segunda-feira, 3 de março de 2025

Maricá, campeã de novas filiações ao PT

O PT tem poucos filiados.

Hoje temos mais ou menos 2 milhões e seiscentos mil filiados e filiadas.

Mas se quisermos governar o Brasil, governar a maioria dos estados e municípios, ter maioria nos parlamentos, ter petistas atuantes nos movimentos sociais e sindicatos, presentes nas principais empresas do país, nas escolas, em todos os territórios e instituições, precisamos de muito mais.

Precisamos - segundo as minhas contas - de uns 15 milhões de filiados e filiadas.

Neste sentido, devemos comemorar o fato de termos conseguido filiar 341 mil novas pessoas ao nosso Partido. Sendo preciso reconhecer que isso é apenas um pequeno passo perto do que precisamos.


Entretanto, sempre há um entretanto, não precisamos apenas de filiados. Precisamos de militantes. Isso é fácil de conseguir, quando estamos vivendo épocas de grandes lutas sociais. Mas em épocas de refluxo, cabe ao Partido transformar os filiados em militantes.

Infelizmente, como sabemos, o Partido poucas vezes consegue fazer isso. Entre outros motivos, porque nem sempre a filiação é feita com este propósito. Pelo contrário, é muito comum que se filie com um único objetivo: que os novos filiados compareçam para votar na eleição das novas direções partidárias.

Isso sem falar, é claro, daqueles casos em que a arregimentação de novos filiados foi feita por lideranças vindas de outros partidos. Lideranças que passaram recentemente a usar a estrela do PT, mas têm cabeça, tronco e membros de direita.

Por isso, cabe analisar com muito cuidado as filiações feitas até o dia 28 de fevereiro e seguir a recomendação da secretaria nacional de organização, a saber: impugnar quem for necessário até o dia 15 de março de 2025

Especial atenção deve ser dada as cidades do país em que houve um número expressivo de novas filiações. Em alguns casos estas novas filiações são perfeitamente compatíveis com o tamanho das cidades e com a força eleitoral do Partido. Noutros casos, contudo, destoa, ao menos tomando como base a lista que a SORG nacional acaba de divulgar, com o número de antigos e novos filiados, município por município.

Infelizmente, a lista da SORG é organizada por ordem alfabética de estados e, dentro de cada estado, por ordem alfabética de cidades. 

A SORG deveria nos fornecer uma lista comparando o tamanho da população e o número de novos filiados; e outra lista comparando a votação do Partido em 2024 e o número de novos filiados.

Isso permitiria detectar discrepâncias, que podem (ou não) indicar filiação em massa.

Sem estes dados relativos, é possível apenas destacar o número de cidades onde se filiou mais de 1 mil pessoas. Salvo engano, trata-se das seguintes:

PORTO ALEGRE (RS) de 24.802 para 25.807, acréscimo de 1.005 novas filiações.

ITAGUAÍ (RJ), de 1.240 para 2.254, acréscimo de 1.014 novas filiações.

VISEU (PA), fomos de 366 para 1.380, acréscimo de 1.014 novas filiações.

Em Maués (AM) fomos de 883 para 1.508, ou seja, 1.018 novas filiações.

CRATO (CE), de 2.066 para 3.104, acréscimo de 1044 novas filiações.

Em Palmeira dos Índios (AL), fomos de 636 para 1.655, ou seja, 1.108 novas filiações.

PARNAÍBA (PE), de 2.290 para 3.482, acréscimo de 1.196.

PETRÓPOLIS (RJ), de 2.155 para 3.455, acréscimo de 1.305.

GOIÂNIA (GO),de 15.894 para 17.204, acréscimo de 1.310.

PEDRA BRANCA (CE), de 452 para 1.801, acréscimo de 1.349.

PAULISTA (PE), de 7.486 para 8.846, acréscimo de 1.360.

TAMBORIL (CE), de 1.533 para 3.030, acréscimo de 1.497.

ICÓ (CE), de 527 para 1.951, acréscimo de 1.425.

ITAPIPOCA (CE), de 2.152 para 3.673, acréscimo de 1.521.

Camaçari (BA), de 5.040 para 6.606, acréscimo de 1.566.

FEIRA DE SANTANA (BA), de 3.752 para 5.345, acréscimo de 1.593.   

ANANINDEUA (PA), de 4.937 para 6.556, acréscimo de 1.619.

OLINDA (PE), de 8.673 para 10.472, acréscimo de 1.799.

APARECIDA DE GOIÂNIA (GO), de 3.528 para 5.368, acréscimo de 1.840.

Em Arapiraca (AL), fomos de 1.521 para 2.703, ou seja, 1.995 novas filiações.

JAPERI (RJ), de 2.355 para 4.480, acréscimo de 2.125.

ARACAJU (SE), de 7.967 para 10.170, acréscimo de 2.216 novas filiações.

SÃO JOÃO DE MERITI (RJ), de 7.268 para 9.598, acréscimo de 2.331.

ITABORAÍ (RJ), de 2.671 para 5.010, acréscimo de 2.339.

MESQUITA (RJ), de 3.641 para 6.456, acréscimo de 2.815.

NOVA IGUAÇU (RJ), de 15.520 para 18.511, acréscimo de 2.992.

Santana (AP) fomos de  9.970 para 13.135, ou seja, 3.165 novas filiações.

BELÉM (PA), de 19.434 para 22.809, acréscimo de 3.375.

ABAETETUBA (PA), de 2.144 para 5.623, acréscimo de 3.479.

Em Manaus (AM) fomos de 20.273 para 23.930, ou seja, 3.657 novas filiações.

DUQUE DE CAXIAS (RJ),de 10.366 para 14.038, acréscimo de 3.672.

Santana (AP), de 6.190 para 10.126, acréscimo de 3.936.   

TERESINA (PI), de 15.534 para 19.509, acréscimo de 3.975.

MARACANAÚ (CE), de 4.813 para 9.577, acréscimo de 4.764.

SÃO LUÍS (MA), de 9.841 para 13.316, acréscimo de 5.619.   

Salvador (BA), de 32.713 para 38.382, acréscimo de 5.669.

NITERÓI (RJ), de 18.692 para 24.658, acréscimo de 5.968.

BELFORD ROXO (RJ), de 5.101 para 11.904, acréscimo de 6.804.

Maceió (AL), fomos de 5.582 para 12.640, ou seja, 8.934 novas filiações.

Na cidade de Maricá, no estado do Rio de Janeiro. Em outubro de 2024 havia 8.521 filiados na cidade. Agora saltou para 18.062. Ou seja, 9.541 novas filiações.

SÃO GONÇALO (RJ), fomos de 18.825 para 29.490, ou seja, 10.670 novas filiações.

RECIFE (PE), de 54.378 para 65.641, acréscimo de 11.263.

SÃO PAULO (SP),de 188.763 para 201.477, acréscimo de 12.715 novas filiações.

Em Fortaleza (CE), fomos de  42.357 para 57.797, ou seja, 15.440 novas filiações.

RIO DE JANEIRO (RJ), fomos de 85.275 para 107.941, ou seja, 22.666 novas filiações.

Como se pode ver, Maricá está em sexto lugar em número absoluto de novos filiados. Mas na sua frente estão quatro capitais de estado e uma cidade com 896 mil habitantes. Enquanto Maricá tem 223 mil habitantes.

Só para comparar com duas outras cidades em que reelegemos nosso projeto: em Juiz de Fora, fomos de 6.174 para 6.762, ou seja, 588 novas filiações. E em Contagem, fomos de 8.533 para 9.044, ou seja, 511 novas filiações.

Olhando o conjunto da obra, os dados são mais ou menos os seguintes. Das 341 mil novas filiações, 82 mil são do estado do Rio de Janeiro. Ceará filiou 39 mil. São Paulo filiou 22 mil novas pessoas. Pernambuco 26 mil. Bahia 26 mil. Pará 25 mil. Maranhão 21 mil. Alagoas 18 mil. Há vários casos desproporcionais, ou seja, em que o número de filiados não tem nenhuma relação com a situação política e eleitoral do Partido. Mas o caso do Rio é gritante. E quando se olha as cidades, fica óbvio o que ocorreu.

Maiores conclusões dependem de uma análise, citada acima, dos números relativos à população e votação no PT. Seja como for, os dados preliminares me fazem lembrar de uma conversa que tive com o secretário-geral do Partido, em que solicitei que a Executiva Nacional apreciasse dois pedidos de comissão de ética contra um certo cidadão.

O secretário-geral não atendeu meu pedido. E um de seus argumentos foi o de que o referido cidadão seria eleito prefeito e ia recuar da política nacional. Como se vê pelos números acima, não só os da cidade do tal cidadão, mas também os números de outras cidades que perfazem sua área de influência, o secretário-geral estava totalmente errado. 

E se nada for feito, logo logo veremos alguém acumular o comando de uma escola de samba, de um time de futebol e de um bom pedaço de um partido político. O que não seria propriamente uma novidade na política brasileira, especialmente no Rio de Janeiro. 



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