Há alguns dias travei animada polêmica com Valério Arcary sobre a estratégia.
A polêmica pode ser lida aqui:
https://valterpomar.blogspot.com/2019/03/valerio-arcary-e-estrategia-defensiva.html?m=1
Os antigos companheiros de Valério no PSTU resolveram participar do debate, com o texto que pode ser lido no link abaixo:
https://litci.org/pt/mundo/america-latina/brasil/sobre-a-polemica-pomar-arcary-qual-deve-ser-a-estrategia-dos-revolucionarios/?fbclid=IwAR2kecF8KT1aF_k4fy0pzwZEvnsLa_K9n0lnI_wmJS5WiDNBE8v3oEyMYig
Como disse Valério, eu aprecio polêmicas.
Mas desta vez, passo.
Até porque prefiro ser acusado de reformista junto com Valério, Lula e Chávez, do que ser considerado “revolucionário” por certo tipo de ultraesquerda.
Sérgio Rodrigues em 17/02/2019 às 20:45 disse:
ResponderExcluirMuito equivocado esse texto. É incorreta essa abordagem linear da construção e governança socialista na ex-URSS. Existem seis fases claramente distintas: a primeira, que vai da Revolução ate o advento da NEP; a segunda, o período da NEP; a terceira, do fim da NEP até o famigerado XX Congresso do PCU; a quarta, o período de Khrushchev; a quinta, a que seguiu após a saída dele com a ascensão de Brejnev; a sexta, a partir da subida de Gorbachev até a dissolução da URSS.
Todas com fundamentos de construção e governança socialista diferenciados.
O período de Stálin foi, sem dúvida, o mais grandioso e edificante, como testemunham os dados históricos e as testemunhas de vários historiadores e pesquisadores desse período, como por exemplo, o insuspeito casal Webb e Joseph Davies,entre muito outros.
Nos períodos posteriores, que debito a manuntenção do status quo, em face das deliberações do XIX – o último com a participação de Stálin – nunca executadas; além dos ataques políticos a elevada moral de Stálin, especialmente na era de Khrushchev, os fundamentos leninistas da construção e governança socialista foram deteriorados e abandonados. O XX Congresso acionou o detonador. Era uma questão de tempo….Deu no que deu!…
Segue o meu debate com o notável e competente professor e pesquisador Fernando Nogueira da Costa, em seu excelente Blog: https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2019/02/16/revisionismo-e-evolucao-sistemica/#more-57150
ResponderExcluirFernando Nogueira da Costa em 18/02/2019 às 11:40 disse:
Prezado Sérgio,
eu já esperava a habitual reação à crítica dirigida contra a URSS (SOREX) e seu estalinismo.
Meu propósito era provocar um debate para avançar e atualizar o pensamento da esquerda para se voltar para o futuro. Sabia o “revisionismo” nunca ter sido bem aceito pelos estalinistas. Preferem louvar o passado e vitimizar o Estado opressor da URSS sem nenhuma autocrítica.
Escrevi uma resposta à crítica estalinista para o Brasil Debate. Postarei aqui também.
att.
Caro professor,
ResponderExcluirEsse debate é importante e necessário, entretanto, de forma muito clarificada de modo a evitar equívocos.
Penso ser possível aceitar a denominação estalinismo como a caracterização de uma postura e estilo de liderança, mas não como uma formulação, pois não existe arcabouço teórico que a legitime. Se pode falar em trotskysmo, maoísmo e até em hochiminismo, pois possuem o necessário arcabouço teórico de seus formuladores. Stálin era – se dizia – um seguidor de Lênin, e, de fato, foi seu continuador.
A denominação estalinista foi cunhada por Trotsky no âmbito de sua luta contra Stálin e reforçada por seus seguidores. Mais tarde também teve a adesão e foi usada pelos revisionistas do PCU na ex-URSS, notadamente N. khrushchev (um notório bajulador, entre outros, de Stálin, quando este vivia)
O revisionismo foi – é – extremamente danoso ao movimento socialista internacional. Provocou – provoca – enorme cisão, atrito e enfraquecimento no seio do movimento socialista.
Não é plausível afirmar da existência de Estado opressor na ex-URSS no período de Stálin. Houve, de fato, com a morte de Lênin, em 1924, uma tensa e intensa luta interna que desagou nos famosos Processos de Moscou, até 1938. Sendo que todas as contendas ocorreram, em geral, no âmbito da superestrutura e com maciço apoio popular.
É bom lembrar que foi sob a batuta do revisionismo que surgiu a tão falada Nomenclatura – não na época de Stálin, como dizem – que se provocou a cisma com a China, a opressão na Hungria, a construção do Muro de Berlim, a opressão na Tchecoslováquia, e, acima de tudo a ruína da URSS.
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ResponderExcluirFernando Nogueira da Costa em 01/03/2019 às 9:52 disse:
Prezado Sérgio,
respeito sua opinião, mas ela é contrária à minha em todos os pontos;
1. a base teórica do estalinismo é a vulgarização do marxismo imposta para todos os PC’s no mundo: saiu a dialética, entrou o mecanicismo.
2. a denominação de estalinismo é tão natural quanto marxismo, leninismo, maoismo, getulismo, lulismo, etc., ocorre sempre quando o culto à personalidade é exacerbado, infelizmente, uma prática antiga na esquerda, espécie de individualismo em lugar do coletivismo.
3. considerar o revisionismo “coisa de renegado”, abolindo-o, proibindo o debate, o questionamento dos dogmas, foi uma prática estalinista e, infelizmente, até hoje perdura, haja visto sua reação à tentativa de modernização do pensamento de esquerda com conceitos contemporâneos ao tratar o sistema capitalista, assim como outros modos de vida e produção, com uma evolução dinâmica imprevisível, cuja configuração a cada tempo emerge de interações entre seus componentes, notadamente, das castas de natureza ocupacional: alianças, golpes, revoluções culturais, retrocessos, avanços, etc.
4. Gulags –sistema penal institucional da antiga União Soviética, composto por uma rede de campos de concentração para trabalhos forçados — não são parte de um imaginário social, há sim documentos e testemunhos a respeito. Não brigue contra os fatos.
5. também é contrafactual dizer a nomenclatura ter surgido sob o “revisionismo” e não sob o estalinismo. Sugiro ler o livro clássico de Michael S. Voslensky. A Nomenklatura: Como vivem as classes privilegiadas na União Soviética. RJ: Record; 1980. Após 1956, “as cismas” foram reações sociais contra a opressão imperial da Rússia sobre os cidadãos dos demais países.
6. outra leitura lhe sugiro: Bo Gustafsson. Marxismo y Revisionismo: la crítica bernsteiniana del marxismo y sus premisas historico-ideológicas. Barcelona: Ediciones Grijalbo; 1975. Se houvesse reflexão e livre debate sobre as “ideias revisionistas”, em vez de perseguição e renegação, o marxismo estaria vivo — e não vulgarizado em dogmas.
att.
Caro professor
ResponderExcluirRespeito a sua, então vamos ao debate!..
1.0 – Estalinismo não tem base teórica, portanto, não existe. O senhor evoca adjetivações para desqualificar Stálin. Isso não é certo. Stálin era profundamente dialético. Pesquise sua obra!…
2.0 – Não é não. Leninismo,marxismo, etc,possuem embasamento teórico, formulações…pertencem ao mundo físico, pois. Estalinismo fica na campo metafísico.
O culto a personalidade é um exagero oposicionista….Graciliano Ramos, por exemplo, não viu nenhum problema nisso quando visitou a URSS em 1952. Está documentado no seu livro, Viagens, 1954, achou justificado, legitimado pelo que Stálin fez.ez
3.0 – Outra vez a desqualificação de Stálin, pilar do revisionismo, diga-se. Interessava aos golpistas da URSS após sua morte. Tentaram essa tática contra Mao Tse Tung, na China. Não deu certo. Foi refutada pelas lideranças chinesas, inclusive Deng Xiaoping.
4.0 – GULAG era o Sistema Prisional da Época na URSS, como qualquer país!….Muito menor em termos de prisioneiros que os EUA. Havia, sim, a reeducação pelo trabalho.
A narrativa horripilante foi construída pelo ultra reacionário Alexander Soljenítsin, no famigerado livro, Arquipélago Gulag, uma farsa!…
5.0 – Sugiro ler Henri Barbusse, Stálin, Um Mundo Novo Através de um Homem – aliás, traduzido por Tati de Moraes e Vinicius de Moraes( O Senhor sabe porque a primeira filha de Vinicius se chama Georgiana?);Beatrice e Sidney Webb, URSS uma nova civilização, os livros de memórias de seus marechais, como Zhukov, Vasilevsky, etc…
6.0 – Sugiro Emil Ludwing, Ludo Martens: Stálin, Um Novo Olhar, Robert Shewoods: Hopkins e Roosevelt, Uma História da Segunda Guerra Mundial, Memórias, de Churchill, Eden, etc…..
Vamos falando!….
ResponderExcluirFernando Nogueira da Costa em 07/03/2019 às 8:30 disse:
Prezado Sérgio,
você demonstra ter a insuperável convicção de Stalin ter sido “o farol do mundo” e a URSS “o paraíso na terra”.
Não aceita evidências de o povo ter sofrido tremenda escassez face à prioridade concedida ao aparelho bélico-militar e à aeronáutica. Nega ter havido o excessivo culto à personalidade individual, aliás, uma má postura adotada pela esquerda até hoje, e os dissidentes terem sido perseguidos com o degredo na Sibéria ou em gulags.
É muito difícil dialogar com quem assume o viés da confirmação, isto é, a tendência de interpretar novas informações de modo todas elas serem compatíveis com suas teorias, visões de mundo e convicções. Filtra novas informações contraditórias de tal forma suas crenças permanecerem intactas. Desse modo, só tolera conviver com pessoas com os mesmos pensamentos.
att.
PS: você poderia listar muito mais intelectuais de esquerda, exceto os trotskistas, apoiadores de Stalin e a URSS antes da revelação de seus crimes em 1956. Depois, mudaram de opinião.
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Sérgio Rodrigues em 10/03/2019 às 21:12 disse:
Caro professor,
Eu pesquiso esse assunto a pelo menos 20 anos em fontes primárias.
Não acharia que Stálin seria o farol do mundo, se que bem que mereceu por tudo que legou a humanidade!…
Qual evidências? A URSS sob a liderança de Stálin progredia a olhos vistos na melhoria da vida do povo!…Crescimento econômico inigualável de 20% ao ano, nos anos 30 do ´século passado. Nem a China atual, no boom, consegiu esse patamar. A meta, á época, era de 30%. Stálin dizia que isso era por incapacidade dos bolcheviques, que tinham que aprender mais!…
Como informei, à luz do testemunho do grande e crítico, Graciliano Ramos, o chamado culto a personalidade era plenamente justificado. Os que denunciaram isso, por interesse político, eram os maiores bajuladores de Stálin. Leia no Marxista.org as bajulações dos posteriores detratores.
O Famigerado XX Congresso do PCU’S foi um golpe contra o Congresso anterior, quando Stálin era vivo. Aliás, suas atas foram escondidas pelas lideranças soviéticas posteiores. Pelo que pesquisei, me parece que até hoje não foram liberadas. Esse Congresso é a chave. Seu Texto mestre era o soberbo livro de Stálin: Problemas Econômicos do Socialismo na URRS, disponível na Net.
Quanto a Trotsky, com exceçaõ de algumas lições na luta política antes de 1917, em termos de tática; nada mais temos a aprender com ele em termos de construção e governança socialista.
Foi um derrotado desde de a morte de Lênin até seu fatídico assassinato ´por um seguidor enciumado.
Obs.:
ResponderExcluirA mais de 20 anos atrás eu tinha mais ou menos essa sua concepção. Um belo dia resolvir me aprofundar sobre o tema.
O que constatei, em fontes primárias, era o oposto do que me diziam, ou seja, juízos ao invés da verdade!…
Lhe desafio a pesquisar sobre o tema.
Vou lhe indicar um grande livro do professor Geofrrrey Roberts, Stalin’s Wars.(Não traduzido)…
Ele é um dos mais profundos conhecedores da URSS da época de Stálin. Não é comunista, mas um historiador sério, honesto.
A conclusão dele sobre Stálin bateu com o anticomunista Churchilll: ” Ele era um intelectual vigoroso, um político altamente habilidoso e um exímio administrador!”
Acima!...Segue o meu debate com o notável e competente professor e pesquisador Fernando Nogueira da Costa, em seu excelente Blog: https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2019/02/16/revisionismo-e-evolucao-sistemica/#more-57150
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