Esta edição do jornal Página 13
dedica sua capa à campanha Tome Partido. Queremos estimular nossa militância a
filiar ao Partido nossa base militante, nossa base social, nossa base
eleitoral, especialmente trabalhadores, jovens, negros, mulheres.
Esta campanha faz parte da
preparação do PT para o processo de eleição direta das direções partidárias,
marcado para os dias 10 e 24 de novembro de 2013.
Em setembro de 2013, a
Articulação de Esquerda terá 20 anos de existência. Dois meses depois, ocorrerá
o 5º PED, no qual terão direito a votar mais de 1,5 milhão de filiados e
filiadas ao Partido dos Trabalhadores.
A Articulação de Esquerda travou,
ao longo destes 20 anos, uma batalha incessante pela construção do Partido dos
Trabalhadores, nas ruas, nas urnas, nos parlamentos, nos governos, no debate de
idéias na sociedade, nos movimentos sociais e nas instâncias petistas.
Cometemos erros, muitas vezes não
estivemos à altura das necessidades, fomos derrotados em inúmeras
oportunidades, mas nunca abrimos mão da defesa do socialismo, do programa
democrático-popular, de uma estratégia revolucionária e de um partido da classe
trabalhadora.
Defender estas posições segue
atual e necessário.
A crise do capitalismo exige a
construção de alternativas e torna possível recolocar o socialismo como
alternativa prática para resolver os dilemas da humanidade.
Os avanços parciais obtidos
durante os governos Lula e Dilma colocam o país diante da disjuntiva:
retroceder ou fazer reformas estruturais.
A conjuntura internacional e
regional, o monopólio da mídia, o financiamento privado das campanhas
eleitorais, a ofensiva ideológica dos setores conservadores, a resistência que
o aparato de Estado oferece ao processo de transformações, as mudanças
sociológicas e geracionais em curso na sociedade brasileira, impõem a
necessidade do PT retomar o debate estratégico.
As mudanças ocorridas no Brasil,
na classe trabalhadora e no petismo exigem uma revolução profunda no Partido,
se quisermos ser algo mais do que uma legenda eleitoral.
O PED 2013 será chamado a tomar
posição frente a estes temas. Mas para que isto aconteça, de maneira direta e
exitosa, será preciso nadar contra a corrente do pragmatismo, do taticismo, da
despolitização, do senso comum.
E isto deve ser feito desde
agora, na campanha eleitoral de 2012. Começando do princípio: as eleições são
municipais, mas o que ocorrer nelas tende a influenciar e muito o que vai
ocorrer nas eleições de 2014.
Caso a oposição tucana-demista,
derrotada em 2002, 2006 e 2010, também perca as eleições de 2012 em praças
importantes como São Paulo e Belo Horizonte, a tendência é que a polarização
PT-PSDB, que marcou a história brasileira desde 1994, sofra uma mutação.
Esta mutação consistiria no
seguinte: o conteúdo básico da polarização tende a prosseguir o mesmo; mas a
forma vai mudar. O conflito entre projeto conservador e projeto
democrático-popular vai continuar; mas o conflito principal se dará entre
partidos que hoje fazem parte da base do governo. É neste sentido que se movimentam
setores da base.
Falamos acima que o conteúdo
básico da polarização PT-PSDB tende a prosseguir o mesmo. Falamos que tende,
porque as opções ideológicas e programáticas feitas pelo PT e pelo governo
Dilma podem resultar em mudanças também no conteúdo dos projetos em disputa.
Na maior parte da história
brasileira, o projeto democrático-popular e socialista hoje encarnado pelo PT
sempre foi minoritário. A polarização que dominou nossa história foi entre dois
projetos capitalistas, dois projetos burgueses, um mais conservador, outro mais
progressista.
As batalhas que se travam em
torno da natureza da industrialização brasileira, do comportamento do governo
frente às greves e de nossa política de alianças estão relacionadas, em última
análise, a isto: seremos a locomotiva de um projeto democrático-popular ou
seremos o último vagão de um projeto progressista?
Não se trata de uma opção apenas
ideológica. Se não houver reforma política, se não houver financiamento público
de campanhas eleitorais, nosso Partido continuará sendo arrastado para o
pântano. O ocorrido recentemente na cidade de São Caetano do Sul, na região do
ABC paulista, em que um candidato petista a prefeito teve que renunciar, ao ser
descoberto negociando com nossos inimigos recursos para disputar o PED, é
apenas a ponta do iceberg: a despolitização, o domínio do marketing e os cabos
eleitorais pagos estão se tornando parte da paisagem. E é extremamente
preocupante como setores do petismo teimam em não tirar as conclusões das
lições do passado e seguem adotando os métodos próprios da burguesia fazer
politica.
E por falar em burguesia, esta
segue a mesma e cada vez mais empenhada em destruir qualquer projeto que ameace
a sua dominação de classe. A operação da midia conservadora conjugada ao julgamento
no STF, onde o PT é tratado duramente, enquanto aos envolvidos no mensalão
tucano se garante tratamento vip, é uma pequena mostra disto.
Por isto, 2012 é hora de batalhar
e vencer nossos inimigos. E 2013 será hora de enfrentar e superar nossos
dilemas internos. Tudo isto num cenário regional e mundial que se complica a
cada dia. De tédio, como já dissemos, nenhum de nós morrerá.
O editor
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