Pergunta: na guerra contra o crime, Edinho proporia uma "trégua"?
Imagino que não.
Mas na guerra contra a especulação criminosa, Edinho propõe uma "trégua".
É o que está dito na entrevista (reproduzida ao final) que o companheiro concedeu ao Globo.
A palavra "trégua" dissimula o que efetivamente está ocorrendo. Afinal de contas, na guerra em curso, só um dos lados está atacando, chantageando, desestabilizando.
Edinho não percebe esta assimetria, talvez devido a uma concepção equivocada que ele sabiamente atribui a alguém mais importante: "a dinâmica do capitalismo no século XXI é dada pelo capital financeiro — é também com ele que temos de construir um projeto de Brasil forte".
A primeira frase é parcialmente verdadeira: a dinâmica do capitalismo no século XXI é parcialmente dada pelo capital financeiro.
Já a segunda frase é enganosa: afinal, se quisermos construir "um projeto de Brasil forte", teremos que subordinar o capital financeiro.
A palavra subordinação talvez soe forte demais para alguém que diz não gostar de polarização.
E, claro, legal seria se o capital financeiro se dispusesse a construir "um projeto de Brasil forte".
Mas a vida é como ela é, cheia de antagonismos e polarizações.
No caso em tela, a entrevista de Edinho polariza contra a recente resolução do Diretório Nacional do PT e, também, contra seguidas declarações públicas da presidenta Gleisi Hoffmann acerca da taxa de juros e do Banco Central.
Depois da visita à Embaixada dos EUA e dessa entrevista ao Globo, temo pelo que ainda está por vir.
Desse ponto de vista, Edinho bem que podia dar uma trégua. Ao PT.
SEGUE A ENTREVISTA
O mercado financeiro está indicando claramente nas últimas semanas que perdeu
a confiança sobre o governo fazer um ajuste fiscal que consiga conter o rombo
crescente das contas públicas nos próximos anos e que, portanto, consiga
minimamente cumprir as metas fiscais. Como reverter essa situação?
Edinho Silva — Acho que é hora de pensarmos no Brasil. Essa guerra estabelecida na
economia vai derrotar o país. É hora de uma trégua e de fortalecermos o caminho
proposto pelo ministro Haddad. Ele propõe um caminho, isso tem de ficar claro. É um
caminho. E isso tem de unir quem aposta no Brasil. A hora é de união e total respaldo ao
ministro Fernando Haddad. Nenhum analista bem informado, e bem-intencionado,
colocaria como uma tarefa simples reduzir o rombo das contas públicas no curto prazo.
Só o governo Bolsonaro deixou mais de R$ 700 bilhões de estouro. É importante não
perdermos esse referencial, caso contrário o peso sobre o governo Lula seria muito
injusto. Não é nem um pouco razoável considerar que o governo Lula apresentaria um
pacote para produzir um superávit primário capaz de estabilizar a relação dívida/PIB no
curto prazo.
E o que seria razoável, então?
Edinho Silva — O que está sendo proposto é um caminho. Temos de construir unidade
na construção desse caminho. O Brasil é um país como muitas injustiças e
desigualdades, impor o impossível significa caminharmos para uma escalada de
aprofundamento da miséria, da violência. Por isso que o caminho sinaliza os objetivos, e
eles precisam ser alcançados, mas com racionalidade, tranquilidade e estabilidade. É
urgente e necessária uma trégua nessa polarização. Na construção desse caminho
temos de garantir que quem aposta no Brasil tenha seus ganhos garantidos. Quem
apostar contra o país, tem de ser perdedor.
Mas dada a deterioração das expectativas, o governo não teria de dar mais
garantias em relação ao equilíbrio fiscal?
Edinho Silva — Sem a busca do equilíbrio fiscal não tem perspectiva de futuro. Não há
segurança de inflação baixa e nem de redução da taxa de juros. O presidente Lula é um
defensor do poder de compra dos salários, portanto, inimigo da inflação, e é um
desenvolvimentista, o que é antagônico com juros altos. Só temos de construir o
caminho da busca do equilíbrio, sem atalhos, buscar a construção de um equilíbrio que
seja perene. Ninguém nega que temos problemas nas contas públicas que vêm de longa
data, como eu já disse. Eu sempre digo que a economia é como na saúde: se errar no
diagnóstico, vai errar no medicamento, no tratamento. O receituário está pronto, o que
está sendo construído é a dosagem. Todos temos de ajudar nessa construção. Tem de
ser uma construção coletiva, governo, Congresso e “os atores do bem”, aqueles que
apostam no Brasil. As medidas que estão sendo votadas no Congresso são o início da
construção de um caminho, não o fim. São passos importantes na busca do equilíbrio, da
justiça fiscal, e da estabilidade. Em um governo que preza pela democracia, o debate
para o ritmo da busca dos objetivos está sendo feito pelo Congresso, com ampla
participação dos atores. O importante é sabermos que a construção do caminho que
levará ao equilíbrio fiscal perene e estável não pode ser ter atalhos. O mais importante
agora é a aprovação das medidas para que possamos caminhar na busca dos objetivos.
A construção do equilíbrio das contas públicas tem de ser permanente. Agora o foco é
aprovar as medidas enviadas pelo presidente Lula. Aprovadas, segue o esforço na
direção do equilíbrio das contas públicas. Não há bala de prata, essa é uma concepção que não deveria existir, temos de acreditar nos processos. O governo tem o diagnóstico
e se move na direção correta, na velocidade que a democracia e a realidade brasileira
permitem. É hora de unirmos o Brasil. Chega de apostar contra o país. Está na hora de
sairmos dessa polarização do “perde perde”. Temos de dar garantias para quem aposta
no Brasil. No mercado tem quem ganha e tem quem perde. Os ganhadores têm de ser
sempre quem aposta no país. O presidente Lula é um homem pragmático. Ele sabe que
a dinâmica do capitalismo no século XXI é dada pelo capital financeiro — é também com
ele que temos de construir um projeto de Brasil forte. Só não podemos aceitar que sejam
exigidas medidas irreais.
Tete: Bacana !
ResponderExcluirTeste*
ResponderExcluirSem o povo junto, é difícil
ResponderExcluirA palavra povo trabalhador nao foi citada uma unica vez. Esse ai parece que foi eleito pela elite financeira do pais.
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