sábado, 30 de agosto de 2014

Eu acredito em pesquisas

Nós, eleitores de Dilma, não deveríamos gastar nosso tempo questionando a pesquisa Folha/Globo.

Claro que pode (aliás, deve) existir alguma manipulação nos resultados, mas a tendência que a pesquisa aponta é exatamente aquela que prevíamos (há pelo menos dois anos) como uma forte possibilidade: um segundo turno contra uma candidatura que se apresentasse como "terceira via" seria muito difícil.

Assim, mesmo supondo que haja manipulação, a conclusão deve ser: ainda temos algum tempo para evitar que os dados falsos de ontem virem os dados reais de amanhã.

Isto posto, acreditando que são tendencialmente válidos, os números oferecidos pela pesquisa Folha/Globo permitem tirar conclusões importantes para nos orientar nos próximos dias e semanas.

Comecemos pelo final:  poderia ocorrer algo que fizesse a eleição presidencial ser resolvida ainda no primeiro turno, dia 5 de outubro? 

Para isto ocorrer, seria necessário que, mantidas as demais variáveis, os aproximadamente 18% que votam em outras candidaturas fossem canalizados às duas líderes, ou para brancos, nulos e não comparecimento.

Tomando como base as eleições anteriores, é pouco provável que isto ocorra espontaneamente. Ou, dizendo de outra forma, seria preciso que ocorresse uma manipulação com impacto eleitoral similar ao da tragédia de 13 de agosto.

Há quem diga, por exemplo, que Aécio poderia retirar sua candidatura e disputar o governo de Minas Gerais.

Admitamos, apenas para efeito de análise, que isto viesse a ocorrer. 

Pois bem: uma renúncia de Aécio seria o maior presente que o PT, Lula e Dilma poderiam receber nesta altura da disputa presidencial

Seria a prova definitiva de que "a burguesia não nos faltará"!!! 

Afinal, uma renúncia de Aécio deixaria claro, trinta dias antes do primeiro turno, que Marina é a candidata preferida pelo PSDB, pelo grande capital, pelo oligopólio da mídia, pela direita

Esta "revelação" impactaria o eleitorado anti-tucano que, neste momento, está sendo enganado pela blabação da suposta "terceira via". 

E como Dilma e Marina estão (segundo a mesma pesquisa Folha/Globo) "tecnicamente empatadas", tudo poderia ocorrer, inclusive uma vitória de Dilma no primeiro turno.

Isto posto, como além de acreditar em pesquisas, eu acredito que nossos inimigos pensam, concluo daí que o consórcio da maldade (grande capital/oligopólio midiático/direita oposicionista) considerará mais seguro tentar nos derrotar no segundo turno. E que o mais acertado, do ponto de vista do nosso planejamento político, é continuar raciocinando com um cenário de dois turnos.

A pesquisa Folha/Globo aponta que o segundo turno seria mais "fácil" contra Aécio. Mas não tão fácil assim: 40 Aécio x 48 Dilma. 

Números que os "aecistas" vão levar em consideração, em favor deles, até para manter a fidelidade de seu "núcleo duro" eleitoral.

Estes 40% de votos no Aécio são (a preços de hoje) o "piso" da oposição de direita. Já como "teto" temos os 50% que a pesquisa atribui a Marina. 

Uma conclusão que deriva daí é: precisamos dar máxima atenção para estes 10% dos eleitores que, segundo a pesquisa, preferem Marina a Dilma, mas preferem Dilma a Aécio. 

Pois se Marina chega a 50% e Dilma chega a 48%, isto significa dizer que é principalmente neste eleitorado flutuante (entre as duas) que se combaterá a principal batalha.

Aliás, este é o tamanho real da tão falada terceira via: 10%. Ou, se quisermos ser mais amplos no conceito: 20% (agrupando aqui os que, sempre segundo a pesquisa Folha/Globo, afirmam que não votariam em ninguém no segundo turno). 

É importante atentar para o seguinte: estes números demonstram que o conceito mesmo de "terceira via" é uma fraude, não apenas programaticamente, mas também social e eleitoralmente

Não se trata apenas de que a "terceira via" só seria vitoriosa se tivesse os votos da "segunda via". Mais que isto, trata-se de que a maior parte dos votos da suposta "terceira via" são na verdade eleitorado da segunda.  

"Fulanizando": o que gente como Roberto Amaral e alguns outros militantes de esquerda que integram o PSB histórico estão fazendo é servir de escada para o tradicional eleitorado tucano tentar derrotar o PT

Já havíamos apontado isto em fevereiro deste ano, no documento 2014 e o que virá depois

Naquele documento está dito algo óbvio, mas como o óbvio as vezes precisa ser dito, reproduzimos tal como está lá: "Campos/Marina só têm chances de ir ao segundo turno da eleição presidencial, se conquistarem o apoio de quem não se identifica nem com PT, nem com PSDB. Mas só têm chances de vencer o segundo turno, se contarem com o apoio do eleitorado do PSDB. Por isto o núcleo duro de seu programa é anti-PT, “anti-chavista” como disse Marina num momento de sinceridade comovente"

Supondo que não haverá mais grandes deslocamentos à vista, é preciso dar grande atenção para a disputa do voto destes 10% do eleitorado, que não votam nos tucanos, mas que por enquanto não querem votar em nós.

Não tenho condições, agora, de fazer uma análise qualitativa acerca de quem são (sexo, idade, etnia, condição social, moradia etc.) estas pessoas. Mas geograficamente falando, parece evidente que a batalha decisiva vai ser travada --como sabíamos desde sempre-- no estado de São Paulo

Aqui sim, no estado de São Paulo, é que cabe tomar medidas heróicas e extraordinárias, para elevar nosso percentual de votos para governador e para presidente.

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Isto posto, espero que o Diretório Nacional do PT --que certamente já deve estar sendo convocado para os próximos dias-- aprove uma resolução que contenha pelo menos três idéias:

1) não podemos ter medo de vencer

2) colocar a política no comando

3) toda urgência é pouca.

Quando uma candidatura está na frente e em poucos dias é alcançada pelo oponente, é natural que isto provoque certo medo de perder, tanto entre os dirigentes e militantes,  quanto nos seus eleitores e simpatizantes. 

Quando este medo é demasiado, paralisa. Isto deve estar acontecendo com aqueles que achavam que a eleição presidencial era um passeio, estava no papo, que tudo seria resolvido no primeiro turno e a nosso favor . 

Provavelmente, quem pensava assim hoje está desorientado, comprovando, definitivamente, que solo adubado com ilusões produz merda em grande quantidade

Mas, bem administrado, o medo de perder gera a disposição de luta indispensável à vitória. Portanto, o medo de perder faz parte.

O que não pode existir, o que não podemos tolerar, é o medo de vencer. Pois o medo de vencer conduz a uma postura conciliatória; e no atual momento, a conciliação é o caminho mais curto para uma derrota.

Um exemplo de conciliação: em 1994, um importante integrante da coordenação da campanha presidencial dizia que o país estava bem servido, porque segundo ele haveria "dois quadros da esquerda disputando a eleição: Lula e FHC". Pois bem: FHC venceu as eleições no primeiro turno. E o senhor Francisco Weffort, ex-secretário geral do PT, virou virou ministro da Cultura de FHC.

Já em 2005, para aplacar a fúria dos que propunham "acabar com nossa raça", alguns conciliadores propuseram estancar a crise desfiliando Lula do PT e assumindo o compromisso de que Lula não disputaria um segundo mandato presidencial. Neste caso, o desfecho foi diferente: ao invés de capitular, fomos para cima e ganhamos a eleição de 2006 com larga margem. 

Como falar besteira custa mais barato do que fazer besteira, correm por aí muitas especulações sobre o que deve ou não ser feito. Este tipo de especulação tem como efeito prático fazer as pessoas girarem em falso, especulando sobre coisas que não estão sob nosso controle e/ou propondo ações que ampliariam as dificuldades. 

Um exemplo disto é a proposta, volta e meia estimulada pela mídia oligopolista, de jogar o Lula na disputa presidencial. Um absurdo por vários motivos, que nos faria deixar de ter dois candidatos, como na prática temos hoje, passando a ter só meio candidato (já que perderia credibilidade grande parte do que foi dito até agora).

Por isto mesmo, espero que o  Diretório Nacional do PT, numa resolução "pra cima", aponte claramente quais serão as mudanças de linha necessárias para vencer as eleições presidenciais

Acho particularmente importante que o Diretório desfaça o "nó" que está embrulhando o cérebro de alguns, a saber: "o que aconteceria no segundo turno, se Aécio ficasse em terceiro lugar?" 

Esta projeção, no mais das vezes, termina alimentando o derrotismo, porque postas as coisas desta forma, a conta final desemboca nas projeções de segundo turno feitas pela pesquisa Folha/Globo. 

O povo não é idiota. Paga caro quem subestima a capacidade crítica das pessoas. É preciso politizar o debate, polarizar programaticamente e confiar no senso de classe da maior parte do povo.

Parte dos eleitores de Marina é de pessoas que já votaram em nós ou que socialmente podem votar em nós. 

Portanto, é preciso conquistar ou reconquistar o voto destas pessoas, assim como conquistar o voto daquelas que ainda não optaram. E isto se faz através de política, programa, mobilização.

Por fim, espero que o Diretório Nacional do PT transmita a todo partido um caráter de urgência absoluta. Temos tempo, mas pouco mais de 30 dias, portanto não temos tempo a perder. 

O que fez Marina subir em tão pouco tempo? Havia um terreno preparado para isto, houve um catalizador (a "tragédia") e houve um multiplicador (a brutal cobertura midiática da tragédia e do velório e da substituição). 

Acho que o efeito eleitoral destes fatores está, no fundamental, esgotado. 

Na minha opinião, salvo um novo desastre, saímos da "guerra de movimento" (quando há grandes deslocamentos em curto espaço de tempo) e entramos agora na "guerra de posição", uma "guerra de trincheiras" (quanto os deslocamentos se tornam menores e mais lentos).

Nesta fase, teremos que defender as nossas, mas principalmente atacar as deles. 

Traduzindo em termos eleitorais, teremos que mobilizar (tirar das "trincheiras", escritórios e quetais) centenas de milhares de militantes em todo o país, para uma campanha centralizada em torno da Dilma, adotando a diretriz de tirar o tatu da toca

Tirar o tatu da toca é levar a oposição (tanto Aécio quanto Marina) a revelar o que pretende fazer, caso vitoriosa. 

Na prática, trata-se de dizer o que nós fizemos e fazemos, mas principalmente o que faremos, chamando-os ao contraponto e desmascarando as afinidades neoliberais das duas candidaturas de oposição. 


Fizemos isto em 2006, no segundo turno. E Alckmin saiu menor do que entrou. No fundamental é o mesmo que temos que fazer agora, confirmando que nosso programa é que pode materializar a mudança e o futuro que a maioria do Brasil deseja.  

Ou seja: é preciso fazer ataques frontais às trincheiras do consórcio da maldade.

Eliminar a dispersão, concentrar energias, colocar todo mundo na rua ao longo das próximas semanas, com um discurso comum.

Para isto, é fundamental que haja voz de comando. 

A voz do Partido, no caso do Diretório Nacional do PT. E a voz de Lula e Dilma, na campanha da TV.

Como de outras vezes, será duro, mas venceremos. 

Contra quase toda a burguesia, contra quase todos os meios de comunicação e contra as ilusões de uma parte de nós mesmos, venceremos.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Roteiro para gravação de palestra (JAE-RN, 30 de agosto de 2014)

O que mais chama a atenção nas eleições são as candidaturas e seus partidos.

Obviamente, não podemos tomar as candidaturas e os partidos pelo que eles falam de si. 

É preciso, em primeiro lugar, descobrir qual setor social cada partido e cada candidatura representa, mesmo que não tenha consciência disto.

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Na sociedade brasileira, existem três grandes classes sociais: os capitalistas, os trabalhadores assalariados e os pequenos proprietários.

Os capitalistas são os proprietários de grandes meios de produção (as fábricas, as fazendas, os meios de transporte etc.), que para produzir contratam a força de trabalho dos assalariados.

Os trabalhadores assalariados vendem a sua força de trabalho exatamente porque não tem outra alternativa, se quiserem sobreviver, uma vez que não são proprietários de meios de produção.

Já os pequenos proprietários são aqueles que sobrevivem do seu próprio trabalho e do trabalho de sua família.

Cada uma destas classes possui subgrupos, que a gente costuma chamar de “frações de classe”. Os capitalistas, por exemplo, atuam em ramos diferentes e possuem dimensões diferentes. 

Por exemplo: os grandes banqueiros internacionais e os proprietários de indústrias que produzem para o mercado interno são igualmente capitalistas e enquanto capitalistas, possuem interesses comuns. Mas como seu capital é distinto, seja pela forma, seja pelo tamanho, seja pela área de atuação, eles também tem interesses diferentes.

Outro exemplo: os operários da linha de produção e os gerentes de uma fábrica são todos assalariados e, portanto, compartilham interesses comuns. Mas o tamanho do salário e principalmente o papel de cada um no processo produtivo gera diferenças muito importantes entre uns e outros.

Um terceiro exemplo: o pequeno proprietário rural e o diagramador que trabalha em casa usando seu próprio computador. São pequenos proprietários, vivem do seu próprio trabalho, coincidem em algumas questões, mas também divergem em outras.

Cada uma destas classes e frações de classe luta por seus interesses e para isso cria organizações e formula uma determinada visão de mundo.

Ao longo da história, há algumas organizações de classe muito comuns: por exemplo, os sindicatos, os partidos e o Estado.

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Muita gente acredita que o Estado é uma instituição a serviço de todos. Mas quando observamos a história, vemos que não é assim. 

O Estado surgiu como organização para proteger os interesses de um setor da sociedade contra outro. E ao longo da história, manteve esta característica, por isto costumamos falar de Estado escravista, Estado feudal, Estado capitalista, para apontar de que classe um determinado Estado é instrumento.

Mas o Estado se transforma, ao longo da história. Por exemplo: se compararmos o Estado inglês em 1814, 1914 e 2014, vamos perceber diferenças importantes.

Se consideramos todos os Estados capitalistas, ao longo dos últimos 200 anos, vamos perceber duas tendências atuando.

Primeiro, uma tendência a ampliar a esfera de atuação do Estado. Por exemplo, assumindo encargos sociais (como a educação e a saúde) e assumindo atividades produtivas (as chamadas empresas estatais).

Segundo, uma tendência a democratizar o Estado. As monarquias foram sendo substituído por repúblicas, o voto censitário foi progressivamente substituído pelo voto universal etc.

Estas duas tendências, entretanto, nunca vão até o fim. O Estado capitalista nunca expande sua atuação até o ponto, por exemplo, de estatizar todas as grandes empresas privadas e universalizar todos os serviços públicos. 

Muito menos acontece do Estado se democratizar ao ponto de deixar de ser uma organização a serviço dos capitalistas e passar a ser uma organização a serviço da maioria da sociedade, que é composta por trabalhadores.

Antes que uma destas duas coisas chegue perto de acontecer, ou bem os capitalistas dão um golpe de Estado ou bem os trabalhadores realizam uma revolução socialista.

O que demonstra, mais uma vez, que o Estado que temos merece ser chamado de capitalista, pois é uma organização a serviço dos capitalistas; e, se por alguma circunstância histórica ele corre o risco de se transformar, mesmo que parcialmente, em algo diferente disto, os próprios capitalistas fazem de tudo para reverter a situação. Se eles têm sucesso, o Estado continua capitalista. Se eles não têm sucesso, este Estado converte-se noutro, deixa de ser capitalista.

No extremo, este “fazer de tudo” é um golpe de Estado. Mas antes disto, os capitalistas usam vários instrumentos para manter controle sobre a situação. 

Por exemplo: o uso e abuso do dinheiro nas campanhas eleitorais. 

Por exemplo: cada um de nós e a Neca Setúbal somos iguais perante a Lei, somos cidadãos e temos o mesmo peso nas eleições: um voto. 

Porém a Neca Setúbal dispõe de centenas e centenas de milhões de reais, com os quais ela poderia –se ela não fosse, como todos sabemos, uma educadora social-- comprar votos (dentro da mais absoluta legalidade, vale dizer), pagar campanhas eleitorais, promover candidaturas etc.

Outro exemplo: legalmente as campanhas eleitorais duram alguns poucos meses e neste período, os partidos que possuem representação parlamentar dispõem de um horário eleitoral gratuito proporcional ao tamanho de suas bancadas. 

Bom, o horário eleitoral não é verdadeiramente gratuito, pois os meios de comunicação privados são reembolsados. 

Mas o mais grave é que durante os quatro anos que separam um período eleitoral de outro, os meios de comunicação fazem política todo santo dia. O que não seria problema, se todos tivéssemos acesso a isto. Mas como sabemos a mídia no Brasil é um oligopólio: poucas empresas controlam a maior parte da comunicação. E estas poucas empresas estão a serviço dos interesses de alguns setores sociais, de seus partidos e de suas candidaturas.

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Alguém pode concluir disto que foi dito antes, que não vale a pena participar das eleições, pois seria um jogo de cartas marcadas. 

Mas esta conclusão constituiria um grande erro político, por dois motivos:

-primeiro, porque participar dos processos eleitorais (e, falando de maneira mais geral, participar da "política burguesa" tal como ela é) permite algumas conquistas muito importantes para a classe trabalhadora. Temos vários exemplos destas conquistas, quando vemos o ocorrido durante os governos Lula e Dilma;

-segundo e principalmente, porque apenas participando da luta política, inclusive dos processos eleitorais, é que as dezenas de milhões de trabalhadores e de trabalhadoras aprendem quais são os limites impostos pela natureza capitalista do Estado e vão construir os caminhos para suplantar estes limites.

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É importante lembrar, então, quais são as tarefas gerais das campanhas eleitorais de um Partido que representa e defende os interesses dos trabalhadores. 

Nossas tarefas gerais são:

-estabelecer um canal de diálogo com a classe trabalhadora, especialmente com a juventude trabalhadora e com as mulheres trabalhadoras;

-apresentar nossa visão sobre os temas ideológicos, programáticos, estratégicos e táticos em debate;

-difundir as ideias e as propostas vinculadas ao projeto democrático-popular e socialista que defendemos para o Brasil.

-portanto, defender as reformas estruturais: política, tributaria, agrária e urbana, democratização da comunicação, universalização das políticas públicas de saúde e educação e controle do capital financeiro e das transnacionais.

Especificamente nas eleições de 2014, temos as tarefas de:
-reeleger a presidenta Dilma Rousseff;

-eleger as candidaturas majoritárias do PT (governadores, vice-governadores e senadores);

-eleger uma grande bancada petista na Câmara Federal e nas Assembléias Legislativas.

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Entre a ditadura Vargas e a ditadura militar houve apenas 4 eleições presidenciais: 45 (Dutra), 50 (Vargas), 55 (JK) e 60 (Janio). A que seria a quinta eleição foi cancelada pela ditadura.

A eleição presidencial de 2014 é a sétima eleição desde o final da ditadura. Antes disso tivemos: 1989, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010, 2014

Das 6 eleições realizadas desde o final da ditadura, 3 foram vencidas pelos neoliberais, 3 foram vencidas por nós.

Vivemos, portanto, no mais longo período de democracia eleitoral ininterrupta de nossa história.

Isto acentua as contradições típicas da democracia burguesa: "mais títulos que carteiras de trabalho"; voto de quem não é proprietário; cresce o voto na esquerda; e a burguesia reage acentuando os mecanismos corretivos.


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Qual o cenário eleitoral, do ponto de vista das classes  sociais?

O grande capital está amplamente contra nós (diferente de como se comportou em 2002, 2006 e 2010).

Entre os pequenos proprietários, há uma falange extremamente militante contra nós (diferente de 2002 e pior do que em 2006 e 2010).

Entre os trabalhadores há um setor consolidado a nosso favor e outro setor (as novas frações da classe, basicamente juventude e mulheres) em disputa, neutro, sem compromisso.

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Qual o cenário, do ponto de vista político mais geral?

-primeiro, uma disputa duríssima;

-segundo, uma disputa que, no que depender da burguesia, tende a ser mais dura no ideológico do que no estritamente político;

-terceiro, um forte sentimento de mudança;

-quarto, uma incapacidade da direita capitalizar a mudança.

Era assim até o acidente que matou Eduardo Campos.

Para a oposição de direita, a morte de Eduardo Campos foi uma grande oportunidade.

Com a morte de Eduardo Campos e a escolha de Marina, a direita percebeu a possibilidade de resolver uma contradição expressa nas pesquisas até 13 de agosto: por um lado, um eleitorado desejoso de mudanças; por outro lado, a vitória de Dilma no primeiro turno.

Claro que não faltou a mão amiga do oligopólio da mídia, que manipulou eleitoralmente a cobertura do desastre aéreo e do velório de Eduardo Campos.

As pesquisas publicadas no dia 26 de agosto dizem que Marina teria ultrapassado Aécio Neves e inclusive venceria Dilma no segundo turno.

Não devemos tomar 100% a sério as pesquisas.

Mas devemos reconhecer a tendência.

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Desde 2012 já estava claro, para quem analisasse com seriedade (ou seja, observando as classes sociais) o quadro político-eleitoral do Brasil, que as eleições de 2014 tendiam a ser disputadas no segundo turno (como 2002, 2006 e 2010); que este segundo turno seria mais "fácil" caso disputado contra o PSDB; e que seria mais "difícil" caso disputado por uma candidatura de "terceira via".

Vale dizer: "terceira via" entre muitas aspas. Pois não se deve confundir a polarização entre PT e PSDB, com a polarização entre projetos de país e blocos de classe.

Como está mais do que claro, Marina Silva é porta-voz de um projeto de país equivalente ao de Aécio Neves. Neste sentido, que é o que de fato interessa, ela não é terceira via. 

Marina Silva converteu-se ao neoliberalismo (apoio ao "tripé" e à independência do Banco Central) e converteu-se à política externa subalterna (vide a crítica que fez ao "chavismo do PT"). 

Aliás, quem prestar atenção às críticas que ela faz ao agronegócio, perceberá que sua ênfase hoje está em pedir "aumento da produtividade". Uma linguagem verde dólar.

Fosse apenas pelo conteúdo programático, Marina seria tão "fácil" de enfrentar quanto o PSDB. 

Acontece que sua candidatura não expressa, como Aécio, os setores que fizeram oposição desde 2003. 

A candidatura Marina foi produto de setores que em algum momento fizeram parte ou apoiaram os governos Lula e Dilma. 

Esta origem permite enganar os setores do eleitorado que não apoiam os tucanos, mas são críticos ao petismo.

Além disso, Marina disputa com vantagem o eleitorado evangélico e, num aparente paradoxo, também o eleitorado crítico à política tradicional. 

O aparente paradoxo deve-se ao fato de que a crítica à "política tradicional", hoje e sempre, não vem apenas da esquerda.

Em resumo, as pesquisas divulgadas dia 26 de agosto apenas confirmam o que já se sabia possível e, também, confirmam o êxito da operação político-midiática iniciada dia 13 de agosto.

Portanto, se nada mudar, se o plano da oposição de direita tiver êxito, vai ter segundo turno e será contra Marina. 

O que seria o cenário eleitoralmente mais "difícil" para o PT, Lula e Dilma. 

E um desastre imenso para o PSDB aecista, que terá que fazer um grande esforço para desconstruir Marina.

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O cenário eleitoral tornou-se, portanto, mais difícil, mas nada surpreendente. 

Aliás, em 2006 e em 2010 também houve quem acreditasse que a eleição presidencial seria decidida no primeiro turno. 

Nos dois casos, a ficha destes crédulos só caiu durante a apuração. 

Desta vez, portanto, estamos com sorte: a ficha está caindo várias semanas antes.

Frente a possibilidade de segundo turno e frente a possibilidade de um segundo turno contra Marina, a solução é mais programa, mais disputa política, mais polarização, mais mobilização de nossa base social.

Um pequeno exemplo disto: a presidenta Dilma foi a única que, no debate realizado na TV Bandeirantes dia 26 de agosto, fez referência ao cenário internacional, à crise e aos Brics. Este é um bom caminho: politizar, ou seja, mostrar os grandes conflitos do nosso tempo e apontar por onde passa a defesa dos interesses da classe trabalhadora.

É preciso falar do passado e do presente, mas colocá-los em função do futuro. Deixar claro que mudanças vamos fazer, no segundo mandato. Falar do passado contra Aécio é muito importante, falar do passado contra Marina é arma secundária.

A ênfase no futuro, embora tenha sido oficialmente aceita, ainda não se traduziu adequadamente nas diretrizes programáticas, nos materiais de campanha, nem mesmo nos principais pronunciamentos da presidenta Dilma Rousseff.

Por isto, insistimos:

*no papel positivo e indispensável dos movimentos e das lutas sociais, para nossas vitórias eleitorais e principalmente para o êxito dos nossos governos;

*é preciso encampar urgente e efetivamente a “pauta da classe trabalhadora”, tal como apresentada pela CUT, inclusive o fim do fator previdenciário e a jornada de 40 horas;

*coerente com o que pensa e reafirmou no debate realizado na TV Bandeirantes dia 26 de agosto, a presidenta Dilma Rousseff deve convidar a população a votar no Plebiscito Popular. Aliás, a este respeito, é incrível que Dilma tenha sido a única a corajosamente defender o plebiscito como um dos instrumentos para a reforma;

*é preciso tomar medidas imediatas no sentido da democratização da comunicação e dar destaque a isto no programa de governo 2015-2018. Falar de "regulação econômica" não basta, nem impede os ataques da direita;

*é preciso abandonar o discurso equivocado que insiste em chamar de "classe média" os setores da classe trabalhadora que, graças às nossas políticas, ampliaram sua capacidade de consumo;

*é preciso enfatizar a defesa das reformas estruturais. Temas como a reforma política e e tributária devem ser ainda mais destacados.

Por fim: não devemos cair na esparrela de tentar carimbar a Marina como uma "incógnita" ou como "inexperiente".

Ela não é incógnita. Ela é, hoje, uma forte alternativa para o grande capital, especialmente financeiro.

Ela não é inexperiente. Ela se preparou habilmente para ser instrumento da direita neste momento, contra o PT. Aliás, seu giro à direita não começou em 2010, começou quando era senadora e ministra.

Por decorrência, devemos recusar o raciocínio extremamente perigoso dos que acreditam que o grande capital vai recusar a "imprevisibilidade" de Marina.

Quem acredita nesta fantasia, vai acabar caindo na armadilha de tentar derrotar Marina com argumentos de "direita". Entre outros, o de que nós seríamos mais "confiáveis", capazes por exemplo de fazer um ajuste fiscal em 2015 e coisas do gênero.

Adotar esta linha seria o caminho certo para uma tripla derrota: eleitoral, política e ideológica. 

O caminho para nossa vitória, contra Aécio & Marina, é outro: mobilização, militância, política, programa de esquerda, apontando para um segundo mandato superior, ou seja, que amplie a democracia, o bem-estar, a soberania, a integração e o desenvolvimento, em benefício da ampla maioria da população brasileira, que é trabalhadora. 


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Por fim: para nós não basta ganhar.

Nosso problema é ganhar e fazer um segundo mandato superior.

O que significa fazer um segundo mandato superior?

-reforma política
-lei da mídia democrática
-cultura latu sensu
-politização, organização, mobilização
-papel do Estado
-setor financeiro
-novo ciclo de desenvolvimento controlado pelo setor público
-ampliação do consumo público
-as reformas estruturais

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Para tudo isto precisamos ter um PT mais combativo etc.

Fazer campanha, votar e eleger petistas comprometidos com isso

Eleições 2014 Parte 1 
http://youtu.be/2KBr_4RtWL4

Eleições 2014 Parte 2 
http://youtu.be/RL053d4Y6Z4

Eleições 2014 Parte 3  
http://youtu.be/8PZF7xx7W-Q

Eleições 2014 Parte 4 

http://youtu.be/JX0BkFUHi3U

Eleições 2014 Parte 5 

http://youtu.be/KbG0JsH-4Kk


Eleições 2014 Parte 6
http://youtu.be/tozkX_okHZY

Eleições 2014 Parte final
http://youtu.be/Lc0-jDugqhM

Pânico, nada! Vamos é tirar o tatu da toca

A sempre simpática Dora Kramer, jornalista de O Estado de S. Paulo, diz em sua coluna de 29 de agosto que "a possibilidade de uma derrota na eleição presidencial já estava no radar do PT há algum tempo", mas que a partir do "fatídico dia 13 de agosto último", a "derrota de Dilma já não se desenhava mais como uma hipótese remota. Enquadrava-se na moldura de uma possibilidade concreta", acompanhada de derrotas nas eleições estaduais e do enfraquecimento "da legenda também no Congresso, reduzindo seu poder de fogo como força de oposição".

Frente a isto, a reação das e nas hostes petistas seria de "terror e pânico", a saber, fazer o "diabo a quatro" para "impedir que seja interrompida não a implantação de um projeto de País, mas a execução de um plano de ocupação hegemônica de todos os instrumentos de poder".

Divertida esta senhora. 

"Ocupação hegemônica" de todos os "instrumentos do poder" é algo que a classe dominante fez neste país, desde os tempos de antanho. Mas, claro, eles podem, os trabalhadores não.

Ademais, como executar um "projeto de país" sem ter instrumentos de poder

Ou alguém acha que é possível implementar desenvolvimento, bem-estar social e soberania nacional, sem simultaneamente ampliar a democracia, sem fazer a classe trabalhadora ocupar mais espaços de poder??

Cá entre nós, o PT poderia ser acusado do contrário: de não lutar adequadamente por ocupar os "instrumentos de poder" que, desde 2003 e até hoje, continuam ocupados por representantes do grande empresariado e de partidos conservadores.

Vide a questão da democracia nas comunicações. O oligopólio da mídia vai de encontro aos preceitos da Constituição de 1988. E mesmo assim nossa presidenta peca por cautela, quando prefere falar em "regulação econômica" e não de "democratização da comunicação". 

A censura, a manipulação e a ditadura informativa neste país são praticadas todo santo dia pelos donos dos grandes jornais, revistas, rádios e tevês, que não aceitam nem democracia, nem regulação de nenhum tipo que limite sua "liberdade de empresa". 

Mas tudo isto é "pauta velha", ainda que com tempero novo: os adeptos do "espírito animal" estão em festa, com a ascensão de Marina nas pesquisas. E acham que o outro lado está em pânico e aterrorizado. Ou que vamos recorrer ao pânico e ao terror. Ou ambas as coisas, a depender como se leia o texto da divertida Kramer.

Vamos por parte. 

Não há motivo para ninguém do PT estar em pânico nem aterrorizado, pois desde 2012 já estava claro que as eleições de 2014 tendiam a ser disputadas no segundo turno (como 2002, 2006 e 2010); que este segundo turno seria mais "fácil" caso disputado contra o PSDB; e que seria mais "difícil" caso disputado contra uma candidatura que não fosse explicitamente tucana.

Claro que sempre há quem acredite em fadas, duendes e principalmente em anões. Aliás, estas pessoas também acreditavam que venceríamos no primeiro turno em 2006 e em 2010. E, naquelas duas eleições, só se deram conta de que haveria segundo turno no dia da apuração do primeiro turno. Hoje estamos melhor: mais de 40 dias antes, até o Dunga deve estar preparado para o segundo turno.

Quanto ao que deve ser feito para vencer, tampouco nada de novo, apenas o de sempre: debate político, polarização programática, mobilização social. Ou, noutras palavras, trata-se de tirar o tatu da toca.

Expliquemos: a oposição sabe que só ganharia as eleições presidenciais se conseguisse aparecer, para a maioria do eleitorado, como a portadora de mudanças. 

Acontece que existe uma contradição antagônica entre a mudança desejada pelo povo e a mudança desejada pela oposição.

A mudança desejada pela oposição implica em desemprego, redução de salários, menos direitos, menos políticas sociais e democracia: é uma mudança para pior.

Por isto, a oposição não pode assumir abertamente seu programa, não pode dizer que tipo de mudança deseja para o país. Dizer que vão gerar desemprego, reduzir salários e investimentos sociais seria a derrota antecipada.

Neste ponto, a oposição se bifurca, seguindo por caminhos diferentes mas chegando ao mesmo ponto. 

Aécio não pode falar do futuro que pretende construir, nem pode falar do seu próprio passado, quando ajudou a implementar no Brasil o programa neoliberal. Por isto se concentra em atacar "tudo isto que está aí", ou seja, o governo Dilma.

Marina também dedica-se a atacar Dilma. Entretanto, ao contrário de Aécio, ela exalta enfaticamente o governo FHC (no qual elogia a "estabilização") e o governo Lula (no qual elogia o "social"). Quanto ao que faria caso vencesse, isto fica envolto por uma blablação nebulosa que alguns chamam, inadequadamente, de "incógnita", quando na verdade ela não pode falar claramente do futuro simplesmente porque isto demonstraria a afinidade entre seu programa e o programa do PSDB.   

Tirar o tatu da toca é levar a oposição (tanto Aécio quanto Marina) a revelar o que pretende fazer. Na prática, trata-se de dizer o que nós fizemos e fazemos, mas principalmente o que faremos, chamando-os ao contraponto e desmascarando as afinidades neoliberais das duas candidaturas de oposição. 

Fizemos isto em 2006, no segundo turno. E Alckmin saiu menor do que entrou. No fundamental é o mesmo que temos que fazer agora, confirmando que nosso programa é que pode materializar a mudança e o futuro que a maioria do Brasil deseja.  

Mas para isto há três premissas. 

A primeira é não ter dúvidas sobre a natureza da candidatura Marina. Ela não é uma incógnita, nem tampouco uma "Lula de saias". Ela faz parte de um setor da esquerda brasileira que converteu o que poderia ter sido apenas necessidade (certas concessões ao neoliberalismo) em virtude (total adesão ao programa neoliberal).  

A segunda é não ter dúvidas sobre a postura do grande Capital. Este, que alguns chamam pela sigla de "PIB", vai apoiar qualquer um para derrotar o PT, mesmo que isto resulte num governo com tiradas de Jânio ou Collor.

A terceira é não ter medo de vencer. Medo de perder todo mundo tem (e é bom que se tenha). Mas medo de vencer é o que de pior pode haver, pois quem tem medo de vencer só sabe conciliar. E conciliar não fará o tatu sair da toca .

























quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Comentário complementar ao texto do Safatle

No comentário que fiz ao texto do Safatle (http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/08/comentario-sobre-texto-de-safatle.html), apontei que "a grande burguesia, ao longo de parte dos últimos doze anos, ganhou numa ponta (acréscimo do consumo, investimentos e subsídios estatais vinculados) mais do que perdia noutra (crescimento dos salários e do emprego formal, reduzindo uma das fontes do lucro)".

Mas que agora, "a maior parte da grande burguesia está decidida a tirar o PT da presidência da República, para com isso diminuir o "custo Brasil" via aumento do desemprego e redução de salários. Isto está vinculado a motivos nacionais e também internacionais".

A "virada" na posição da burguesia tem relação com a redução no crescimento.

Quando há crescimento, todos podem se beneficiar, ainda que alguns se beneficiem mais do que os outros.

Mas quando cresce, mas cresce pouco, a distribuição dos benefícios entre as diversas camadas do empresariado é mais fortemente afetada pela tendência à concentração (o pouco que cresce, corresponde a lucros que se concentram mais do que o normal, motivo pelo qual a pequena burguesia é mais prejudicada que a média, que é mais prejudicada que a grande, que é mais prejudicada que os oligopólios transnacionais, que ganham menos que o capital financeiro).

Sendo assim as coisas, então o topo da pirâmide capitalista deveria estar satisfeito. Mas como sabemos, é o mais insatisfeito. Motivo? Além de sua "natureza animal", digamos assim, é preciso considerar que eles buscam resultados no terreno internacional e neste terreno a pressão está terrível, devido a crise internacional e aos rearranjos decorrentes.

Logo, ainda que por razões relativamente distintas, o conjunto das frações que compõem a classe capitalista no Brasil quer uma mudança nos principais fundamentos da atual política econômica. A saber: querem ampliar o desemprego e reduzir os salários. Este é o ponto de acordo entre todos eles, ainda que possam brigar em torno de outros assuntos.

O "irônico" (entre aspas, pois está mais para trágico) é que os chamados setores médios (assalariados melhor aquinhoados, pequenos proprietários em geral) também estão querendo mudança neste terreno.

Não precisaria ser assim, mas é assim, principalmente porque, dada a natureza da política que aplicamos desde 2003, melhoramos a vida dos de baixo sem tocar na vida dos de cima, o que obviamente afeta a vida dos (e principalmente a percepção que têm da vida) chamados setores médios.

E o trágico (aí sem aspas) é que as camadas populares, os trabalhadores e trabalhadoras, também estão "moderadamente insatisfeitos", pois já estão sentindo os efeitos da reação dos capitalistas: "greve de investimentos" e "estímulo à inflação". O que reduz a capacidade de consumo e tende a "zerar" (do ponto de vista político) o efeito das políticas distributivas.

Qual seria (e continua sendo) a solução com maior impacto positivo para neutralizar esta equação perversa?

Do ponto de vista dos chamados setores médios, ampliar o alcance e melhorar a qualidade dos serviços públicos, por exemplo de saúde e educação, permitindo aos setores médios reduzir o que gastam para adquirir estes serviços no mercado; alterando sua percepção acerca do Estado; disputando sua visão de "felicidade através do mercado"; e integrando-os com a classe trabalhadora.

E do ponto de vista do grande capital, a solução está no trato dos oligopólios. que por seu tamanho conseguem impor preços de cartel à toda economia brasileira. O único jeito de fazer isto é recorrendo àquilo que Dilma disse, no debate entre candidatos na TV Bandeirantes, que deveria ser feito com o oligopólio da mídia. A saber: "regular". E regular inclui, entre outras coisas, não ter monopólio, quebrar os oligopólios.

No caso do setor financeiro, por exemplo, banco grande tem que ser nacional e público. Bancos médios e pequenos podem ser privados.

Infelizmente, nosso governo é pouco prático nestas questões. E nosso Partido é pouco enfático, digamos assim. Mas como sempre, a burguesia não nos falta e está vindo para cima. Quem não quiser ser atropelado terá que reagir.








As hienas exultam

Como já foi dito noutro lugar, para a oposição de direita, a morte de Eduardo Campos foi uma grande oportunidade.

Com a morte de Eduardo Campos e a escolha de Marina, a direita percebeu a possibilidade de resolver uma contradição expressa nas pesquisas até 13 de agosto: por um lado, um eleitorado desejoso de mudanças; por outro lado, a vitória de Dilma no primeiro turno.

Claro que não faltou a mão amiga do oligopólio da mídia, que manipulou eleitoralmente a cobertura do desastre aéreo e do velório de Eduardo Campos.

As pesquisas publicadas no dia 26 de agosto deixaram exultantes as hienas. 

Segundo tais pesquisas, Marina teria ultrapassado Aécio Neves e inclusive venceria Dilma no segundo turno.

Desde 2012 já estava claro, para quem analisasse com seriedade (ou seja, observando as classes sociais) o quadro político-eleitoral do Brasil, que as eleições de 2014 tendiam a ser disputadas no segundo turno (como 2002, 2006 e 2010); que este segundo turno seria mais "fácil" caso disputado contra o PSDB; e que seria mais "difícil" caso disputado por uma candidatura de "terceira via".

Vale dizer: "terceira via" entre muitas aspas. Pois não se deve confundir a polarização entre PT e PSDB, com a polarização entre projetos de país e blocos de classe.

Como está mais do que claro, Marina Silva é porta-voz de um projeto de país equivalente ao de Aécio Neves. Neste sentido, que é o que de fato interessa, ela não é terceira via. 

Marina Silva converteu-se ao neoliberalismo (apoio ao "tripé" e à independência do Banco Central) e converteu-se à política externa subalterna (vide a crítica que fez ao "chavismo do PT"). 

Aliás, quem prestar atenção às críticas que ela faz ao agronegócio, perceberá que sua ênfase hoje está em pedir "aumento da produtividade". Uma linguagem verde dólar.

Fosse apenas pelo conteúdo programático, Marina seria tão "fácil" de enfrentar quanto o PSDB. 

Acontece que sua candidatura não expressa, como Aécio, os setores que fizeram oposição desde 2003. A candidatura Marina foi produto de setores que em algum momento fizeram parte ou apoiaram os governos Lula e Dilma. 

Esta origem permite enganar os setores do eleitorado que não apoiam os tucanos, mas são críticos ao petismo. Que antigos militantes de esquerda, como o presidente do PSB Roberto Amaral, se prestem de escada para isto não muda a natureza dos fatos.

Além disso, Marina disputa com vantagem o eleitorado evangélico e, num aparente paradoxo, também o eleitorado crítico à política tradicional. O aparente paradoxo deve-se ao fato de que a crítica à "política tradicional", hoje e sempre, não vem apenas da esquerda.

Em resumo, as pesquisas divulgadas dia 26 de agosto apenas confirmam o que já se sabia possível e, também, confirmam o êxito da operação político-midiática iniciada dia 13 de agosto.

Portanto, se nada mudar, se o plano da oposição de direita tiver êxito, vai ter segundo turno e será contra Marina. 

O que seria o cenário eleitoralmente mais "difícil" para o PT, Lula e Dilma. E um desastre imenso para o PSDB aecista, que terá que fazer um grande esforço para desconstruir Marina.

O cenário eleitoral tornou-se, portanto, mais difícil do que aquele habitado por "anões" e por "vitórias no primeiro turno".

Mais difícil, mas nada surpreendente. Aliás, em 2006 e em 2010 também houve quem acreditasse que a eleição presidencial seria decidida no primeiro turno. Nos dois casos, a ficha destes crédulos só caiu durante a apuração. Desta vez, portanto, estamos com sorte: a ficha está caindo várias semanas antes.

Frente a possibilidade de segundo turno e frente a possibilidade de um segundo turno contra Marina, a solução é mais programa, mais disputa política, mais polarização, mais mobilização de nossa base social.

Um pequeno exemplo disto: a presidenta Dilma foi a única que, no debate realizado na TV Bandeirantes dia 26 de agosto, fez referência ao cenário internacional, à crise e aos Brics. Este é um bom caminho: politizar, ou seja, mostrar os grandes conflitos do nosso tempo e apontar por onde passa a defesa dos interesses da classe trabalhadora.

É preciso falar do passado e do presente, mas colocá-los em função do futuro. Deixar claro que mudanças vamos fazer, no segundo mandato. Falar do passado contra Aécio é muito importante, falar do passado contra Marina é arma secundária.

A ênfase no futuro, embora tenha sido oficialmente aceita, ainda não se traduziu adequadamente nas diretrizes programáticas, nos materiais de campanha, nem mesmo nos principais pronunciamentos da presidenta Dilma Rousseff.

Por isto, insistimos:

*no papel positivo e indispensável dos movimentos e das lutas sociais, para nossas vitórias eleitorais e principalmente para o êxito dos nossos governos;

*é preciso encampar urgente e efetivamente a “pauta da classe trabalhadora”, tal como apresentada pela CUT, inclusive o fim do fator previdenciário e a jornada de 40 horas;

*coerente com o que pensa e reafirmou no debate realizado na TV Bandeirantes dia 26 de agosto, a presidenta Dilma Rousseff deve convidar a população a votar no Plebiscito Popular. Aliás, a este respeito, é incrível que Dilma tenha sido a única a corajosamente defender o plebiscito como um dos instrumentos para a reforma;

*é preciso tomar medidas imediatas no sentido da democratização da comunicação e dar destaque a isto no programa de governo 2015-2018. Falar de "regulação econômica" não basta, nem impede os ataques da direita;

*é preciso abandonar o discurso equivocado que insiste em chamar de "classe média" os setores da classe trabalhadora que, graças às nossas políticas, ampliaram sua capacidade de consumo;

*é preciso enfatizar a defesa das reformas estruturais. Temas como a reforma política e e tributária devem ser ainda mais destacados.

Por fim: não devemos cair na esparrela de tentar carimbar a Marina como uma "incógnita" ou como "inexperiente".

Ela não é incógnita. Ela é, hoje, uma forte alternativa para o grande capital, especialmente financeiro.

Ela não é inexperiente. Ela se preparou habilmente para ser instrumento da direita neste momento, contra o PT. Aliás, seu giro à direita não começou em 2010, começou quando era senadora e ministra.

Por decorrência, devemos recusar o raciocínio extremamente perigoso dos que acreditam que o grande capital vai recusar a "imprevisibilidade" de Marina.

Quem acredita nesta fantasia, vai acabar caindo na armadilha de tentar derrotar Marina com argumentos de "direita". Entre outros, o de que nós seríamos mais "confiáveis", capazes por exemplo de fazer um ajuste fiscal em 2015 e coisas do gênero.

Adotar esta linha seria o caminho certo para uma tripla derrota: eleitoral, política e ideológica. 

O caminho para nossa vitória, contra Aécio & Marina, é outro: mobilização, militância, política, programa de esquerda, apontando para um segundo mandato superior, ou seja, que amplie a democracia, o bem-estar, a soberania, a integração e o desenvolvimento, em benefício da ampla maioria da população brasileira, que é trabalhadora. 

Agindo assim, derrotaremos mais uma vez o "espírito animal" das hienas. 

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Comentário sobre texto de Safatle

Uma das coisas mais interessantes nos textos do Safatle é que eles parecem explicar, parecem ser profundos, mas só parecem.

A questão é: por qual motivo o conservadorismo está presente e crescente em todas as partes (não apenas aqui no Brasil, não apenas na América Latina, mas também nos Estados Unidos, na Europa etc.)?

Responder a isto é fundamental.

Infelizmente, Safatle discorre sobre o tema de maneira "genérica". Releiam o texto, do segundo parágrafo até o fim, e digam se o escrito não continuaria válido e poderia ser dito em 1980, 1990 ou 2000.

O conservadorismo, por óbvio, é uma constante.

Seu crescimento mundial, nos últimos anos, têm causas conhecidas. Vou me focar no caso do Brasil.

A questão, para mim, é saber por qual motivo, de 2003 para cá, mais especialmente de 2006 para cá, mais visivelmente de 2010 para cá, o conservadorismo se tornou não apenas constante, mas crescente.

A resposta, acho eu, está nas classes.

O relativo equilíbrio de forças gerou, entre 2003 e 2014, governos que adotaram políticas melhoristas.

Um dos resultados mais visíveis e comentados destas políticas foi a ampliação da capacidade de consumo de milhões de pessoas, aquilo que nossa presidente insiste em chamar de "ampliação da classe média".

Qual o impacto disto na consciência coletiva de milhões de brasileiros e brasileiras?

Em parte importante daqueles que já tinham capacidade de consumo, houve um comportamento reacionário, reação à perda de status.

Em parte importante dos que ganharam capacidade de consumo, cresceu o individualismo (teologia da prosperidade e coisas do gênero), vinculado ao ganho de status.

A grande burguesia, por sua vez, oscilou.

A grande burguesia não foi afetada em seu status. Por isto, aliás, não é difícil encontrar grandes capitalistas que ironizam o reacionarismo da "classe média tradicional".

A grande burguesia, ao longo de parte dos últimos doze anos, ganhou numa ponta (acréscimo do consumo, investimentos e subsídios estatais vinculados) mais do que perdia noutra (crescimento dos salários e do emprego formal, reduzindo uma das fontes do lucro).

Mas agora, neste ano de Deus de 2014, a equação virou. E a maior parte da grande burguesia está decidida a tirar o PT da presidência da República, para com isso diminuir o "custo Brasil" via aumento do desemprego e redução de salários. Isto está vinculado a motivos nacionais e também internacionais.

Para atingir este objetivo, para tirar o PT da presidência, qual a cunha? Como reduzir e dividir o eleitorado popular que vota no PT, Lula e Dilma?

Falar de política? De programa? De planos concretos de governo? Neste terreno, as direitas enfrentam muita dificuldade.

Por isto, cada vez mais optaram por levar o debate para os "valores", para a disputa ideológica. Onde contam a seu favor com a inércia do conservadorismo, mais o conservadorismo reacionário das "classes médias tradicionais", mais o neoconservadorismo dos setores da classe trabalhadora que ampliaram agora sua capacidade de consumo.

A massa da classe trabalhadora evolui politicamente mais rápido do que ideologicamente.

Por isto, na massa dos eleitores de PT, Lula e Dilma, temos progressismo na política e conservadorismo na cultura. Para a direita, é útil pautar o debate neste terreno, da corrupção, da religião, dos valores, dos direitos das mulheres, dos direitos dos homossexuais etc e tal.

A direita encontra terreno especialmente fértil, já que os governos Lula e Dilma fizeram pouca luta político-cultural, não investiram pesado em comunicação democrática, educação libertadora e cultura popular. Claro que se tivessem feito isto, não mereciam ser chamados de melhoristas.

Acho que é nestes termos concretos que o tema deve ser tratado. A abordagem do Safatle não é erudição, é decorrência da dificuldade de tomar partido nas eleições presidenciais.


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VLADIMIR SAFATLE

Bem-vindo ao século 19

Em sua coluna desta segunda-feira (25), Gregorio Duvivier levantou um tema de grande relevância a respeito dos embates eleitorais brasileiros, a saber, o conservadorismo das pautas ligadas a costumes. A seguir as declarações ou o silêncio covarde da maioria de nossos políticos, tem-se a impressão de habitarmos o século 19. Mesmo comparado a seus vizinhos, como Uruguai e Argentina, o Brasil parece em vias de se transformar em um país exemplar no quesito arcaísmos sociais.

Isto não deveria nos impressionar. Um dos espaços fundamentais de atuação do poder é o aparato jurídico que regula os corpos, desejos e sexualidade de seus cidadãos.

Como nos lembram filósofos como Michel Foucault (1926-1984) e Judith Butler, 58, trata-se de decidir que tipos de vidas podem ser vividas, como elas devem ser vividas e quais, ao contrário, serão excluídas como inumanas, "não-naturais", aberrantes.

Por exemplo, quais serão as formas de vida afetiva garantidas pelo direito e quais serão aquelas que o direito não reconhecerá, tratando-as como juridicamente inexistentes. Quais serão as substâncias que posso aplicar a meu corpo, ingerir, tragar e quais serão as que não posso. Que roupa posso usar, quem decide sobre o que se passa no corpo de uma mulher.

A possibilidade de viver de outra forma (e mesmo de morrer de outra forma como, por exemplo, por decisão própria) é vista por alguns como a pior de todas as afrontas, a mais perigosa das sedições políticas. Por isso, uma questão política central diz respeito à visibilidade desta plasticidade própria à vida social.

Uma das formas de coibir tal visibilidade consiste em criar um regime peculiar de permissividade no interior do qual a distinção entre o permitido e o proibido funcionará de maneira flexível.

Por exemplo, um país autoritário não é necessariamente aquele que impede seus cidadãos de fazerem certas práticas. Todos nós sabemos que o aborto é legal no Brasil. Todo mundo conhece o endereço de uma clínica de aborto, inclusive a polícia, e se a filha adolescente do deputado conservador engravidar sem querer ele será o primeiro a aparecer por lá. O que é proibido no Brasil é reconhecer tal prática. Proibido é dar visibilidade, é quebrar o discurso consensual, ao menos na classe política. Assim, o autoritarismo encontra-se no fato de aceitarmos a lógica do: "pouco importa o que você realmente faz, desde que você continue a falar e dar a impressão de agir como quem defende nossos valores'".

Desta forma, o Brasil conseguiu protagonizar o espetáculo deprimente de uma política que não produz mudanças, mas repete compulsivamente os arcaísmos de sua sociedade.

VLADIMIR SAFATLE escreve às terças-feiras nesta coluna.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Roteiro palestra & curso em Santa Maria

20, 21 e 22 de agosto

Quarta-feira, dia 20
19h00 As eleições de 2014

I.Contexto histórico

-sétima eleição desde o final da ditadura: 89, 94, 98, 2002, 2006, 2010, 2014

-entre a ditadura Vargas e a ditadura militar houve apenas 4 eleições presidenciais: 45 (Dutra), 50 (Vargas), 55 (JK) e 60 (Janio). O que seria a quinta eleição foi cancelada pela ditadura

-o mais longo período de democracia eleitoral ininterrupta

-o que acentua as contradições típicas da democracia burguesa: "mais títulos que carteiras de trabalho"; voto de quem não é proprietário; cresce o voto na esquerda; burguesia reage acentuando os mecanismos corretivos

(há aqui um importante debate sobre o Estado, sobre o Estado ampliado, sobre o Estado e os processos eleitorais, sobre os limites da democracia burguesa, sobre a democracia burguesa no Brasil, sobre o máximo que se pode conseguir de mudanças através de processos eleitorais)

II

-das 6 eleições realizadas desde o final da ditadura, 3 foram vencidas pelos neoliberais, 3 foram vencidas por nós

-há um debate sobre a natureza dos governos encabeçados por Lula e Dilma

-talvez observando o contexto histórico, fique mais claro

-o país em 1964: reformas, revolução e golpe

-o desenvolvimento capitalista impulsionado pela ditadura: modernização conservadora

-de forma geral, desenvolvimentismo conservador (versus progressista, tendo esquerda socialista linha auxiliar)

-crise do desenvolvimentismo conservador e crise da ditadura militar, década dos 80, perdida no econômico, ganho na organização política, burguesia dividida, choque entre projetos

-primeiro roud: o Congresso Constituinte (desenvolvimentismo "progressista", pouco para a esquerda, demasiado para os conservadores) 

-segundo round: 21 candidaturas presidenciais (!!!), segundo turno entre extremos (Collor foi de 20 a35/Lula foi de 11 a 31)

-o que fizeram Collor e FHC: desmantelaram os preceitos progressistas contidos na Constituição

-o que nós fizemos: implementamos os preceitos progressistas contidos na Constituição (ou seja, ficamos no limite do desenvolvimentismo progressista)

-a que resultado chegamos: insatisfação para nós, (para usar o termo de Sarney) "ingovernabilidade" para eles

-ou seja: voltamos a dilemas que marcaram os anos 80

-o problema: eles não tem coragem de dizer o que querem (motivo)

-o outro problema: o que nós queremos não dá conta do problema
(o exemplo do país de classe média versus a postura do grande capital)

III

Qual o cenário eleitoral, do ponto de vista das classes  sociais?

-o grande capital (como se comportou em 2002, 2006, 2010 e agora)

-a pequena burguesia (como se comportou a partir de 2006)

-os trabalhadores (a classe tradicional e as novas frações da classe)

Resultado:

-primeiro, uma disputa duríssima

-segundo, uma disputa que tende a ser mais dura no ideológico do que no político

-terceiro, um sentimento de mudança

-quarto, uma incapacidade da direita capitalizar a mudança
(até o acidente que matou Eduardo Campos)

IV

A conjuntura

A entrada em cena da Marina é visto pela direita como uma grande 
oportunidade de resolver o problema, o paradoxo das pesquisas

O significado programático de Marina

Por isto não subestimar.

V

Que aconteceria se Aécio ganhasse.

Que aconteceria se Marina ganhasse.

Que acontecerá quando ganharmos?

Nosso problema é que não basta ganhar.

Nosso problema é ganhar e fazer um segundo mandato superior.

"De boca", este objetivo está incorporado.

Mas o que significa fazer um segundo mandato superior?

-reforma política
-lei da mídia democrática
-cultura latu sensu
-politização, organização, mobilização
-papel do Estado
-setor financeiro
-novo ciclo de desenvolvimento controlado pelo setor público

-ampliação do consumo público
-as reformas estruturais

Anexos

1.Quadro da disputa presidencial de 2014: eleitores, candidaturas, programas
2.esquerda petista 1 (matéria Eduardo Loureiro)
3.ficha de cada uma das candidaturas inscritas
4.número total de eleitores
5.Eleições presidenciais até 1964
6.Eleições presidenciais a partir de 1989


Quinta-feira, dia 21
8h30-12h00 & 14hh00-18h00

Eleições 2014, vias de desenvolvimento capitalista e luta pelo socialismo no Brasil

1.Retomar o que foi trabalhado na palestra da noite anterior
2.Projetos x vias de desenvolvimento
3.Desenvolvimento capitalista e socialismo
3.Vias de desenvolvimento conservadora versus democrática
4.Via de desenvolvimento capitalista versus socialismo
5.Estratégia de luta pelo socialismo
6.O debate estratégico no Brasil (até 1980)
7.O debate estratégico no Brasil (até 1990)
8.O debate estratégico entre 1990 e 2002
9.O debate estratégico a partir de 2003
10.O debate estratégico hoje
11.O contexto internacional

19h00-21h00
O que a luta pelo socialismo no século XXI tem a aprender com a luta pelo socialismo no século XIX e XX?
1) surgimento e desenvolvimento do capitalismo;
2) como a luta de classes no capitalismo cria as condições objetivas e subjetivas para uma sociedade baseada na propriedade social dos meios de produção (e como, ao mesmo tempo, cria as condições para a continuidade do capitalismo e também para a "destruição das partes em luta");
3) a diferença entre transição socialista e modo de produção comunista;
4) a luta pelo socialismo, as reformas no capitalismo e as revoluções socialistas;
5) as revoluções burguesas de 1789 a 1848, as várias correntes socialistas e o surgimento do marxismo;
6) a Comuna de Paris e o surgimento da social-democracia;
7) as revoluções russa de 1905 e 1917, o "imperialismo", a primeira guerra mundial,  e o surgimento do comunismo;
8) as derrotas da revolução na Europa, a crise de 1929, a guerra civil espanhola e o surgimento das "dissidências comunistas" (esquerdismo, luxemburguismo, Trotsky, Gramsci);
9) segunda guerra mundial, regimes "democrático-populares" no Leste Europeu, as vitórias da revolução chinesa de 1949 (Vietnã, Coréia) e da revolução cubana de 1959: os "diferentes caminhos" para o socialismo;
10) o Estado de bem-estar social na Europa, a social-democracia (em sua versão "oficial" e em sua versão de esquerda), vis a vis o que acontece na periferia (imperialismo colonial, imperialismo capitalista);
11) nos Estados Unidos...
12) a crise dos 1970, a reação dos EUA e o impacto sobre os demais;
13) a derrota das guerrilhas, da experiência da Unidade Popular chilena, da social-democracia e do socialismo soviético: a explosão do movimento comunista, a virada neoliberal da social-democracia, os impasses do nacionalismo e do desenvolvimentismo;
14) o imperialismo capitalista moderno, a crise do neoliberalismo, avanços e dificuldades do movimento socialista


Sexta-feira, dia 22 
8:30h-16h00: Cartografia da esquerda brasileira: as diferenças estratégicas, programáticas e ideológicas na esquerda brasileira
1)leitura da EP 1 e 2 (cartografias do Leandro)
2)o programa
3)as estratégias
4)as concepções de partido
5)as táticas
6)a base social

Tarde: período para leituras 
Noite: livre ou continuação do curso