O texto abaixo é uma contribuição para o taller de metodologia convocado pelo Foro de São Paulo e organizado pelas fundações Perseu Abramo e Maurício Grabois, nos dias 25, 26 e 27 de novembro de 2011.
O XVII Encontro do Foro de São Paulo aprovou 11 diretrizes, a saber:
1) mantener los espacios conquistados, en especial los gobiernos nacionales;
2) seguir luchando para derrotar a la derecha donde gobierna;
3) profundizar los cambios donde gobernamos;
4) acelerar el proceso de unidad e integración regional;
5) derrotar el contraataque del imperialismo y de la derecha;
6) apoyar (y buscar ampliar) las luchas sociales;
7) avanzar en una solución política y pacífica para las situaciones de Honduras y Colombia;
8) ampliar el debate sobre las alternativas al neoliberalismo y al capitalismo;
9) dar un salto de calidad en el funcionamiento orgánico del Foro de São Paulo;
10) ampliar el diálogo, la integración, cooperación y unidad de acción entre las izquierdas latinoamericanas y caribeñas;
11) ampliar la capacidad de elaboración (análisis teórica, programa, estrategia, táctica, temas específicos) de las izquierdas latinoamericanas y caribeñas, en especial adoptando una actitud propositiva frente a los temas centrales y más destacados.
Quais são estes temas centrais e mais destacados?
No Grupo de Trabalho do Foro, reunido nos dias 18 e 19 de novembro de 2011, foram apontados alguns desses temas:
a) a crise internacional, que implica em discutir as características do capitalismo do século XXI, o declínio da hegemonia dos Estados Unidos (bem como suas tentativas de deter e reverter este declinio), assim como o deslocamento geopolítico (Norte-Sul, Ocidente-Oriente) que parece estar em curso;
b) os possíveis desdobramentos da crise, que implica discutir (entre outros aspectos) os conflitos intercapitalistas (BRICS x EUA/UE/Japão), incluindo aí a agudização da disputa por mercados e recursos estratégicos;
c) os desafios dos governos latinoamericanos impulsionados/integrados/apoiados pelos partidos do Foro, em particular: integração regional, soberania nacional, fortalecimento do Estado, desenvolvimento de novo tipo;
d) as estratégias para superar o capitalismo, o que inclui prosseguir no balanço das tentativas socialistas do século XX.
Também no Grupo de Trabalho, foi dito que os tempos estão se acelerando. E que, portanto, é cada vez mais urgente aprofundar nossa compreensão dos fenômenos, que obviamente nos ajudará a construir melhores alternativas.
Diferentes instituições (governos, movimentos, partidos etc.) contribuem neste trabalho de reflexão teórica, programática estratégia, tática, setorial. Mas aos partidos cabe um papel específico: consolidar esta reflexão numa estratégia de poder.
O Foro de São Paulo não é um partido, nem uma Internacional centralizada. Assim, é importante definir que contribuição específica o Foro pode dar para ampliar la capacidad de elaboración de las izquierdas latinoamericanas y caribeñas, en especial adoptando una actitud propositiva frente a los temas centrales y más destacados.
Recordando o que já se debateu a respeito no Foro, podemos enumerar algumas premissas:
1) temos o propósito de construir uma cultura de massas latinoamericana e caribenha, democrática, popular e socialista, contraposta às visões de mundo conservadoras, em todas as suas dimensões;
2) o conhecimento e a experiência acumulados são importantes, mas não são suficientes. O estudo da história das lutas populares, democráticas e socialistas deve ser visto principalmente como momento para formular as perguntas, não como momento de encontrar as respostas. Precisamos de um processo coletivo de debate, que envolverá o balanço crítico da teoria e da prática acumulada, mas também a produção de nova teoria;
3) para estudar o capitalismo do século XXI, continuar o balanço das tentativas de construção do socialismo no século XX e construir uma estratégia adequada ao período histórico em que estamos, é necessário pesquisa e debate, contra as diferentes correntes dominantes e entre as diferentes correntes de esquerda. A tolerância e o pluralismo devem ser incentivados e considerados como parte essencial da metodologia;
4) é preciso estimular a análise concreta da situação concreta, que inclui uma descrição objetiva da realidade, de nossos países, governos, movimentos sociais e partidos, sem baluartismo nem mistificação;
5) o trabalho do Foro não substitui o trabalho dos Partidos. Ao contrário, parte deles e contribui para eles.
Com base nestas premisssas, e considerando que o Foro tem sido um dos espaços de constituição de uma escola de pensamento latino-americana, sugiro analisarmos a criação de um programa de reflexão, de um programa de formação e de uma revista eletrônica.
1) O programa de reflexão poderia se materializar inicialmente na realização, uma vez por ano, sempre na véspera dos encontros do Foro, de um seminário de balanço da ação dos governos progressistas e de esquerda latinoamericanos e caribenhos. Claro que um seminário deste tipo abordará um temário mais amplo (conjuntura mundial e regional, crise do capitalismo e alternativas socialistas, papel dos partidos e movimentos etc.). Mas é importante, por razões políticas e metodológicas, que tenhamos um fio condutor, que deve ser o balanço da ação de nossos governos.
2) O programa de formação poderia se materializar inicialmente na realização, uma vez por ano, de três cursos de formação política destinados à militância dos partidos do Foro de São Paulo. Um curso seria oferecido num país da América Central, um curso oferecido num país Andino-amazônico e um curso oferecido num país do Cone Sul. A organização, inclusive definição de temário, professos e financiamento, ficaria a cargo da secretaria executiva e da respectiva secretaria regional.
3) A revista eletrônica poderia se materializar inicialmente na reorganização editorial da página eletrônica do Foro de São Paulo, com a criação de uma seção dedicada a notícias e debates sobre os temas propostos pela Diretriz 11.
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