Todos sabem qual foi o papel jogado pelo então juiz Sérgio
Moro, no golpe contra a presidenta Dilma, na condenação e prisão de Lula, na
eleição de Bolsonaro.
Apesar disso, alguns petistas sempre que podiam “passaram o
pano” tanto em Moro, quanto na Operação Lava Jato, buscando separar o joio do
trigo, o lado bom do lado ruim, as intenções das realizações e assim por diante.
Todos têm uma opinião sobre qual será o papel jogado pelo
agora Ministro Sérgio Moro, no combate contra o PT, contra a esquerda, o
movimento sindical e os movimentos sociais, as liberdades democráticas de
opinião e mobilização.
Apesar disso, como antes, há quem passe o pano.
O caso mais recente é o do governador da Bahia, que cometeu
elogios à “Lei Anticrime” anunciada ontem, 4 de fevereiro de 2019, pelo ministro
da Justiça e Segurança Pública.
Segundo a suspeitíssima revista Veja, o governador Rui
Costa teria dito o seguinte: “No geral, o pacote tem o nosso apoio. Tem maior
rigidez no combate ao crime organizado, embora não tenha dado tempo de ler
todas as vírgulas. Nós precisamos olhar, com carinho, as vírgulas e os artigos,
para que o rigor não signifique retirar qualquer valor de cidadania e direito
de defesa das pessoas”.
Já segundo o Correio da Bahia, o governador teria
dito que “preciso ler o projeto, até porque ele apresentou lá os principais
pontos, mas conceitualmente eu manifestei meu apoio. Um país onde morrem 61 mil
pessoas assassinadas, não é possível assistir isto passivamente”.
O mesmo Correio da Bahia atribui a Rui Costa
a seguinte frase: “O que o povo brasileiro quer é que as ruas não sejam
dominadas por bandidos. Não posso me omitir e adotar uma postura de oposição
pela oposição. Aquilo que eu entender que vai melhorar a vida das pessoas, eu
vou apoiar”.
Ninguém deseja que o governador se omita, nem que seja “oposição
pela oposição”.
Mas nada justifica – especialmente sem ter lido o projeto,
seus artigos e suas vírgulas – declarar seu apoio “conceitual” e dito que “no
geral, o pacote tem o nosso apoio”.
Até porque, da leitura do projeto fica claro que ele é
estruturado em torno de uma concepção “bolsonarista” de segurança pública, como
aliás já foi demonstrado por inúmeras análises feitas por especialistas e não
especialistas.
Ademais, estou certo que o governador da Bahia quer não
apenas que as ruas, mas também que os palácios de governo não sejam dominados
por bandidos. Neste sentido, não é preciso ser “oposição pela oposição” para
perceber que o pacote de Moro serve para desviar a atenção do escandaloso
envolvimento de Flávio Bolsonaro com as milícias. Sendo assim, é um escárnio
elogiar o ministro Sérgio Moro e o governo Bolsonaro por uma pretensa “rigidez”
no combate ao crime organizado.
Não li em nenhum lugar qual a opinião do governador da Bahia
sobre o que diz o pacote de Moro acerca de homicídios cometidos por policiais.
Mas a imprensa divulgou sua opinião sobre prisão em segunda instância. Salvo
desmentido que eu não tenha lido ou que ainda venha a ser publicado, o
governador teria dito ser a favor da prisão em segunda instância, desde que
haja “provas robustas do crime cometido”.
Esta tese confronta toda a defesa “conceitual” feita pelos
setores democráticos e de esquerda. Claro que o governador ressalva que Lula
não deveria estar preso, porque no caso de Lula, segundo Rui Costa, faltariam
provas. Mas a questão não é e nunca foi apenas Lula: trata-se de um preceito
constitucional defendido publicamente não apenas pelo PT, mas por uma ampla e
democrática frente.
Espero que o governador, depois de ler os artigos e
vírgulas, mude de opinião. Ou que desminta o que foi publicado pela imprensa.
Um
comentário final: contra Bolsonaro, é impossível fazer “oposição pela oposição”.
Contra um governo como o de Bolsonaro, só é possível fazer oposição pela
democracia, pelo bem estar e pela soberania. Espantoso que haja gente que ainda
não entendeu isto.
Essa atitude é apenas o corolário do que tem sido a postura de Rui com respeito a segurança pública. A partir do seu governo a vinda e criação de batalhões especiais juntamente com sua estruturação custaram quantias consideráveis, em contraste com a austeridade fiscal que antecipou até mesmo temer. Pra este mandato a perspectiva é de piora, pois as forças organizadas em torno do governo são as mesmas responsáveis pelo "enigma baiano" que nada tem de enigmático, pois é o reflexo do atraso das oligarquias que elas representam. As medidas do governo já no início de mandato mostram que o carlismo vai encontrar um caminho pavimentado e livre para retornar ao governo no próximo pleito.
ResponderExcluirHoje tem mais na Folha. É incrível ele se mostrando pronto a conversar com o Bolsonaro.
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