Abril quente
Entre os dias 8 de abril e 13 de maio, as principais tendências do PT decidirão quais rumos irão tomar no processo de eleição das direções partidárias, cujo desfecho está marcado para 18 de setembro de 2005.
O auto-denominado Campo Majoritário é o primeiro a se reunir, nos dias 8 a 10 de abril, no Rio de Janeiro. Embora com descontentamentos (localizados, é bom que se diga, nos setores mais duros), José Genoino deve ser indicado candidato a presidente nacional do PT. A expectativa, portanto, está em saber com que métodos e com que programa o campo majoritário atuará no PED.
Quanto aos métodos: trabalhará para termos um grande debate político ou tentará transformar o PED numa grande prévia, em que os filiados só terão contato com o debate na fila de votação? Trabalhará para que todas as candidaturas tenham iguais condições ou estimulará a busca de recursos extra-partidários para financiar os gastos de sua chapa e candidatos?
Quanto ao programa, a dúvida está no seguinte: o campo majoritário vai propor que o programa mínimo do governo federal seja transformado no programa máximo do Partido, ou manterá as formulações tradicionais do PT?
O Movimento PT é o segundo a se reunir, nos dias 16 e 17 de abril. Formado por um grande número de mandatos parlamentares, inclusive o de Virgílio Guimarães, o Movimento PT era tido pelo “campo majoritário” como um possível aliado, aliança que afastaria qualquer risco da atual maioria virar minoria.
Aparentemente, está afastada a hipótese de uma chapa comum com o “campo majoritário”. Aparentemente, também, o Movimento PT terá candidato à presidência nacional do Partido. A dúvida está em saber com qual linha programática o Movimento PT participará do PED.
Em 2001, quando seu candidato a presidente nacional era Tilden Santiago, hoje nosso embaixador em Cuba, o Movimento PT optou por criticar os métodos do “campo majoritário”, pouco dizendo sobre sua política – quando não defendendo posições iguais ou até mais moderadas. É provável que, com nuances, isso se repita. Afinal, uma das principais lideranças do Movimento PT, Virgílio Guimarães, é conhecido por seu governismo. E outra liderança, Arlindo Chinaglia, foi alçado à condição de líder do governo na Câmara dos Deputados (alteração positiva, é bom que se diga).
Independente da linha, a tendência é que o Movimento PT saia fortalecido deste PED. O que pode ser positivo para a esquerda partidária, pois nos ajudará a transformar a atual maioria (que tem 52% do Diretório Nacional) em minoria, possibilitando que a direção do Partido deixe de tomar decisões com base na maioria presumida. Dependendo de quem for sua candidatura à presidência nacional, o Movimento PT pode colaborar, também, para que haja segundo turno na disputa da presidência.
No feriado de 21 a 24 de abril, finalmente, será a vez da Conferência Nacional da Democracia Socialista. Esta Conferência é aguardada com muita expectativa, pois é público que a DS possui, no seu interior, divergências muito profundas sobre o governo Lula, sobre o PT e inclusive sobre a própria DS. Há quem defenda, até, que a DS atue tanto no Partido dos Trabalhadores quanto no PSOL. Esta é a posição, por exemplo, da “IV Internacional” (melhor dizendo, da organização internacional de que a DS faz parte); ainda segundo esta organização, a DS deveria entregar os cargos que ocupa no governo Lula.
Todas as informações de que dispomos são de que estas posições pró-ruptura com o governo Lula e com o PT são minoritárias na Democracia Socialista. Se for assim, a conclusão do debate permitirá acelerar os entendimentos entre a Articulação de Esquerda e a Democracia Socialista, em torno de uma chapa e de uma candidatura única para a disputa nacional do PED.
Para discutir esta questão, os signatários da Carta aos Petistas e às Petistas marcaram duas importantes reuniões: no dia 11 de abril, com a Ação Popular Socialista; e no dia 5 de maio, uma reunião plenária nacional da Carta aos petistas e às petistas.
A reunião com a APS é particularmente importante, pois os companheiros desta tendência optaram por não assinar a Carta, propondo como uma de suas emendas a retirada do parágrafo da Carta que fala em buscar a unidade da esquerda petista, no processo de eleição das direções partidárias.
Fechando o ciclo, no dia 13 de maio a Articulação de Esquerda fará uma plenária nacional, para deliberar sobre a tática da tendência no PED. Até lá, a tática da tendência é aquela aprovada na VII Conferência Nacional: buscar a unidade da esquerda petista e apresentar ao Partido uma pré-candidatura à presidência nacional do PT.
Desde dezembro, Valter Pomar, pré-candidato da AE à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores já participou de atividades no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Pernambuco e Distrito Federal. Nas próximas semanas, cumprirá uma programação de debates e contatos com a militância em vários outros estados.
Rosana Ramos é jornalista.
Rosana Ramos é jornalista.
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