- Como o Foro de São Paulo recebeu o documento conjunto do Instituto Lula e a Fundação Jean Jaurès, ligada ao PS
francês?
O Foro de São Paulo tomou conhecimento do documento depois que ele foi
divulgado. Portanto, não temos uma posição oficial a respeito. Agora, de
maneira geral, estimulamos tudo aquilo que entra em contradição com o
pensamento neoliberal.
- Essa nova iniciativa pode ser vista como uma ampliação do Foro de São Paulo para além das fronteiras da América Latina, cuja fundação também contou com apoio de Lula?
Do ponto de vista formal, não. Nem o Foro de São Paulo, nem mesmo o PT,
estão institucionalmente envolvidos na iniciativa. Do ponto de vista político,
entretanto, representa um reconhecimento --por parte de um setor da esquerda
européia-- de que o enfrentamento ao neoliberalismo encontra-se num certo
sentido mais avançado na América Latina do que na Europa. Neste sentido,
representa uma confirmação de teses que o Foro de São Paulo abraçou desde sua
fundação, em 1990.
- De acordo com a assessoria do Instituto Lula, a ideia é aglutinar fundações partidárias para discutir novos modelos de globalização. Como essa discussão pode se transformar em ação e transformação política?
A iniciativa das duas fundações atua no plano da reflexão, do
intercâmbio, da formulação. E não se propõe a ser "a", mas sim
"uma das" iniciativas. Repudiamos o pensamento único neoliberal, não
apenas por ser neoliberal, mas também por ter a ambição de ser único.
Valorizamos a diversidade. Inclusive porque existem, entre nós que nos propomos
alternativos ao neoliberalismo, diferentes visões acerca do crescimento, do
desenvolvimento, do capitalismo e do socialismo. Para nós, do PT, por exemplo,
não basta "crescimento", é preciso desenvolvimento com ampliação da
democracia, da igualdade, da soberania e da integração.
- Que resultados práticos o Foro de São Paulo tem colhido em seus mais de 20 anos de atuação na América Latina? Quais as expectativas para a inicitiva do Instituto Lula e Fundação Jean Jaurès a nível global?
O Foro de São Paulo é uma iniciativa exitosa: começamos em 1990 com um
único partido de governo, hoje estamos presentes em importantes governos da
região. Começamos com os Estados Unidos falando de unipolaridade, hoje a
hegemonia deles está em declínio. Começamos com o socialismo em crise, hoje é o
capitalismo que está em crise. Começamos quando o neoliberalismo se dizia
triunfante, hoje estão em decadência. Por tudo isto, podemos ter orgulho do
feito. Mas não somos da turma do "grande passado pela frente". O mais
importante está por fazer, está por vir. Neste sentido, quando mais cedo toda a
esquerda européia romper com as ilusões e práticas social-liberais, melhor. Até
porque, como diziam os mestres do século XIX, o progresso social deve conduzir
ao socialismo.
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