No dia 15 de março, o UOL divulgou no Balaio do Kotscho um texto intitulado “Lula X "esquerda do PT": a velha disputa que vem desde a origem do partido”.
O texto começa com uma informação incorreta: a
reunião do Diretório Nacional do PT não será na próxima sexta-feira, dia 18 de
março, mas no dia 24 de março.
Este detalhe seria secundário, não fosse o fato dele ter relação direta com um problema vivido atualmente pelo PT, a saber: o funcionamento rarefeito da direção partidária.
O Diretório Nacional não se reúne desde 16 de dezembro de 2021 e grande parte das ações noticiadas pela imprensa como atos da “direção” não foram objeto de decisão coletiva, democrática, das instâncias partidárias.
Há quem ache isto normal e positivo. Da minha parte, considero um
desastre: vencer as eleições de 2022 será obra coletiva ou não será.
Não vou repetir aqui os meus argumentos contrários a ter um
vice golpista e neoliberal. Nem vou repetir que a decisão a respeito da vice não
é uma decisão pessoal do Lula, é do encontro nacional do Partido. Onde obviamente, haverá
setores do PT contrários, outros setores favoráveis e haverá também aqueles cuja
posição será a mesma de Lula, não importando o que pensem acerca do mérito (os que
acham que “Lula sabe o que faz”).
Voltando a Kotscho, ele prevê para a próxima reunião do Diretório Nacional do PT “mais uma disputa entre Lula e aquela, genericamente, chamada ‘esquerda petista’, que na verdade reúne várias tendências, e remonta à época da fundação do partido, em 1980”.
Ou seja: notícia velha, motivo para
Kotscho substituir a análise da realidade pela apresentação de reminiscências feitas a partir de
seu lugar de fala preferido: o de “amigo do Lula”.
Amizades à parte, meu ramo não é o jornalismo, mas a história, motivo pelo qual sempre tomo cuidado com as memórias, as próprias e as dos outros.
No caso
concreto, Kotscho afirma o seguinte: “as teses de Lula acabaram vencendo o
debate, assim como aconteceria em quase todos os outros embates partidários,
até os dias de hoje, em que a ‘esquerda petista’ discordava do seu principal líder”.
Verdade? Certamente. Mas está muito longe de ser toda a verdade.
Nem todos os embates de Lula no PT foram contra a chamada “esquerda”, a
chamada “esquerda” nem sempre foi a mesma e nem sempre Lula ganhou todas as
disputas internas.
Exemplo clássico: o plebiscito sobre sistema de governo, em que Lula e a maior parte da direção partidária defenderam o parlamentarismo e a base do Partido por esmagadora maioria decidiu, em plebiscito interno, pelo presidencialismo.
Lula 2002 nunca teria ocorrido, se em 1993 a posição de Lula
não tivesse sido derrotada.
Claro, admitir este tipo de fato estragaria a linearidade da “narrativa reducionista” de Kotscho.
Por exemplo: contar em detalhes a novela da escolha do
vice em 1989 e os embates acerca do Plano Real em 1994 levaria à conclusão de que
muitos dos defensores de Gabeira e muitos dos adeptos de uma “reação cretina”
ao Real não eram propriamente da chamada esquerda petista.
Salvo engano, Kotscho salta direto das eleições de 1994 para as de 2002 e passa a relatar “um novo embate com a ‘esquerda petista’ em torno do nome do vice”.
Neste relato, Kotscho erra de novo: não é verdade que parte da esquerda petista tenha deixado o partido por não querer se aliar a um empresário.
Os
motivos pelos quais ocorreram expulsões no final de 2003 e defecções em 2005 não
estavam relacionados ao vice. Neste e noutros casos, seria bom Kotscho retificar a informação,
pois é simplesmente falsa.
Mas o mais grave não é isto.
Kotscho tem todo o direito de considerar os contrários a Alckmin como “revolucionários puro sangue”, assim como tem todo o direito de achar que o futuro do país exige entregar a vice de Lula para um dos próceres o neoliberalismo. E tem o direito, também, de usar o texto como pretexto para desafogar suas mágoas e rancores pessoais.
Mas ele não tem o direito de fazer pouco da inteligência alheia, “mal comparando"a situação com Alencar com "o que está acontecendo agora com Alckmin”.
Como????
Não sei se a história contada por Kotscho aconteceu, mas é verossímil.
Refiro-me ao relato da "briga" entre Olavo Setúbal e José Alencar, onde Alencar supostamente teria falado em pegar em armas contra os gringos.
Pergunto: alguém consegue imaginar Alckmin altercando um banqueiro e falando em enfrentar os Estados Unidos??
Kotscho, como outros, fala de Alencar para desviar a atenção, pois é óbvio que o sempre tucano ex-governador paulista lembra mesmo é... Temer, o vice golpista e traidor.
Sempre que posso leio Kotscho, ainda que não concorde com sua visão e ainda que os fatos não sejam exatos como verificou Pomar. As coisas se sucedem rapidamente com a economia, política e cultura. Cabeça fria, vamos pensar e dialogar sempre. Eis algumas noticias para pensar:
ResponderExcluirhttps://www.metropoles.com/colunas/guilherme-amado/aliados-de-lula-estao-pessimistas-com-motivo-que-levou-alckmin-a-vice
https://www.brasildefato.com.br/2022/03/14/em-meio-a-guerra-comandante-do-exercito-brasileiro-faz-viagem-urgente-aos-eua
https://aterraeredonda.com.br/uma-intervencao-militar-defensiva/
https://jornalggn.com.br/editoria/politica/mourao-muda-discurso-e-ressalta-intencoes-golpistas-das-forcas-armadas/
http://thesaker.is/say-hello-to-russian-gold-and-chinese-petroyuan/
Resolvi eliminar alguns links sobre a confusão do PT na Bahia. Quando todos deveriam lutar pelo desmantelamento da OTAN, parece que é o PT que desiste...
e por fim, só pra lembrar Lula
https://twitter.com/stedile_mst/status/1502294346649030665?s=20&t=DLMpHsJa9PLNiW-Of3yy5w
Bom dia ai. Opiniao e que nem bunda cada um tem a sua. Derrotar os facistas me interessa mais. Lula presidente.
ResponderExcluirDerrotar os fascistas sem escambo com as bundas é melhor. KKKkkk!
Excluir