segunda-feira, 12 de maio de 2025

Andes: resultados e perspectivas



Nos dias 7 e 8 de maio de 2025 aconteceram as eleições do Andes Sindicato Nacional.

Venceu a chapa 1, apoiada pela atual diretoria do Andes, integrada essencialmente por setores do PSOL oposicionista e antipetista.

Em segundo lugar ficou a chapa 4, apoiada por variados setores do PT, setores do PSOL, docentes vinculados a outras organizações e muitos "independentes".

Em terceiro lugar ficou a chapa 2, vinculada essencialmente mas não só à tendência petista O Trabalho.

Por último ficou a chapa 3, vinculada ao PSTU e a outros grupos que geralmente são considerados como de ultra-esquerda.

Na tabela abaixo estão os resultados da eleição de 2025 e de 2023.

VOTOS

TOTAL

CHAPA1

CHAPA2

CHAPA3

CHAPA4

2023

16351

7058

6736

2253

ZERO

2025

14431

6452

2390

2015

3574


Um ponto extremamente negativo para o Andes é o pequeno número de votantes. Aliás, o número de participantes nas eleições do Sindicato Nacional dos docentes vem caindo sistematicamente há vários anos. 

Esta queda parece atingir por igual todos os campos (comparando 2025 com 2023, a queda na votação das chapas 1 e 3 é similar à queda na votação das chapas 2 e 4).

Mas a maior prejudicada pela queda no número de votantes é a oposição. 

Há cerca de 300 mil docentes, dos quais aproximadamente 70 mil são afiliados às Associações Docentes. Se todos estes 70 mil votassem, é muito provável que a oposição vencesse. Como a participação se limita a cerca de 25%, cresce o peso dos militantes profissionais em prejuízo do conjunto da base. E cresce, também, o peso dos aposentados em relação aos professores que estão na ativa. 

A queda do número de eleitores tem relação direta com a política implementada pela atual diretoria, mas também com o impacto contraditório que o governo Lula tem sobre o estado de ânimo do corpo docente, inclusive e principalmente sobre o entusiasmo dos que votaram em Lula no primeiro e no segundo turno de 2022.

Outro ponto importante a destacar é que a chapa vitoriosa é minoritária não apenas entre os docentes, mas também minoritária entre os que votaram. A soma das chapas 2, 3 e 4 é maior do que a votação da chapa 1. 

Mas é verdade, também, que as chapas que considero esquerdistas  (1+3) foram mais uma vez majoritárias no eleitorado.

Um terceiro ponto importante é que o segundo lugar nas eleições de 2025 coube a chapa 4, que quase foi impedida de participar por uma ação combinada das outras três chapas. 

Repetindo de outro jeito: as chapas 1, 2 e 3 tentaram por diversas vezes impedir a inscrição da chapa 4. Usaram e abusaram do jurídico do Andes para tentar privar 3574 docentes do direito de votar na sua chapa preferida.

Embora não seja possível provar, é possível afirmar que a chapa 4 teria um resultado ainda melhor se não tivesse tido que gastar um enorme tempo e energia lutando pelo direito de participar do processo. 

Neste sentido, a chapa 4 teve uma vitória política, entre outras razões por confirmar sua liderança na oposição à diretoria do Andes. Aliás, apesar da perseguição que sofreu por parte das outras três chapas, a chapa 4 demonstrou quem tinha e quem não tinha maioria no antigo movimento Renova Andes.

Mas é preciso colocar esta vitória política da chapa 4 no contexto. A divisão da antiga chapa 2 (tal como concorreu em 2023) obrigou as duas chapas resultantes da cisão (as chapas 2 e 4 que concorreram em 2025) a um grande esforço. E mesmo assim, a soma das chapas 2+4 ficou atrás do resultado obtido pelas chapas 1+3. O que confirma algo óbvio: a eleição do Andes não será ganha na própria eleição. Para ganhar é preciso não apenas organizar tudo com mais antecedência, mas principalmente é necessário ampliar e muito a mobilização das bases do movimento docente em torno das nossas pautas sindicais e político-pedagógicas. 

Seja como for, o resultado que a chapa 4 alcançou nas eleições de 2025 serve como um bom ponto de partida para ações futuras. Mas como já foi dito, o principal não é começar a preparar a próxima eleição. O principal é reforçar o movimento docente aqui e agora. E para isso teremos que saber lidar com as contradições do governo Lula, contradições que não atrapalham o peleguismo vermelho & esquerdista, mas atrapalham demais quem precisa ampliar e muito a participação dos docentes. 



2 comentários:

  1. VIVA O ANDES AUTÔNOMO E DEMOCRÁTICO. Novamente, o peleguismo cutista é derrotado em eleição nacional. Quem contrói o sindicato cotidianamente e não só no período eleitoral, quem luta e organiza a categoria em sua base, quem se posiciona em defesa dos interesses da categoria docente, por uma universidade pública, laica, de qualidade, socialmente referenciada pela base, quem tem a coragem de denunciar os desmandos dos governos neoliberais petistas, da fazer ajuste fiscal às custas dos salários dos trabalhadores, às custas de cortes orçamentários (o orçamento de custeio de 2025 acaba em agosto, no mais tardar). O que diz a pelegada cutista posta nas chapas 2 e 4: nada, se cala. Agora, surge uma nova manobra divisionista da categoria na Bahia. As chapas 2 e 4 representam o sindicalismo que Lula gosta: manso, quieto, obediente. Cutista, enfim. Ah! Trouxeram Boulos junto. Manso, quieto, obediente.

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  2. Enquanto transcorrem as eleições da Andes e Lula vai a Moscou...
    https://www.youtube.com/watch?v=04efdhQkMQQ

    (Jucemir Rodrigues da Silva)

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