quarta-feira, 10 de julho de 2024

Cantalice & Margaret

Todo partido político tem uma “esquerda” e uma “direita”.

Se isso é bom ou não, depende do freguês. Mas o fato é que parece tratar-se de algo inevitável, especialmente em partidos de massa, como é o caso do PT.

Afinal, é razoável que, num partido com mais de 2 milhões de afiliados, inexista uma interpretação homogênea sobre o estado da arte ou sobre o que fazer.

Mas não importa se da “esquerda” ou “direita” - ou muito antes pelo contrario-  não há petista que não seja afetado pelas pesquisas.

Subiu, entusiasmo! Caiu, muitos entram em quase depressão!

Foi o que aconteceu agora, com a divulgação, no dia 10 de julho de 2024, de mais uma Quaest.

Nesta pesquisa, um dos resultados é: 54% aprova e 43% desaprova a gestão do presidente Lula.

Um avanço em relação a maio de 2024, quando 50% aprovava e 47% desaprovava.

Motivo de comemoração? Claro.

Mas não vamos exagerar. Afinal, já tivemos 60% de aprovação, em agosto de 2023. 

Ademais, tirando a margem de erro e as sazonalidades, o fato parece ser o seguinte: seguimos oscilando mais ou menos na mesma situação em que estávamos desde o início do governo. Com uma inclinação para baixo.

Vide as curvas na imagem a seguir:




Considerando tudo que já foi feito, mais a óbvia diferença entre nosso governo e o anterior, a conclusão é que seguimos “aquém”, como disse o próprio presidente Lula.

Não é essa a percepção de alguns integrantes da chamada “direita” do PT. É o caso do companheiro Alberto Cantalice, para quem o resultado da pesquisa Quaest deve ser interpretado assim:

“Percepção de melhora na economia aumenta aprovação de Lula. Cruzada contra os juros altos praticados pelo Banco Central tem apoio da maioria da população. Diferença entre aprovação e reprovação entre evangélicos diminui para 10 pontos. Já foram 30. A expectativa frente ao futuro também aumenta. Apoiar o Plano Econômico de Lula-Haddad é o caminho para a derrota da extrema direita. Não há outro caminho!”

A citação acima foi extraída dos Tuítes Completos de Cantalice.

Nela, há pontos corretos e outros nem um pouco. 

Por exemplo: talvez por ato falho, Cantalice faz plágio do tristemente famoso argumento de Margaret Thatcher: “there is no alternative”. 

Especialmente para alguém de esquerda, deveria ser óbvio que quase sempre há alternativas. Mesmo nos marcos do “arcabouço fiscal”, havia e seguem existindo alternativas. Déficit zero, por exemplo, só se explica devido à síndrome do bom aluno.

E a questão principal é a seguinte: todas as pesquisas realizadas desde o início de 2023 até hoje indicam que a extrema direita segue exibindo uma imensa resiliência.

Quebrar esta resiliência exige outra linha política e outra economia política. É isso que os dados indicam, mesmo que o negacionismo chapa-branca não consiga enxergar.



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