Resposta ao texto de Mauro Iasi no blog da Boitempo.
Prezado Mauro
Acerca de tuas críticas, recomendo a leitura do que escrevi num artigo intitulado "Las diferentes estrategias de las izquierdas latinoamericanas" (pode ser encontrado num livreto intitulado Notas sobre a política internacional do PT, disponível na internet).
Lá digo que "quando discutimos hoje o papel dos governos nacionais eleitos na luta pelo socialismo, o fazemos em uma situação histórica distinta daquela existente em 1970-73. Porém as questões fundamentais a estudar e debater não se alteraram:
a) a composição e o programa do bloco histórico popular;
b) a combinação entre a presença no aparato de Estado e a construção de um contrapoder, especialmente no caso das Forças Armadas;
c) como lidar com a atitude das classes dominantes, que frente a ameaças a sua propriedade e a seu poder, quebram a legalidade e empurram o processo em direção a situações de ruputura;
d) a maior ou menor maturidade do capitalismo existente em cada formação social concreta e a resultante possibilidade de tomar medidas socialistas.
A grande novidade, que incide sobre os termos da equação acima resumidos, é a constituição, entre 1998 e 2008, de uma correlação de forças em América Latina que permite limitar a ingerência externa. Enquanto exista esta situação, será possível especular teórica e praticamente acerca de uma via de tomada do poder que, ainda que também revolucionária, seja diferente da insurreição e da guerra popular."
Este é o ponto: quando falei de Che e Allende, assim como poderia ter falado de Lenin e Mao, me referia a "paradigmas" de estratégia, via de acumúlo de forças e tomada do poder.
Claro que temos muito a aprender com Che. E também com Lenin, Mao etc. Mas este aprendizado será mais útil, se entendermos que operamos numa situação histórica que tem mais parentesco com a vivida pela Unidade Popular chilena, do que com a vivida pela Cuba de 1953-59.
Um abraço
Valter Pomar
Nenhum comentário:
Postar um comentário