Nós, eleitores de Dilma, não deveríamos gastar nosso tempo questionando a pesquisa Folha/Globo.
Claro que pode (aliás, deve) existir alguma manipulação nos resultados, mas a tendência que a pesquisa aponta é exatamente aquela que prevíamos (há pelo menos dois anos) como uma forte possibilidade: um segundo turno contra uma candidatura que se apresentasse como "terceira via" seria muito difícil.
Assim, mesmo supondo que haja manipulação, a conclusão deve ser: ainda temos algum tempo para evitar que os dados falsos de ontem virem os dados reais de amanhã.
Isto posto, acreditando que são tendencialmente válidos, os números oferecidos pela pesquisa Folha/Globo permitem tirar conclusões importantes para nos orientar nos próximos dias e semanas.
Comecemos pelo final: poderia ocorrer algo que fizesse a eleição presidencial ser resolvida ainda no primeiro turno, dia 5 de outubro?
Para isto ocorrer, seria necessário que, mantidas as demais variáveis, os aproximadamente 18% que votam em outras candidaturas fossem canalizados às duas líderes, ou para brancos, nulos e não comparecimento.
Tomando como base as eleições anteriores, é pouco provável que isto ocorra espontaneamente. Ou, dizendo de outra forma, seria preciso que ocorresse uma manipulação com impacto eleitoral similar ao da tragédia de 13 de agosto.
Há quem diga, por exemplo, que Aécio poderia retirar sua candidatura e disputar o governo de Minas Gerais.
Admitamos, apenas para efeito de análise, que isto viesse a ocorrer.
Pois bem: uma renúncia de Aécio seria o maior presente que o PT, Lula e Dilma poderiam receber nesta altura da disputa presidencial.
Seria a prova definitiva de que "a burguesia não nos faltará"!!!
Afinal, uma renúncia de Aécio deixaria claro, trinta dias antes do primeiro turno, que Marina é a candidata preferida pelo PSDB, pelo grande capital, pelo oligopólio da mídia, pela direita.
Esta "revelação" impactaria o eleitorado anti-tucano que, neste momento, está sendo enganado pela blabação da suposta "terceira via".
E como Dilma e Marina estão (segundo a mesma pesquisa Folha/Globo) "tecnicamente empatadas", tudo poderia ocorrer, inclusive uma vitória de Dilma no primeiro turno.
Isto posto, como além de acreditar em pesquisas, eu acredito que nossos inimigos pensam, concluo daí que o consórcio da maldade (grande capital/oligopólio midiático/direita oposicionista) considerará mais seguro tentar nos derrotar no segundo turno. E que o mais acertado, do ponto de vista do nosso planejamento político, é continuar raciocinando com um cenário de dois turnos.
A pesquisa Folha/Globo aponta que o segundo turno seria mais "fácil" contra Aécio. Mas não tão fácil assim: 40 Aécio x 48 Dilma.
Números que os "aecistas" vão levar em consideração, em favor deles, até para manter a fidelidade de seu "núcleo duro" eleitoral.
Estes 40% de votos no Aécio são (a preços de hoje) o "piso" da oposição de direita. Já como "teto" temos os 50% que a pesquisa atribui a Marina.
Uma conclusão que deriva daí é: precisamos dar máxima atenção para estes 10% dos eleitores que, segundo a pesquisa, preferem Marina a Dilma, mas preferem Dilma a Aécio.
Pois se Marina chega a 50% e Dilma chega a 48%, isto significa dizer que é principalmente neste eleitorado flutuante (entre as duas) que se combaterá a principal batalha.
Aliás, este é o tamanho real da tão falada terceira via: 10%. Ou, se quisermos ser mais amplos no conceito: 20% (agrupando aqui os que, sempre segundo a pesquisa Folha/Globo, afirmam que não votariam em ninguém no segundo turno).
É importante atentar para o seguinte: estes números demonstram que o conceito mesmo de "terceira via" é uma fraude, não apenas programaticamente, mas também social e eleitoralmente.
Não se trata apenas de que a "terceira via" só seria vitoriosa se tivesse os votos da "segunda via". Mais que isto, trata-se de que a maior parte dos votos da suposta "terceira via" são na verdade eleitorado da segunda.
"Fulanizando": o que gente como Roberto Amaral e alguns outros militantes de esquerda que integram o PSB histórico estão fazendo é servir de escada para o tradicional eleitorado tucano tentar derrotar o PT.
Já havíamos apontado isto em fevereiro deste ano, no documento 2014 e o que virá depois.
Naquele documento está dito algo óbvio, mas como o óbvio as vezes precisa ser dito, reproduzimos tal como está lá: "Campos/Marina só têm chances de ir ao segundo turno da eleição presidencial, se conquistarem o apoio de quem não se identifica nem com PT, nem com PSDB. Mas só têm chances de vencer o segundo turno, se contarem com o apoio do eleitorado do PSDB. Por isto o núcleo duro de seu programa é anti-PT, “anti-chavista” como disse Marina num momento de sinceridade comovente".
Supondo que não haverá mais grandes deslocamentos à vista, é preciso dar grande atenção para a disputa do voto destes 10% do eleitorado, que não votam nos tucanos, mas que por enquanto não querem votar em nós.
Não tenho condições, agora, de fazer uma análise qualitativa acerca de quem são (sexo, idade, etnia, condição social, moradia etc.) estas pessoas. Mas geograficamente falando, parece evidente que a batalha decisiva vai ser travada --como sabíamos desde sempre-- no estado de São Paulo.
Aqui sim, no estado de São Paulo, é que cabe tomar medidas heróicas e extraordinárias, para elevar nosso percentual de votos para governador e para presidente.
#
Isto posto, espero que o Diretório Nacional do PT --que certamente já deve estar sendo convocado para os próximos dias-- aprove uma resolução que contenha pelo menos três idéias:
1) não podemos ter medo de vencer;
2) colocar a política no comando;
3) toda urgência é pouca.
Quando uma candidatura está na frente e em poucos dias é alcançada pelo oponente, é natural que isto provoque certo medo de perder, tanto entre os dirigentes e militantes, quanto nos seus eleitores e simpatizantes.
Quando este medo é demasiado, paralisa. Isto deve estar acontecendo com aqueles que achavam que a eleição presidencial era um passeio, estava no papo, que tudo seria resolvido no primeiro turno e a nosso favor .
Provavelmente, quem pensava assim hoje está desorientado, comprovando, definitivamente, que solo adubado com ilusões produz merda em grande quantidade.
Mas, bem administrado, o medo de perder gera a disposição de luta indispensável à vitória. Portanto, o medo de perder faz parte.
O que não pode existir, o que não podemos tolerar, é o medo de vencer. Pois o medo de vencer conduz a uma postura conciliatória; e no atual momento, a conciliação é o caminho mais curto para uma derrota.
Um exemplo de conciliação: em 1994, um importante integrante da coordenação da campanha presidencial dizia que o país estava bem servido, porque segundo ele haveria "dois quadros da esquerda disputando a eleição: Lula e FHC". Pois bem: FHC venceu as eleições no primeiro turno. E o senhor Francisco Weffort, ex-secretário geral do PT, virou virou ministro da Cultura de FHC.
Já em 2005, para aplacar a fúria dos que propunham "acabar com nossa raça", alguns conciliadores propuseram estancar a crise desfiliando Lula do PT e assumindo o compromisso de que Lula não disputaria um segundo mandato presidencial. Neste caso, o desfecho foi diferente: ao invés de capitular, fomos para cima e ganhamos a eleição de 2006 com larga margem.
Como falar besteira custa mais barato do que fazer besteira, correm por aí muitas especulações sobre o que deve ou não ser feito. Este tipo de especulação tem como efeito prático fazer as pessoas girarem em falso, especulando sobre coisas que não estão sob nosso controle e/ou propondo ações que ampliariam as dificuldades.
Um exemplo disto é a proposta, volta e meia estimulada pela mídia oligopolista, de jogar o Lula na disputa presidencial. Um absurdo por vários motivos, que nos faria deixar de ter dois candidatos, como na prática temos hoje, passando a ter só meio candidato (já que perderia credibilidade grande parte do que foi dito até agora).
Por isto mesmo, espero que o Diretório Nacional do PT, numa resolução "pra cima", aponte claramente quais serão as mudanças de linha necessárias para vencer as eleições presidenciais.
Acho particularmente importante que o Diretório desfaça o "nó" que está embrulhando o cérebro de alguns, a saber: "o que aconteceria no segundo turno, se Aécio ficasse em terceiro lugar?"
Esta projeção, no mais das vezes, termina alimentando o derrotismo, porque postas as coisas desta forma, a conta final desemboca nas projeções de segundo turno feitas pela pesquisa Folha/Globo.
O povo não é idiota. Paga caro quem subestima a capacidade crítica das pessoas. É preciso politizar o debate, polarizar programaticamente e confiar no senso de classe da maior parte do povo.
Parte dos eleitores de Marina é de pessoas que já votaram em nós ou que socialmente podem votar em nós.
Portanto, é preciso conquistar ou reconquistar o voto destas pessoas, assim como conquistar o voto daquelas que ainda não optaram. E isto se faz através de política, programa, mobilização.
Por fim, espero que o Diretório Nacional do PT transmita a todo partido um caráter de urgência absoluta. Temos tempo, mas pouco mais de 30 dias, portanto não temos tempo a perder.
O que fez Marina subir em tão pouco tempo? Havia um terreno preparado para isto, houve um catalizador (a "tragédia") e houve um multiplicador (a brutal cobertura midiática da tragédia e do velório e da substituição).
Acho que o efeito eleitoral destes fatores está, no fundamental, esgotado.
Na minha opinião, salvo um novo desastre, saímos da "guerra de movimento" (quando há grandes deslocamentos em curto espaço de tempo) e entramos agora na "guerra de posição", uma "guerra de trincheiras" (quanto os deslocamentos se tornam menores e mais lentos).
Nesta fase, teremos que defender as nossas, mas principalmente atacar as deles.
Traduzindo em termos eleitorais, teremos que mobilizar (tirar das "trincheiras", escritórios e quetais) centenas de milhares de militantes em todo o país, para uma campanha centralizada em torno da Dilma, adotando a diretriz de tirar o tatu da toca.
Tirar o tatu da toca é levar a oposição (tanto Aécio quanto Marina) a revelar o que pretende fazer, caso vitoriosa.
Na prática, trata-se de dizer o que nós fizemos e fazemos, mas principalmente o que faremos, chamando-os ao contraponto e desmascarando as afinidades neoliberais das duas candidaturas de oposição.
Fizemos isto em 2006, no segundo turno. E Alckmin saiu menor do que entrou. No fundamental é o mesmo que temos que fazer agora, confirmando que nosso programa é que pode materializar a mudança e o futuro que a maioria do Brasil deseja.
Ou seja: é preciso fazer ataques frontais às trincheiras do consórcio da maldade.
Eliminar a dispersão, concentrar energias, colocar todo mundo na rua ao longo das próximas semanas, com um discurso comum.
Para isto, é fundamental que haja voz de comando.
A voz do Partido, no caso do Diretório Nacional do PT. E a voz de Lula e Dilma, na campanha da TV.
Como de outras vezes, será duro, mas venceremos.
Contra quase toda a burguesia, contra quase todos os meios de comunicação e contra as ilusões de uma parte de nós mesmos, venceremos.
Claro que pode (aliás, deve) existir alguma manipulação nos resultados, mas a tendência que a pesquisa aponta é exatamente aquela que prevíamos (há pelo menos dois anos) como uma forte possibilidade: um segundo turno contra uma candidatura que se apresentasse como "terceira via" seria muito difícil.
Assim, mesmo supondo que haja manipulação, a conclusão deve ser: ainda temos algum tempo para evitar que os dados falsos de ontem virem os dados reais de amanhã.
Isto posto, acreditando que são tendencialmente válidos, os números oferecidos pela pesquisa Folha/Globo permitem tirar conclusões importantes para nos orientar nos próximos dias e semanas.
Comecemos pelo final: poderia ocorrer algo que fizesse a eleição presidencial ser resolvida ainda no primeiro turno, dia 5 de outubro?
Para isto ocorrer, seria necessário que, mantidas as demais variáveis, os aproximadamente 18% que votam em outras candidaturas fossem canalizados às duas líderes, ou para brancos, nulos e não comparecimento.
Tomando como base as eleições anteriores, é pouco provável que isto ocorra espontaneamente. Ou, dizendo de outra forma, seria preciso que ocorresse uma manipulação com impacto eleitoral similar ao da tragédia de 13 de agosto.
Há quem diga, por exemplo, que Aécio poderia retirar sua candidatura e disputar o governo de Minas Gerais.
Admitamos, apenas para efeito de análise, que isto viesse a ocorrer.
Pois bem: uma renúncia de Aécio seria o maior presente que o PT, Lula e Dilma poderiam receber nesta altura da disputa presidencial.
Seria a prova definitiva de que "a burguesia não nos faltará"!!!
Afinal, uma renúncia de Aécio deixaria claro, trinta dias antes do primeiro turno, que Marina é a candidata preferida pelo PSDB, pelo grande capital, pelo oligopólio da mídia, pela direita.
Esta "revelação" impactaria o eleitorado anti-tucano que, neste momento, está sendo enganado pela blabação da suposta "terceira via".
E como Dilma e Marina estão (segundo a mesma pesquisa Folha/Globo) "tecnicamente empatadas", tudo poderia ocorrer, inclusive uma vitória de Dilma no primeiro turno.
Isto posto, como além de acreditar em pesquisas, eu acredito que nossos inimigos pensam, concluo daí que o consórcio da maldade (grande capital/oligopólio midiático/direita oposicionista) considerará mais seguro tentar nos derrotar no segundo turno. E que o mais acertado, do ponto de vista do nosso planejamento político, é continuar raciocinando com um cenário de dois turnos.
A pesquisa Folha/Globo aponta que o segundo turno seria mais "fácil" contra Aécio. Mas não tão fácil assim: 40 Aécio x 48 Dilma.
Números que os "aecistas" vão levar em consideração, em favor deles, até para manter a fidelidade de seu "núcleo duro" eleitoral.
Estes 40% de votos no Aécio são (a preços de hoje) o "piso" da oposição de direita. Já como "teto" temos os 50% que a pesquisa atribui a Marina.
Uma conclusão que deriva daí é: precisamos dar máxima atenção para estes 10% dos eleitores que, segundo a pesquisa, preferem Marina a Dilma, mas preferem Dilma a Aécio.
Pois se Marina chega a 50% e Dilma chega a 48%, isto significa dizer que é principalmente neste eleitorado flutuante (entre as duas) que se combaterá a principal batalha.
Aliás, este é o tamanho real da tão falada terceira via: 10%. Ou, se quisermos ser mais amplos no conceito: 20% (agrupando aqui os que, sempre segundo a pesquisa Folha/Globo, afirmam que não votariam em ninguém no segundo turno).
É importante atentar para o seguinte: estes números demonstram que o conceito mesmo de "terceira via" é uma fraude, não apenas programaticamente, mas também social e eleitoralmente.
Não se trata apenas de que a "terceira via" só seria vitoriosa se tivesse os votos da "segunda via". Mais que isto, trata-se de que a maior parte dos votos da suposta "terceira via" são na verdade eleitorado da segunda.
"Fulanizando": o que gente como Roberto Amaral e alguns outros militantes de esquerda que integram o PSB histórico estão fazendo é servir de escada para o tradicional eleitorado tucano tentar derrotar o PT.
Já havíamos apontado isto em fevereiro deste ano, no documento 2014 e o que virá depois.
Naquele documento está dito algo óbvio, mas como o óbvio as vezes precisa ser dito, reproduzimos tal como está lá: "Campos/Marina só têm chances de ir ao segundo turno da eleição presidencial, se conquistarem o apoio de quem não se identifica nem com PT, nem com PSDB. Mas só têm chances de vencer o segundo turno, se contarem com o apoio do eleitorado do PSDB. Por isto o núcleo duro de seu programa é anti-PT, “anti-chavista” como disse Marina num momento de sinceridade comovente".
Supondo que não haverá mais grandes deslocamentos à vista, é preciso dar grande atenção para a disputa do voto destes 10% do eleitorado, que não votam nos tucanos, mas que por enquanto não querem votar em nós.
Não tenho condições, agora, de fazer uma análise qualitativa acerca de quem são (sexo, idade, etnia, condição social, moradia etc.) estas pessoas. Mas geograficamente falando, parece evidente que a batalha decisiva vai ser travada --como sabíamos desde sempre-- no estado de São Paulo.
Aqui sim, no estado de São Paulo, é que cabe tomar medidas heróicas e extraordinárias, para elevar nosso percentual de votos para governador e para presidente.
#
Isto posto, espero que o Diretório Nacional do PT --que certamente já deve estar sendo convocado para os próximos dias-- aprove uma resolução que contenha pelo menos três idéias:
1) não podemos ter medo de vencer;
2) colocar a política no comando;
3) toda urgência é pouca.
Quando uma candidatura está na frente e em poucos dias é alcançada pelo oponente, é natural que isto provoque certo medo de perder, tanto entre os dirigentes e militantes, quanto nos seus eleitores e simpatizantes.
Quando este medo é demasiado, paralisa. Isto deve estar acontecendo com aqueles que achavam que a eleição presidencial era um passeio, estava no papo, que tudo seria resolvido no primeiro turno e a nosso favor .
Provavelmente, quem pensava assim hoje está desorientado, comprovando, definitivamente, que solo adubado com ilusões produz merda em grande quantidade.
Mas, bem administrado, o medo de perder gera a disposição de luta indispensável à vitória. Portanto, o medo de perder faz parte.
O que não pode existir, o que não podemos tolerar, é o medo de vencer. Pois o medo de vencer conduz a uma postura conciliatória; e no atual momento, a conciliação é o caminho mais curto para uma derrota.
Um exemplo de conciliação: em 1994, um importante integrante da coordenação da campanha presidencial dizia que o país estava bem servido, porque segundo ele haveria "dois quadros da esquerda disputando a eleição: Lula e FHC". Pois bem: FHC venceu as eleições no primeiro turno. E o senhor Francisco Weffort, ex-secretário geral do PT, virou virou ministro da Cultura de FHC.
Já em 2005, para aplacar a fúria dos que propunham "acabar com nossa raça", alguns conciliadores propuseram estancar a crise desfiliando Lula do PT e assumindo o compromisso de que Lula não disputaria um segundo mandato presidencial. Neste caso, o desfecho foi diferente: ao invés de capitular, fomos para cima e ganhamos a eleição de 2006 com larga margem.
Como falar besteira custa mais barato do que fazer besteira, correm por aí muitas especulações sobre o que deve ou não ser feito. Este tipo de especulação tem como efeito prático fazer as pessoas girarem em falso, especulando sobre coisas que não estão sob nosso controle e/ou propondo ações que ampliariam as dificuldades.
Um exemplo disto é a proposta, volta e meia estimulada pela mídia oligopolista, de jogar o Lula na disputa presidencial. Um absurdo por vários motivos, que nos faria deixar de ter dois candidatos, como na prática temos hoje, passando a ter só meio candidato (já que perderia credibilidade grande parte do que foi dito até agora).
Por isto mesmo, espero que o Diretório Nacional do PT, numa resolução "pra cima", aponte claramente quais serão as mudanças de linha necessárias para vencer as eleições presidenciais.
Acho particularmente importante que o Diretório desfaça o "nó" que está embrulhando o cérebro de alguns, a saber: "o que aconteceria no segundo turno, se Aécio ficasse em terceiro lugar?"
Esta projeção, no mais das vezes, termina alimentando o derrotismo, porque postas as coisas desta forma, a conta final desemboca nas projeções de segundo turno feitas pela pesquisa Folha/Globo.
O povo não é idiota. Paga caro quem subestima a capacidade crítica das pessoas. É preciso politizar o debate, polarizar programaticamente e confiar no senso de classe da maior parte do povo.
Parte dos eleitores de Marina é de pessoas que já votaram em nós ou que socialmente podem votar em nós.
Portanto, é preciso conquistar ou reconquistar o voto destas pessoas, assim como conquistar o voto daquelas que ainda não optaram. E isto se faz através de política, programa, mobilização.
Por fim, espero que o Diretório Nacional do PT transmita a todo partido um caráter de urgência absoluta. Temos tempo, mas pouco mais de 30 dias, portanto não temos tempo a perder.
O que fez Marina subir em tão pouco tempo? Havia um terreno preparado para isto, houve um catalizador (a "tragédia") e houve um multiplicador (a brutal cobertura midiática da tragédia e do velório e da substituição).
Acho que o efeito eleitoral destes fatores está, no fundamental, esgotado.
Na minha opinião, salvo um novo desastre, saímos da "guerra de movimento" (quando há grandes deslocamentos em curto espaço de tempo) e entramos agora na "guerra de posição", uma "guerra de trincheiras" (quanto os deslocamentos se tornam menores e mais lentos).
Nesta fase, teremos que defender as nossas, mas principalmente atacar as deles.
Traduzindo em termos eleitorais, teremos que mobilizar (tirar das "trincheiras", escritórios e quetais) centenas de milhares de militantes em todo o país, para uma campanha centralizada em torno da Dilma, adotando a diretriz de tirar o tatu da toca.
Tirar o tatu da toca é levar a oposição (tanto Aécio quanto Marina) a revelar o que pretende fazer, caso vitoriosa.
Na prática, trata-se de dizer o que nós fizemos e fazemos, mas principalmente o que faremos, chamando-os ao contraponto e desmascarando as afinidades neoliberais das duas candidaturas de oposição.
Fizemos isto em 2006, no segundo turno. E Alckmin saiu menor do que entrou. No fundamental é o mesmo que temos que fazer agora, confirmando que nosso programa é que pode materializar a mudança e o futuro que a maioria do Brasil deseja.
Ou seja: é preciso fazer ataques frontais às trincheiras do consórcio da maldade.
Eliminar a dispersão, concentrar energias, colocar todo mundo na rua ao longo das próximas semanas, com um discurso comum.
Para isto, é fundamental que haja voz de comando.
A voz do Partido, no caso do Diretório Nacional do PT. E a voz de Lula e Dilma, na campanha da TV.
Como de outras vezes, será duro, mas venceremos.
Contra quase toda a burguesia, contra quase todos os meios de comunicação e contra as ilusões de uma parte de nós mesmos, venceremos.