Versão corrigida da entrevista concedida no dia 1 de outubro, para Laisa Galdina e Paulo Victor Melo, do site da CUT Sergipe (www.cut-se.org.br)
Qual sua opinião sobre o PL 7376/2010, aprovado no Congresso e prestes a ser votado no Senado, que cria a Comissão Nacional da Verdade?
Valter Pomar: Minha opinião é que o PL precisa ser alterado pelo Senado. O período analisado deve ser 1964 até 1984. A comissão deve ser maior e deve ter autonomia orçamentária. Membros das forças armadas e polícias devem ser proibidos de participar. Os resultados devem ser públicos e devem poder servir de base para procedimentos judiciais posteriores.
A reforma política é um dos temas que mais tem gerado debate dentro dos partidos políticos e organizações sociais. Quais as questões centrais que você defende para uma reforma política?
Valter Pomar: O central é a adoção do financiamento público integral e exclusivo, para acabar ou pelo menos limitar ao máximo a influência do poder econômico sobre as campanhas eleitorais. E, com isso, atacar uma das fontes da corrupção no Brasil, que é o pagamento das dívidas feitas durante as campanhas eleitorais.
Diversas categorias de trabalhadores do serviço público estão em greve pelo país. Qual a sua leitura sobre esse momento de intensa mobilização do sindicalismo brasileiro?
Valter Pomar: Acredito que o movimento sindical deve se mobilizar ao máximo, pois o Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo. Mas é importante que o movimento sindical incorpore algumas bandeiras gerais, tais como a reforma política, a reforma tributária, a democratização da comunicação e as 40 horas, pois isto também ajuda a classe trabalhadora a melhorar sua qualidade de vida.
Quais as principais pautas que o sindicalismo deve se debruçar na atual conjuntura?
Valter Pomar: Os temas citados anteriormente, mais as bandeiras próprias de cada categoria, entre outras. Destaco, por exemplo, a defesa de financiamento para o Sistema Único de Saúde.
A América Latina tem hoje diversos governos progressistas. Qual o papel desta região na construção de um novo cenário político-econômico internacional?
Valter Pomar: Em nossa região há forças que lutam por um capitalismo social-democrata, ou seja, capitalismo com mais democracia, justiça social e soberania nacional. Evidente que esta é uma alternativa progressista, frente ao capitalismo neoliberal que ainda temos no mundo. Mas é evidente, também, que devemos aproveitar a força que a esquerda tem, hoje, na América Latina, para tentar ir além do capitalismo.
Em seu 4º Congresso Nacional, o PT se posicionou favorável à necessidade de democratização das comunicações no país. Como o partido pretende avançar na implementação dessa proposta?
Valter Pomar: Entre outras coisas, defendendo uma Lei Geral que regule as comunicações, proibindo por exemplo a propriedade cruzada, que se dá quando uma única empresa controla TV, rádio, jornal e internet.
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