Na polêmica com Mauro Iasi e com outros porta-vozes da
oposição de esquerda, escolhi não priorizar a demonstração de que uma eventual derrota de Dilma nas eleições
presidenciais de 2014 resultaria em imensos danos para a classe trabalhadora e para
toda a esquerda brasileira.
No lugar disso, priorizei tentar demonstrar que nossos inimigos de classe querem derrotar o
PT e impedir a reeleição de Dilma.
O motivo desta escolha: a maior parte da oposição de
esquerda parece tão focada nos digamos “defeitos” (reais ou não) do governo
Dilma, que não considera adequadamente as
ações do nosso inimigo de classe.
Por conta disto, esta parcela da oposição de esquerda acaba se
convertendo em linha auxiliar da oposição
de direita.
É necessário lançar luz sobre as opções do imperialismo, do
grande capital, dos setores médios (ver PS1), da direita e do oligopólio da
mídia, para enfrentar o principal limite teórico do esquerdismo e também da
direita do PT: não fazer análise
concreta da situação concreta.
Estes limites ficam evidentes nos dois textos de Jones
Makaveli (ver PS2).
Exemplo: Makaveli reconhece que o governo do PT as
vezes [se coloca] contra a política externa do EUA, mas não reflete
sobre o que o imperialismo anda fazendo,
pelo mundo afora, com governos que “as vezes” se colocam contra a política
externo dos EUA.
No geral, Makaveli insiste em “provar” algo que não está em
discussão, a saber: que o governo Lula antes e o governo Dilma agora adotaram
medidas que, em maior ou menor medida, beneficiaram setores do Capital.
Mas, em ambos textos, o autor não diz nada que desminta minha
tese sobre o que está em discussão, a saber: nossos inimigos de classe querem derrotar o governo Dilma e o PT!!
Aliás, lendo seus dois textos, confirma-se que Jonas Makaveli pensa de maneira similar a um
setor da direita do PT.
Este setor apoia todo tipo de concessão e tem a expectativa
de que o Capital vai corresponder. Já Makaveli acha que, devido às concessões
feitas pelo governo Lula/Dilma, o Capital efetivamente corresponde.
Acontece que nos dois textos citados (para não falar da
realidade), não se encontra um único argumento que comprove esta
correspondência (ver PS3).
Pelo contrário, o próprio Makaveli diz que: desde
2008 o número de greves não para de crescer, os protestos de rua são cada vez
mais frequentes e o clima de insatisfação política é ascendente. Nessa situação
é mais que normal que parte das classes empresariais e quadros da direita
procurem articular alternativas ao PT. O PT é gestor da ordem. Enquanto tal só
será “amado” pela burguesia enquanto sua gestão for bem. Ela parece ir cada vez
pior.
Quem se der ao trabalho de desenvolver esta linha de
raciocínio vai acabar chegando, ainda que por um caminho torto, à conclusão de que
estamos numa conjuntura em que o grande Capital
está em rota de colisão com o PT e com o governo Dilma.
Se isto é verdade, repito a pergunta: num segundo turno das eleições presidenciais de 2014, numa disputa
entre Dilma (ver PS4) e a candidatura da direita, a "oposição de
esquerda" fará o quê?
Makaveli dá meia resposta para esta pergunta, quando afirma ser
falso
afirmar que teríamos um retrocesso caso o PT perca as eleições
presidenciais.
Makaveli também afirma que num eventual segundo turno entre
PT e PSDB teremos uma disputa entre dois projetos políticos de direita
pró-capital e antipopular; com diferenças pontuais. A grande questão é saber
quem será o mais agressivo contra as forças populares.
Esta linha de argumentação, salvo engano, conduz ao voto em
branco, ao voto nulo, ao tanto faz como tanto fez. Aliás, já sabemos o que fizeram
Heloísa Helena e Plínio de Arruda Sampaio, no segundo turno das eleições presidenciais
de 2006 e 2010, respectivamente.
Acontece que agora estamos num momento de ofensiva da
direita. Talvez por isto Makaveli, embora garanta que as “diferenças” entre PT
e PSDB são “pontuais”, fique o tempo todo falando da direita apocalíptica e da
besta do sétimo livro.
Que fique registrado: quem trouxe a besta apocalíptica para esta discussão não fui eu. Minhas figuras
de linguagem aprendi noutros livros.
Valter Pomar
PS1. Também para que não me acusem de omissão: é óbvio que
eu não estou “imputando conservadorismo aos setores médios em bloco”. Da mesma
forma, não acho que 100% do grande Capital esteja contra o PT, como também não acho
que 100% da direita está contra o PT, como também não acho que 100% da oposição
de esquerda esteja perdida.
PS2. O primeiro texto de Makaveli: http://www.diarioliberdade.org/brasil/batalha-de-ideias/49358-sobre-a-lenda-de-que-a-classe-dominante-e-o-imperialismo-s%C3%A3o-oposi%C3%A7%C3%A3o-ao-pt.html
E o segundo texto: http://makaveliteorizando.blogspot.com.br/2014/06/debatecom-valter-pomar-minha-treplica.html
PS3. Para que não me acusem de “omissão”, simplesmente não
procede a tese segundo a qual o PT
recebe mais doações do que os outros partidos, logo ele é o partido preferido
do Capital. Não procede por uma razão bem simples: as doações feitas pelo
grande Capital aos seus partidos e candidaturas não são apenas as registradas oficialmente.
Isto sem falar de outros mecanismos pelos quais o grande capital apoia seus partidos
e candidaturas.
PS4. Igualmente para que não me acusem de omissão: devemos votar
em Dilma porque estamos melhor hoje do que estávamos sob os governos
neoliberais, estamos melhor do que estaríamos se Serra ou Alckmin tivessem
vencido as últimas eleições, e também porque a classe trabalhadora terá melhores
condições para avançar sob um governo Dilma do que sob um governo Aécio ou
Campos.
Opa, gostei, começou a chamar de besta! Ou é Dilma ou o fascismo, né Pomar. Mas o fascismo vcs tratam com pão de ló, divide o estado com vcs, é o PSDB. Já para oposição de esquerda, Lei de Segurança Nacional! Me explique isso, então!
ResponderExcluirPrezado, a frase "ou é Dilma ou o fascismo" é de sua autoria, não minha. Sobre a LSN, não sei do que voce está falando. O PSDB é nosso inimigo. Por fim, os governos do PT precisam ser duros com a direita fascista, com o oligopólio da mídia etc.
ExcluirVamos ao centro, por exemplo, um dos maiores intelectuais marxistas, o José Paulo Netto, do PCB, defendeu publicamente voto em Dilma no segundo turno, então, vejo muita ingenuidade na base, muita reprodução de pensamento e reducionismo, tipico das influências stalinistas da falta de criatividade no pensamento.
ResponderExcluirVide: http://www.youtube.com/watch?v=wGDnqWeck0A
kkk, sobre LSN, não sabe sobre o que estou falando? Procure no gugol, Orientação! Shellen, José Paulo Netto é trotsquista e já foi do PPS. Eu li dele O Que é o Stalinismo e vi isso q vc diz: ingenuidade, reprodução de pensamento e reducionismo. Ou picaretagem propriamente dita. Ele escreve um livro sobre Stálin sem consultar nem um livro dele.
ExcluirPrezado, saia do universo paralelo e venha para o nosso. Deste lado, José Paulo Neto é um militante comunista histórico. Do seu lado, é trotsquista. Aliás, no nosso lado, qual é a sua graça?
ExcluirLeia lá no meu blog, Orientação. Veja tb esse texto: vou dar um pouco de orientação à orientação. vhttp://comunidadestalin.blogspot.com.br/2011/12/o-que-e-o-stalinismo.html
ExcluirShellen, CHAMEMOS O BOICOTE, FORA TODOS, ABAIXO A FARSA ELEITORAL, VOTE NULO!!!!
ResponderExcluirPrezado, no debate prezo pelo respeito, não fiz deboche. Primeiro, pouco me importa se o Zé é ou não trostquista, isso não reduz sua imagem pública e sua ampla contribuição a história das ideias nesse país. Já li esse livro que você citou, um livrinho bom, um Bê a bá, para iniciante, mas válido. Sugiro que você leia, sobre Blanqui, das conspirações de 30, já que você está assim tão radical. Mas, se quiseres mesmo ir para o debate, leia outros livros, vá além do dogmatismo e da visão de mundo, vá além, faça o que Marx, Gramsci, Lenin e tantos revolucionários fizeram. ódio de teclado não muda o país, tão pouco tem força de argumentação com a humanidade, pois essa, em ser genérico, é a a medida da teoria e a ação né? Né por isso que estamos aqui? ou estamos brincando de ser revoltado? Abraços!
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