se mantiveram, em grande medida, nas mãos
do grande capital nacional ou internacional, apesar dos esforços feitos para
corrigir uma situação de desiquilíbrios comunicacional (Telesur e as leis
nacionais em matéria de comunicações).
Que tipo de
desenvolvimento?
O modelo de desenvolvimento se
inspirou nos anos 1960 do “desenvolvimentismo”, quando aComissão Econômica
para América Latina da ONU (CEPAL) propôs
substituir as importações pelo aumento da produção nacional. Sua aplicação no
século XXI, em uma conjuntura favorável dos preços das matérias-primas,
combinada com uma perspectiva econômica centrada no aumento da produção e uma
concepção de redistribuição da renda nacional sem transformação fundamental das
estruturas sociais (falta de reforma agrária, por exemplo) leva a uma
“reprimarização” das economias latino-americanas e ao aumento da dependência em
relação ao capitalismo monopolista, chegando inclusive a uma
desindustrialização relativa do continente.
O projeto se transformou gradualmente
em uma modernização acrítica das sociedades, com matizes dependendo do país,
algum, como a Venezuela, dando ênfase na participação comunitária. Isto deu
lugar a uma ampliação de consumidores da classe média a bens do exterior. Foram
estimulados megaprojetos e o setor agrícola tradicional foi abandonando a sua
sorte para favorecer a agricultura agroexportadora destrutora dos ecossistemas
e da biodiversidade, inclusive chegando a colocar em risco a soberania
alimentar. Zero os rastros de verdadeiras reformas agrárias. A redução da
pobreza, em especial mediante medidas assistenciais (que também foi o caso dos
países neoliberais), apenas reduz a distância social, sendo a mais alta do
mundo.
Poderia ter sido
feito de outra maneira?
Alguém poderia perguntar, é claro, se
teria sido possível ter feito de outra maneira. Uma revolução radical teria
provocado intervenções armadas e os Estados Unidos dispõem de todo o aparato
necessário para isso: bases militares, aliados na região, a implantação da
quinta frota ao redor do continente, informações por satélites e aviões awak e
demonstraram que intervenções não estavam excluídas: Santo Domingo, Baía dos
Porcos em Cuba, Panamá, Granada…
Por outra parte, a força do capital
monopolista é de tal maneira que os acordos feitos nos campos de petróleo,
mineração, agricultura, rapidamente se convertem em novas dependências. É
preciso acrescentar a dificuldade de realizar políticas monetárias autônomas e
as pressões das instituições financeiras internacionais, sem falar da fuga de
capitais para os paraísos fiscais, como demonstram osdocumentos do Panamá.
Saiba mais
Por outra parte, o desenho da
formação dos líderes dos governos “progressistas” e de seus conselheiros era
claramente o de uma modernização das sociedades, sem levar em conta conquistas
contemporâneas, tais como a importância de respeitar o meio ambiente e
assegurar a regeneração da natureza, uma visão holística da realidade, base de
uma crítica da modernidade absorvida pela lógica do mercado e, finalmente, a
importância do fator cultural. Curiosamente, as políticas reais se
desenvolveram em contradição com algumas constituições bastante inovadoras
nestas áreas (direito da natureza, “bem viver”).
Os novos governos foram bem recebidos
pelas maiorias e seus líderes reeleitos em várias ocasiões, com resultados
eleitorais impressionantes. De fato, a pobreza havia diminuído notavelmente e
as classes médias haviam se duplicado em peso, em poucos anos. Existia um
verdadeiro apoio popular. Por último, também é preciso acrescentar que a
ausência de uma referência credível “socialista”, após a queda do Muro
de Berlim, não estimulava a apresentação de outro modelo que o
pós-neoliberal. O conjunto destes fatores sugerem que era difícil, objetiva e
subjetivamente, esperar um tipo diferente de orientação.
As novas
contradições
No entanto, isto explica uma rápida
evolução das contradições internas e externas. O fator mais dramático foi,
obviamente, as consequências da crise do capitalismo mundial e, em particular,
a queda, em parte planejadas, dos preços das matérias-primas e em especial do
petróleo. Brasil e Argentina foram os primeiros países a sofrer os efeitos, mas
rapidamente seguiram Venezuela e Equador, Bolívia resistindo melhor, graças à
existência de importantes reservas de divisas. Esta situação afetou
imediatamente o emprego e as possibilidades consumistas da classe média. Os
conflitos latentes com alguns movimentos sociais e uma parte dos intelectuais
de esquerda vieram à luz. As falhas do poder, até então suportadas como o preço
da mudança e, sobretudo, em alguns países, a corrupção instalada como parte
integrante da cultura política, provocaram reações populares.
Obviamente, a direita aproveitou esta
situação para iniciar um processo de recuperação de seu poder e sua hegemonia.
Apelando para os valores democráticos que nunca respeitou, conseguiu recuperar
parte do eleitorado, sobretudo tomando o poder na Argentina, conquistando o
parlamento na Venezuela, questionando o sistema democrático do Brasil,
assegurando a maioria em cidades de Equador e da Bolívia. Procurou levar
vantagem com a decepção de alguns setores, em particular dos indígenas e das
classes médias. Também com o apoio de muitas instâncias norte-americanas e
pelos meios de comunicação em seu poder, buscou superar suas próprias
contradições, sobretudo entre as oligarquias tradicionais e os setores
modernos.
Em resposta à crise, os governos
“progressistas” adotaram medidas cada vez mais favoráveis aos mercados, até o
ponto em que a “restauração conservadora” que denunciam com regularidade, se
introduz sub-repticiamente dentro deles mesmos. Então, as transições se
converteram em adaptações do capitalismo às novas exigências ecológicas e sociais
(um capitalismo moderno), ao invés de passos para um novo paradigma
pós-capitalista (reforma agrária, apoio à agricultura camponesa, tributação
melhor adaptada, outra visão de desenvolvimento, etc.).
Tudo isto não significa o final das
lutas sociais, pelo contrário. A solução radica, por uma parte, no agrupamento
das forças para a mudança, dentro e fora dos governos, para redefinir um
projeto e as formas de transição e, por outra, na reconstrução de movimentos
sociais autônomos com objetivos focados em médio e longo prazo.
Tradução: Cepat.
Fonte: Instituto Humanitas UNISINOS.
Creio que a situação posta, vivida, é mais produto da "crise"; leia-se: - falta de conhecimento e/ou discernimento, das lideranças ditas socialistas, especialmente, no caso brasileiro, do PT.
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